Helô Sampaio

Bonitona chega para matar saudade

Depois de ‘correr as coxias’ pelo interior, vim arriar as malas em minha casinha pra terminar os tratamentos que larguei pelo meio do caminho - depois de certa idade os compromissos são com os médicos: hoje oftalmo, amanhã, gineco, depois... Mas agora, véio, é hora de curtir todos os momentos, sorrir, passear, amar e dar carinho a todos, agradecendo a Deus por estar vivo e não estar em cima de uma cama. É ‘tocar a vida’ pra frente, que atrás vem gente. E ver como a vida é bela, vivendo todos os dias como se fosse o primeiro, com muita tesão.

Cheguei com saudade dos amigos, vontade de abraçar a todos, conversar, beijar e relembrar as ‘artes’ que já aprontamos. (Setentinha não é pra todo mundo não, meu lindinho. Inda mais quando a gente chega nesta idade bonita e gostosa que nem eu, he-he). Já fiz até a relação dos amiguinhos que vou procurar. Lista enorme. E comecei no domingo, quando botei meu biquine cavadão, canga, chapéu e fui muito gostosa procurar os sempre irmãos, Juvená e Dôia, para enchê-los de beijos.

E chegando lá, reencontrei com Celso Cotrim, amigo querido de longas datas e com Turuca, o ‘motorista oficial’ do Pássaro do Abaeté – bloco que eu botava na rua na Lavagem de Itapuã com a ajuda de Gessy Gesse e Eliene – e tantos outros amigos. O papo rolou sobre a saudade e a falta que o Pássaro deixou. Fiquei até pensando em reativar a alegria do Pássaro e voltar a colocar o bloco na rua. Calasans Neto já deve estar dando pulos de alegria lá no céu. Ele fazia os desenhos para a camisa do Pássaro com muito amor. Acho que era uma forma dele participar ativamente da festa. Vamos analisar a possibilidade de retornar nosso bloco ‘A Lenda do Pássaro do Abaeté Numa Manhã de Muito Sol’, que é o nome completo dado por Mestre Calá, para a festa de Itapuã.

Convivo com Juvenal desde o primeiro ano de faculdade, pois além de compartilharmos o rango no restaurante universitário, nós morávamos nas residências da UFBA: ele, na Vitória (a R1) e eu no Canela (a R3). Juvenal, que fazia Psicologia, até inventou de pegar matérias eletivas na Facom, somente as das sextas-feiras a tarde, para sairmos para a farra depois da aula. A gente ia jantar na Vitória e depois passávamos na minha Casa, no Canela, onde batíamos um pingue-pongue antes de irmos para a farra que começava no Ava Lanches, barzinho da moda que era ‘colado’ na R3. Rolávamos a noite nos botecos e sabe Deus que horas a farra acabava.

Ana, minha irmã, às vezes vinha do interior para me ver. Chegava na R3 seis horas da manhã e... cadê a irmãzinha? Ela arriava a bagagem e descia para a Taba dos Orixás, ‘cacete armado’ que ficava na beira da pista que estava sendo aberta para o que viria a ser (e hoje é) a Avenida do Contorno. A Taba era um botequinho, mas a gente ia marcar ponto todo final de semana.

Quando Ana chegava toda bem vestida e produzida, o povo não acreditava ela que era minha irmã: eu, de calça jeans, sandália de pneu, blusa indiana e cabelos ao vento, e minha irmã toda chique, maquiada, perfumada e de salto alto. Rui Espinheira e os coleguinhas viviam me perguntando se ela era mesmo minha irmã.

Eu saia com Juvenal direto. O povo pensava que eu era o ‘caso’ dele. Ele namorava com Dôia, fazia o ‘bem bom’ com ela e era eu    que levava a fama. Mas o pai de Dôia era brabo como quê, e Juvená ‘pelava’ de medo do velho. Frequentemente, eu ia com Juvená pegar Dôia na casa dela para não atiçar a curiosidade do papai. Eu guento, fio? Taí: casaram, tem os filhotes e são felizes até hoje. E eu sou a madrinha da relação. Amo os meus queridinhos.

Depois, liguei para matar a saudade, combinando um almoço com Irene Veloso, a minha amadinha do sorriso lindo. E talvez com Rodrigo - seu irmão e meu ‘pretendente’ -, que estará presente no almoço de aniversário de Irene. Já estou treinando mil beijinhos para dar em Lene e Digo. É também uma forma de matar saudade de Canôzinha, criatura abençoada, que irradiava ternura e bondade. Mato saudade da família toda agora. Me aguardem, Velosos.

Como Kardé também completa aninhos por estes dias, já estou na porta da festa para o abraço. Depois ligo para os outros amiguinhos para agendar outros almoços. Vou engordar mais uns graminhas, com certeza, mas estarei feliz. Amigos é a melhor coisa do mundo.

Falar em engordar, eu pedi a minha amiga querida Elibia Portela, a loura mais linda da Bahia, e ela mandou especialmente pra você, minha fofinha, esta receita de Ovo de Páscoa Tradicional, para você fazer sucesso com os familiares. Gostoso e fácil de fazer. Aventais a postos, vamos cair no ovo.

OVOS DE PÁSCOA de Elíbia Portela

Ingredientes:

1 kg de chocolate ao leite ou meio amargo,

Formas de acetato para ovos, tamanhos variados.

- Modo de fazer:

- Derreter o chocolate numa panela que foi aquecida no banho-maria; temperar o chocolate conforme indicação da embalagem, transferir o chocolate para uma pedra mármore e espalhar com uma espátula sobre o mármore rapidamente, até colocar um pouco nos lábios e sentir o chocolate frio, a temperatura depende do sabor do chocolate, verifique a embalagem.

- Colocar o chocolate nas formas, distribuir por toda ela. Virar para escorrer o excesso. Levar para gelar virado sobre papel manteiga. Se a camada ficar fina fazer mais uma camada de chocolate e ir repetindo até ficar na espessura desejada. Desenformar, aguardar que fique na temperatura ambiente, preencher as cavidades com bombons de sua preferência, embalar com papel chumbo e complementar a decoração a seu gosto.

Obs. Se for trabalhar com o chocolate fracionado, não há necessidade de fazer temperagem.

Para os Bombons

- Usar uma mistura de chocolate derretido e pé de moleque picado. Levar á geladeira para que seque. Obs. Faça bombons usando a mistura de chocolate com o pé de moleque nas forminhas de bombons e secando por cinco minutos, na geladeira.

Comer lambendo os dedos, escondendo o ar do pecado da gula. Xero no cangote e boa Páscoa.