Jolivaldo Freitas

Golden Cross: Game over?

Milhares e milhares de clientes do plano de saúde Golden Cross, no formato individual estão neste instante lambeando suas feridas, sem eira nem beira, sem Norte ou Sul, mais perdido que cachorro doca.  Milhares de empregadores colocam neste instante as mãos na cabeça, pois o contrato empresarial do plano de saúde Golden Cross terá aumento não controlado pela Agência Nacional de Saúde (ANS) de mais de 17 por cento e sabendo que a inflação anual ficou nos seis por cento. É roubo? Não. Não é roubo. É somente oportunismo, “sabiduria”, como se dizia nos tempos da minha avó e domínio.

O governo não controla as operadoras dos planos de saúde. O governo é burro e a ANS é omissa e dá até a impressão de estar comprometida – veja que o diretor Elano Rodrigues pediu demissão sob “espontânea vontade”. Foi instado pelo conselho de ética do órgãos. Havia escondido que trabalhara para os operadores. Como pode? Pode, claro, pois no Brasil tudo pode.

Pois o doente dormiu “protegido” pela Golden e acordou nas mãos da Unimed. Tinha direito ao seu médico de preferência e agora, depois de anos e anos, vai cair nas mãos de um novo profissional. É estressante, frustrante e acima de tudo revoltante por ser uma total falta de ética e de respeito pelo consumidor. 

Enquanto o cliente individual sofre as vicissitudes do caso, ainda fica nas mãos da Unimed e tem de agradecer à Deus e aos seus felizes administradores, pois se pedir para sair vai para onde? Os planos mais importantes não aceitam mais o contrato individual. E se entra num plano coletivo vai amargar aumentos nos valores dos boletos que nem Nostradamus seria capaz de adivinhar. O negócio deles é justamente cercar a vítima e sugar seu sangue. 

Trata-se de um perfeito vampirismo.

É bom lembrar que quem está na Golden Cross ou não teve jeito, por causa de outras contingências, ou não tem vergonha na cara. Quem tem mais de 20 anos lembra que a Golden Cross já foi sinônimo de problemas, de péssimo atendimento e da falta de cumprimento das suas obrigações. A “tradicional” seguradora quase faliu em 1999 afundada em dívidas e abandonada pela própria controladora, na época a americana Cigna.

À época a Golden Cross já vislumbrava deixar numa canoa furada quase três milhões de associados. Daí que um grupo de executivos pegou o passivo, reestruturou e armou a arapuca. Manteve 600 mil clientes na carteira, saiu do vermelho e agora se repete. Mas, o que fazer meu caro idoso, minha cara senhora? O presidente da Golden, João Carlos Regado à época do “ressurgimento” da empresa disse que era um trabalho artesanal que começava. O que não se sabia era que a obra final seria uma cara de pau. Um pelourinho para milhares de pessoas.

O povo que tem Golden Cross tem de tomar vergonha e ir às ruas. Mesmo que com muleta e cadeira de rodas ou carregado nas macas. Como está não pode ficar pois vai complicar ainda mais. Pode esperar. E tem de lembrar que se depende dos planos de saúde a culpa é do governo que pega seus impostos e não oferece bom atendimento nos postos, ambulatórios e hospitais. Isso quando tem hospital. Se o SUS funcionasse direito, não precisava gastar a mais com plano de saúde. E aí? Você vai sair do sofá ou deixar como está?