Saúde

Entenda por que algumas dores continuam após cuidado médico

Muitas vezes o especialista foca principalmente na dor e não no que a está provocando

Foto: Andrea Piacquadio/Pexels/Creative Commons
Apenas cerca de 15% das dores realmente apresentam a causa do problema na parte dolorida

A falta de conhecimento sobre terapias integrativas, como osteopatia, quiropraxia e acupuntura, é o maior entrave para solucionar algum desequilíbrio no organismo, manifestado através da dor.

O Ph.D. em neuroanatomia e fisioterapeuta Mario Sabha explica que muitas vezes a resposta para as dores não está no local onde o desconforto se manifesta. “Dos casos que atendo, apenas cerca de 15% das dores realmente apresentam a causa do problema na parte dolorida, outras 85% estão em outras regiões. Para se ter uma ideia, uma entorse no tornozelo pode gerar dor lombar ou dores nos ombros”, exemplifica.

Nosso organismo está todo interligado. “O nosso sistema nervoso, que compreende órgãos como o cérebro e a medula espinhal, é o gerenciador de todos os sistemas que compõem o nosso organismo. Ele se comunica com todos os outros. Por exemplo, quando começamos a correr, ele ‘informa’ o sistema circulatório que precisamos de mais oxigênio, daí o coração passar a bombear mais sangue.” 

O mesmo acontece quando há um desconforto em alguma parte do nosso corpo. “O sistema nervoso envia a sensação de dor em alguma região, afetando outros sistemas interligados para nos alertar de que a integridade do organismo está sendo afetada e uma atitude precisa ser tomada”, completa o fisioterapeuta.

O Ph.D. explica que, por vezes, exames não identificam a origem do problema, pois é necessária uma análise completa e não apenas da região dolorida. “Nenhum sistema de nosso corpo trabalha sozinho, então não podemos avaliar as causas de uma dor visualizando somente uma região”, afirma. “Já atendi um médico especialista em gastroenterologia que estava com dores do início do pescoço até o meio das costas, e a causa do seu problema estava bem no esôfago e no estômago, que são órgãos interligados aos nervos desta região através da coluna vertebral”, cita.

Uma análise do corpo como um todo, incluindo a mente e as causas emocionais, permite identificar de forma mais rápida o desequilíbrio que se manifesta na forma de dor e incômodo. “Até mesmo os problemas emocionais podem prejudicar o nosso corpo, causando dores. Não basta enxergar o paciente como uma única parte. Se todo o corpo e os órgãos são integrados, precisamos de uma solução ou de algum método que considere tanto parte física como emocional, metabólica e energética”, diz o especialista.

Segundo Sabha, isso é fundamental porque, caso a dor física tenha origem emocional, por exemplo, a causa não vai aparecer nos seus exames.

A melhor solução para as dores persistentes é buscar um tratamento que seja integral e trabalhe com diversas possibilidades através de uma metodologia específica que pode se utilizar de técnicas como manipulações específicas na coluna vertebral, acupuntura, quiropraxia e osteopatia até terapias metafísicas.

 “Precisamos enxergar todas as conexões e inter-relações que existem no nosso corpo, somente assim conseguiremos a intercomunicação adequada entre os sistemas para melhorar uma dor persistente, fazendo o corpo encontrar seu próprio equilíbrio. Desta forma, o paciente evita o excesso de medicação e tratamentos sem efeito. Antes de qualquer coisa, a busca de ajuda profissional especializada no tratamento sistêmico e integrado deve ser sempre a primeira opção”, finaliza.

Em 1994, a Associação Internacional para o Estudo da Dor (IASP) classificou a dor de acordo com características específicas:

-- Região do corpo envolvido (por exemplo, abdômen, membros inferiores)

-- Sistema cuja disfunção pode estar causando a dor (por exemplo, nervoso, gastrointestinal)

-- Duração e padrão de ocorrência

-- Intensidade e tempo desde o início

-- Causa

No entanto, este sistema foi criticado por Clifford J. Woolf e outros, como inadequados para orientar pesquisa e tratamento. Woolf sugere três tipos de dor:

1. Dor nociceptiva.

2. Dor inflamatória que está associada ao dano tecidual e à infiltração de células imunes.

3. Dor patológica que é um estado de doença causada por danos ao sistema nervoso ou por sua função anormal (por exemplo, fibromialgia, neuropatia periférica, dor de cabeça tipo tensão, etc.).

A dor geralmente é transitória, durando apenas até que o estímulo nocivo seja removido ou o dano subjugado ou a patologia tenha cicatrizado, mas algumas condições dolorosas, como artrite reumatóide, neuropatia periférica, câncer e dor idiopática, podem persistir por anos.

A dor que dura muito tempo é chamada de crônica ou persistente, e a dor que resolve rapidamente é chamada de aguda.

Tradicionalmente, a distinção entre dor aguda e crônica baseou-se em um intervalo arbitrário de tempo desde o início; os dois marcadores mais comumente usados foram 3 meses e 6 meses desde o início da dor, embora alguns teóricos e pesquisadores tenham colocado a transição da dor aguda para a dor crônica aos 12 meses.

Outros aplicam aguda a dor que dura menos de 30 dias, é crônica a dor com mais de seis meses de duração e subaguda a dor que dura de um a seis meses. 

Uma definição alternativa popular de dor crônica, não envolvendo durações arbitrariamente fixas, é "dor que se estende além do período esperado de cura". A dor crônica pode ser classificada como dor de câncer ou também como benigna.

A dor fantasma é a dor sentida em uma parte do corpo perdida ou a partir da qual o cérebro já não recebe sinais. É um tipo de dor neuropática. A dor do membro fantasma é uma experiência comum de amputados.

A prevalência de dor fantasma nos amputados dos membros superiores é de quase 82%, e nos amputados dos membros inferiores é de 54%.

Um estudo descobriu que oito dias após a amputação, 72% dos pacientes apresentavam dor fantasma e seis meses depois, 67% relataram isso.

Alguns amputados experimentam dor contínua que varia em intensidade ou qualidade; outros experimentam vários ataques por dia, ou podem ocorrer apenas uma vez por semana ou duas. Muitas vezes é descrito como tiroteio, esmagamento, queima ou cólicas. Se a dor é contínua por um longo período, partes do corpo intacto podem tornar-se sensibilizadas, de modo que tocá-las evoca dor no membro fantasma.