Artes Visuais

Residência Artística Vila Sul do Goethe-Institut recebe quatro mulheres

Jade Maria Zimbra, Juliana dos Santos, Kika Carvalho e Malu Avelar participam da temporada que se inicia em novembro

Foto: Gabriela Monteiro
Artes Visuais
Malu Avelar

Quatro mulheres brasileiras são convidadas para a mais nova temporada do Programa de Residência Artística Vila Sul Goethe-Institut Salvador-Bahia. Indicadas por uma curadoria especial que buscou compor um grupo diverso e representativo, elas vêm à capital baiana para articular trocas e experiências artísticas, e também para participar do evento “UNIDAS: Mulheres em Diálogo”, que acontecerá de 25 a 28 de novembro.

Estarão presentes a multiartista Jade Maria Zimbra (RJ), a artista visual Juliana dos Santos (SP), a artista visual e educadora social Kika Carvalho (ES) e a coreógrafa Malu Avelar (MG).

A curadoria desta seleção foi composta pela curadora, diretora criativa, pesquisadora e designer Diane Lima; pela curadora e pesquisadora Keyna Eleison, diretora artística do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM Rio); e pelo curador e artista visual Tiago Sant’Ana.

Oficialmente inaugurada em novembro de 2016, a Vila Sul é a terceira residência artística no âmbito geral das 159 unidades do Goethe-Institut existentes no planeta, e primeira e única da rede no “sul global”, abaixo da Linha do Equador.

A sua proposta é fortalecer interlocuções entre o Brasil e demais países do hemisfério Sul a partir da presença de artistas de todo o mundo, genuinamente interessados em perspectivas sociopolíticas e culturais desta metade do planeta. Entre 2016 e 2020, 98 artistas e agentes culturais já experimentaram esta oportunidade.

Minibios

Jade Maria Zimbra, de São Gonçalo (RJ), aqui está taróloga-feiticeira-poeta. A artista escava traços perdidos dentro e fora do tempo ocidental, investigando antídotos para os venenos coloniais espalhados através de mente-corpo-espírito. Atravessando as linguagens que permeiam e guiam sua espiritualidade, usa as mãos e as vozes para tecer anúncios que advêm de investigações em terras secas e abissais, onde as oráculas são ferramentas mágicas de manifestação e cura.

De São Paulo (SP), Juliana dos Santos é mestre em Arte/Educação e doutoranda em Artes pelo Instituto de Artes da Universidade Estadual Paulista (Unesp), onde faz parte da Coordenação da Comissão de Direitos Humanos e do Núcleo de Pesquisadores Negros da Unesp (Nupe-IA). Sua pesquisa em arte/educação e rupturas dos paradigmas hegemônicos tem como foco a descolonização das práticas educativas. Nos últimos anos, vem realizando exposições, cursos, oficinas, palestras, atividades de formação docente e consultorias em diversas instituições nacionais e internacionais.

Atuou como professora convidada no programa de pós-graduação em História da Arte da Faculdade de Belas Artes e atualmente está como professora substituta no Instituto de Artes da Unesp. Vem realizando trabalhos em vídeo, pintura, performance, fotografia e multimídia, e tem investigado a cor azul da flor Clitória Ternátea como possibilidade da cor como experiência sensível no processo de expansão dos sentidos.

Sua pesquisa se dá na intersecção entre arte, história e educação, com interesse pela maneira como artistas negrxs se engajaram em práticas para lidar com os limites da representação. Realizou a primeira individual em 2018, como artista/docente convidada na residência artística da Academia de Belas Artes de Viena. Sua primeira solo nacional foi pela Temporada de Projetos do Paço das Artes em 2019. Foi premiada em terceiro lugar no 16º Salão de Artes Visuais de Ubatuba. Esse ano, foi selecionada na 12ª Abre-Alas d’A Gentil Carioca Galeria (RJ). Ainda este ano, participou da 12ª edição da Bienal do Mercosul e está integrando o time da Trienal de Artes do Sesc Sorocaba (2020/2021).

Natural de Vitória (ES), Kika Carvalho é graduada em Artes Visuais – Licenciatura pela Universidade Federal do Espírito Santo (UFES). Utiliza diferentes técnicas e escalas para explorar sua constante busca por memórias individuais e coletivas, a fim de ressignificar narrativas hegemônicas. É também arte-educadora, atuando em projetos que se alinhem às suas práticas artísticas.

Malu Avelar nasceu na cidade histórica de Sabará (MG) e iniciou sua formação artística em Belo Horizonte, no Centro de Formação Artística do Palácio das Artes (CEFAR) e no Grupo Jovem Compasso. Trabalhou em conjunto com muitos importantes coreógrafos brasileiros, dentre eles Morena Nascimento, Mário Nascimento, Patricia Avellar, Tindaro Silvano, Gal Martins, Firmino Pitanga, Mário Lopes e Luciane Ramos.

Atualmente, desenvolve o seu trabalho artístico na cidade de São Paulo, com parcerias e projetos independentes. Seus últimos trabalhos foram desenvolvidos através de sua pesquisa corporal “Corpo Negro: Tensão e Urgência”, colaborando com o projeto “RÉS”, da Corpórea Companhia de Corpos, premiado pelo edital “RUMOS” e tendo como destaque o clipe da Elza Soares, “O que se cala”, o qual coreografou. No ano de 2019, participou da residência PlusAfroT na Villa Waldberta (Munique), iniciando e aprofundando duas pesquisas: uma performance em dança chamada “1300° – Qual é a saúde de um vulcão?” e a “Sauna Lésbica”, uma obra relacional instalativa que teve a sua primeira edição no segundo programa de residência artística do Festival Internacional Valongo (Santos/2019). A cerne da pesquisa da artista parte do aterramento desse corpo dissidente que vive em constante estado de alerta e tem uma urgência pelo movimento que circula em um mistério que vem de dentro e transborda para além dos discursos que o cristaliza.