Jolivaldo Freitas

Aviso aos navegantes e à Capitania dos Portos

A morte de um empresário, semana passada, que dirigia um Jet Sky e que, parece, o corpo ainda não apareceu na Baía de Todos os Santos, é apenas a ponta do iceberg do que vem ocorrendo com a prática do Jet Sky na Bahia. A Capitania dos Portos está deixando a desejar no item fiscalização. 

Posso dizer isto plenamente, porque tenho um pequeno veleiro – claro que todo equipado, legalizado, cheio de salva-vidas, extintor, documentos e não saio sem falar antes com Nosso Senhor Bom Jesus dos Navegantes e com Iemanjá, mesmo sendo atéu, mas vá saber – e nunca, jamais, fui abordado para saber se estava com as papeladas em dia.

Outro dia a Marinha saiu multando o pessoal do Jet Sky que estava parado em zona proibida no Porto da Barra e enchendo a cara de cerveja. Mas, só ficou sabendo porque os colegas da TV Bahia flagraram o desrespeito aos banhistas e às normas de navegação, jogaram no BaTv e virou um caso de polícia. Onde estava a fiscalização?

O problema é grave, pois na mesma guarderia onde deixo meu veleiro tem Jet. Aos sábados, domingos e feriados são centenas deJets na praia da Ribeira e Avenida Beira Mar. Os caras fazem miséria. 

Outro dia uma criança foi atropelada. Eu vi quando um deles vinha para a praia em alta velocidade, um senhor levantou os braços para chamar a atenção que estava na direção, o condutor passou perto e ainda fez cara feia para a quase vítima.

Os moradores da Avenida Beira Mar, em Itapagipe, estão revoltados. De repente apareceram tantos Jets que ficou impraticável, em alguns trechos, entrar no mar para nadar. As crianças estão sendo proibidas de nadar.

 Interessante é que basta uma passada para ver que os condutores para os veículos na beira da praia e fazem churrasco regado a bebida alcóolica ou ficam enchendo a cara nas barracas. E se exibem o tempo todo para as periguetes.

O que os moradores da Avenida Beira Mar querem que o capitão do Portos venha a fazer: se ele mandar retirar metade dos marujos que ficam cortando grama, catando folhas, limpando a piscina e varrendo folhas caída da sede da Capitania e colocar em lanchas – eu até empresto meu barquinho – vai conseguir fiscalizar melhor. E como pode fiscalizar de forma ideal? Basta usar a inteligência.

Coloca um grupo de fiscalização entre a Ribeira e o Bonfim. O Jet saiu, vai atrás e pede o documento, usa o bafômetro. Outra ideia – não é minha, foi dada por um proprietário de marina – é colocar um marinheiro em cada marina, já que não são muitas, entre o Yacht Clube da Barra e o de Aratu.Pelo menos aos sábados e domingos.

Hoje a Capitania dos Portos merece elogios pelo trabalho que faz em Valença e Morro de São Paulo. Fiscaliza certinho. Mas, entendo que as autoridades navais não se deram conta do boom dos Jet Sky e que com a chegada da temporada de sol a tendência é o problema aumentar. 

Eu presenciei, recentemente, na guarderia onde eu coloco meu barco, que por sinal é a mesma onde o empresário desaparecido tinha seu Jet Sky, chegar um moço não tão jovem, perguntar se tinha algum para vender. 

Por sorte o proprietário da guarderia é consciente e perguntou se ele já tinha andado no tipo de veículo, se tinha feito curso, se tinha carteira de habilitação. O cara disse que não, e o proprietário da guarderia se recusou vender a embarcação. Mas, nem todos são assim e o Verão nem começou ainda.