Jolivaldo Freitas

Brasil: e tome música ruim. E perde-se música boa

Uma pesquisa sobre música popular brasileira, feita não lembro quando, chamou a atenção mesmo de quem não estava atento. Ela mostra que a maior parte das músicas que fazem sucesso é de péssima qualidade. Não pense que estavam falando apena das músicas bregas, sertanejas,  universitárias, Axé, Pagode e arrochas da vida. Nesta amostragem constam também músicas de autores consagrados, o que demonstra que o marketing de um nome é determinante para mandar no gosto popular.

Foi o que aconteceu com muita gente considerada boa, que no início da carreira fizeram uma força danada para a criação de uma música de qualidade que chamasse a atenção do público, gravadoras e críticos. Mas então, depois de algum tempo, com o nome institucionalizado, fizeram valer a máxima “cria cama e deita na cama”. Era certo que os tietes passariam a ver naquele “gênio” somente a feitura de coisas geniais. Qualquer coisa valia a pena. Mesmo que o cara rimasse azul com sul, mar com dar e amor com o de sempre.. dor.

A questão da música boa ou rim passa por sensibilidade e pelo nível de informação, educação e psique. Gosto não se discute, claro,e gosto é uma questão muitas vezes de influencias externas. Mas sabemos discernir uma poética boa de uma ruim. Ritmo é difícil, pois gosto de jazz e bossa, muita coisa da MPB , alguma coisa d Axé e do Pagode ou até mesmo do arrocha e música clássica mas não suporto sertanejo. Mas a maioria que conheço mostra interesse.  Tenho de respeitar.

Fazer música, ainda mais nestes tempos atuais em que nada se cria e tudo se repete, é complicado. Deveria ser mais simples pois os músicos de hoje tem a sua disposição centenas de programas, softs, etc;  coisas que nem fazemos ideias, nós meros mortais ouvintes e fanzocas. Parece que as últimas gerações criativas, mas que mesmo assim não marcaram como deviam a MPB foi a galera do  Mangue Beat, Lenine e Zeca Baleiro. Lembre aí alguém se tem mais gente criativa.

Antes deles forram Djavan, Alceu Valença, Kleiton  e Kledyr,  e anterior a estes é claro Chico Buarque, Vandré, a turma da Tropicália, Valter Franco, Milton nascimento, Taiguara e Raul Seixas. E bem antes o pessoal da Bossa Nova e do Samba Canção.

Muita gente boa não cosegue fazer sucescco embora sua música tenha excelente qualidade sonora e poética. Estão de fora do sistema  e do circuito, que são dominados sempre pelos mesmos ideólogos e empresários. Não tem mais espaço e o que salva esta gente quefaz música criativa é a internet. Por exemplo, conheço as músicas Nelson Rocha, um batalhador que sem pré ofereceu excelentes shows solos, que tem um trabalho consistente e bonito de se ouvir. Mas, seu sucesso poderia ser mais amplo, no formato nacional e internacio, pois sua música é universalista. Mas, cadê as gravadoras e as distribuidoras. E as rádios comerciais que não  tocam a não ser que venhaodentro de um pacote pronto lá do Sudeste. Interessante é que para  tocar na Globo, por exemplo, tem de estar fazendo sucesso. Como fazer sucesso e sem tocar na TV Globo?.  “Decifra-me te devoro”, diria a esfinge.

Conheci um compositor cujo nome era apenas Som. O cara sumiu, levando junto com ele músicas maravilhosas. Nunca gravou. Que fim será que levou o músico Guima Rosa? O  Brasil por falta de uma política cultural forte e interessada e pelo imediatismo dos empresárrios, como sempre perde grandes talentos e nós perdemos a felicidade. Fazer música não é fácil. Estava ouvindo uma música que foi composta, pelo que entendi, por 25 músicos conhecidos, dentre os quais Ana Cañas, Margareth Menezes, Um Carvalho. Foi uma das mais chatas letras e música que já ouvi. Beethoven sozinho e surdo criou a Nona Sinfonia. Talento é raro. Gosto é fogo.