Jolivaldo Freitas

Ao vivo da sucursal do inferno

Estou desde perto do Natal em Porto Alegre. Desculpe: antes de mais nada feliz 2014 dentro do possível. Não vá criar muita expectativa. 

Como dizia, falava ou escrevia, estou em POA - é assim que se registra nos cartões de embarque das empresas aéreas e também assim o é como os gaúchos gostam de falar, na intimidade, da sua terra quando longe. 

Sou cheio de parentes e amigos gaúchos e só não conheço Kleiton e Kledir, mas conheço o Paralelo 30 citado em sua música mais famosa.

 Parece que só acontece quando chego por aqui. Estava tudo friozinho, gostosinho e bastou eu chegar para o Diabo me reconhecer e mandar abrir suas churrasqueiras do inferno. 

Está quente. Mais quente que buzu para Cajazeiras 93 ao meio dia e muito mais quente que Uauá, em pleno sertão nordestino. Dias destes a sensação térmica em Porto Alegre era de 45 graus. Nem no Piauí e muito menos no Ceará se pega uma temperatura tão, digamos, infernal. O suor escorre pelos braços, pernas, pela... melhor esquecer.

 De vez em quando aparecem nuvens no céu e os gaúchos dizem em uníssono: - Vai chover!

 Então veem os relâmpagos, as nuvens carregadas, as tempestades elétricas e os trovões e a chuva cai. Mentira. A chuva finge que cai. Os pingos de chuva vêm aos pingos... vão descendo... caindo... e quando chegam perto do chão viram nada e parecem que voltam para o céu. Dá a impressão que as nuvens dizem:

- Hahahaha. Te enganamos!
 
O interessante é que no hotel onde estou o Niederauer Tower, de seis estrelas, no padrão de Dubai com direito ao calor do Oriente Médio, o feliz proprietário da empresa tem alergia a ar-condicionado e os hóspedes e funcionários e sócios da casa ficam se reversando para enrolar o homem para ver se consegue adentrar num quarto particular denominado de Oásis. 

Mas ele garante que semana que vem vai mandar instalar sprinter em todos os cômodos. Mas aí já estarei em Salvador, curtindo a brisa da praia e chegando, de volta à felicidade do purgatório, que é melhor do que as caldeiras infernais.

 Descobri uma coisa interessante em Porto Alegre: os postes colocados nas pistas para medir a velocidade dos veículos estilo pórtico como tem no Dique do Tororó e na entrada do Bonocô vindo da BR 324, aqui se chama Caetano. Não consegui descobrir o porquê, mas passei a tergiversar e acho que é em homenagem a Caetano Veloso. Não me pergunte o motivo.
 
Voltando a falar do calor de Belzebu em Porto Alegre e adjacências, quando alguém te perguntar qual o ponto turístico mais interessante da cidade que tem o famoso Parque da Redenção no Bonfim, o Parcão em Moinho de Ventos e Itapuã no Guaíba - que todo mundo diz que é lagoa mas eu continuo dizendo que é um marzão - qualquer shopping que tenha sistema funcional de ar-condicionado é a melhor atração da cidade.