Gastronomia

Cachaça faz parte da identidade cultural brasileira

O sétimo episódio do 'Cozinhando com Cachaça' enfatiza a culinária nordestina

Foto: César França
Gastronomia
A cachaça agrega valor à cultura nordestina

Engana-se quem pensa que conhaque e vinho são as bebidas ideais para serem utilizadas na Gastronomia brasileira. Com todo o respeito, por que devemos somente utilizá-los na flambagem se temos a nossa cachaça, que é uma bebida genuinamente brasileira e também dá excelentes resultados na culinária? Caro leitor, já esclareço que esse é o questionamento do projeto “Cozinhando com Cachaça”. Esse encontro está marcado para amanhã (18.07) às 15h30 no Instagram @quitandadobaianinho com a participação da chef Emanuele Nascimento e do bartender André Ruvenal.

A protagonista dessa viagem sinestésica será a cachaça paraibana Nobre, que será utilizada na elaboração dos pratos e dos drinks. Nessa edição, o público acompanhará a produção da entrada, que será a ostra confitada com molho pesto e gel de caipirinha. “Para o primeiro prato, selecionei a cachaça Nobre versão branca, pois tem personalidade e sabor, o que dá um resultado de uma caipirinha extremamente saborosa. Essa concepção do prato deriva do nosso hábito de consumir a ostra na praia com azeite ou com pimenta ou com limão. Ele brinca com isso”, relata Emanuele.

Quanto ao prato principal, a chef revela que será carne de fumeiro com baião de dois, aligot de aipim e redução da pimenta-de-cheiro verde. “A escolha desse prato mantém a estrutura do primeiro no sentido de eu continuar utilizando elementos nordestinos presentes, só que nesse caso utilizarei a versão envelhecida da cachaça Nobre. A ideia foi utilizar as duas versões dela em momentos diferentes. E a carne de fumeiro com aquele leve defumado casou perfeitamente com a cachaça envelhecida. Logo, deu uma potencializada na carne sem esquecer que confere textura”, explica.

A escolha dos pratos baseou-se na simplicidade da receita e no fácil acesso a todos os ingredientes. “Pensei em algo que fosse ser reproduzido sem grandes dificuldades, sem problemas para quem vai assistir à live, com ingredientes familiares e que são encontrados facilmente nos mercados”, justifica.

Quem dará o toque final nessa aventura gastronômica serão os drinks de tangerina e de banana para diferentes paladares e harmonizações. “O de tangerina será um drink mais leve e refrescante. Além da cachaça, a receita leva gengibre e canela, enquanto que o de banana será mais condimentado e adocicado por apresentar também suco de limão e leite condensado. É ideal para explorar o paladar com a mistura de sabores e texturas”, diferencia André Ruvenal.

A cachaça é nossa!

Sabe-se que a região Nordeste possui uma culinária com mistura de sabores, texturas e de elementos. Segundo Ruvenal, a cachaça vem agregando ainda mais a gastronomia nordestina em decorrência da sua utilização que vai além de bebê-la. “Assim como a comida, a bebida é percebida e valorizada enquanto uma manifestação de sensibilidade e de comunicação entre as pessoas. Exige todos os sentidos e sentimentos para ser integrada ao paladar. É justamente na boca, que a cachaça é integralmente entendida, apreciada, criando valor simbólico”, esclarece.

O bartender ainda ressalta que, na cultura nordestina, diversas situações cotidianas explicitam claramente a dimensão da utilização da cachaça. “Um exemplo é o ato de tomá-la antes das refeições, pois ao ser bebida, possui ao mesmo tempo uma função higiênica, pois limpa a boca e a garganta, permitindo que se sinta, dessa forma, os sabores culinários a serem apreciados. O valor cultural do ato de beber é cada vez mais entendido como um ato patrimonial, pois traduz povos, nações, civilizações, grupos étnicos, comunidades, famílias”, destaca.

Já a chef Emanuele Nascimento lembra que a cachaça está relacionada com os movimentos sociais, além de estar diretamente associada à felicidade do brasileiro. “A cachaça está relacionada aos nossos movimentos sociais. Está presente onde o povo está. Está associada à expressão de alegria, de felicidade. Precisamos mostrar que nossas cachaças são produtos nobres que não deixam a perder a nenhuma outra bebida internacional. Nos dão prazeres imensos, não só na composição de drinks e por que não na comida?”, opina.

Ela também ressalta que uma maior valorização da cachaça pauta-se na defesa do produtor dessa bebida nacional e na mudança de hábitos, uma vez que muitos utilizam outras bebidas na Gastronomia. “Precisamos defender, mostrar o valor do nosso produtor em desenvolver uma bebida diferenciada, seja ela envelhecida ou não, agregado ou não de outras notas. Nos acostumamos a flambar em conhaque. Então, vamos flambar com a cachaça? Garanto que o resultado é fantástico”, assegura.

Quem não puder acompanhar essa live, terá a oportunidade de assisti-la na íntegra no IGTV da @quitandadobaianinho posteriormente. O próximo encontro ocorrerá dia 26 e terá a participação da chef Alê Barreto. Não perca a cobertura no portal Leia Mais.Ba.