É por isso que bate o desespero nas baianas e todo dia temos mulher matando marido, como aquele caso recente de Lauro de Freitas e outro em Feira de Santana.
O IBGE disse com todas as letras e números que tem mais 100 mil mulheres sobrando e todo mundo sabe que quando a oferta é maior que a procura os produtos sem as qualificações adequados ficam em segundo plano. Não saem da prateleira. E aí bate o desespero.
Quando se chega numa boate, rave, discoteca, festa de largo, batizado, casamento ou mesmo na missa ou no culto o que se vê é mulher às pencas. Outro dia mesmo João Nariz de Quibe que não tem papas na língua – como se dizia antigamente e é sem noção, como se diz hoje –, chegou no aniversário de uma prima – por sinal encostada e que vai ficar para titia – como também se dizia antigamente – olhando da porta, falou alto:
- Vixe! Tem mais mulher que gente.
Da porta mesmo voltou face aos olhares de ódio da parentada, tias, da mãe e até da moça dona do buffet. Outro amigo, Sampaio Garganta Profunda (não me pergunte o porquê do nome), já beirando certa idade, me confidenciou amargurado que estava com receio de chegar a mais de meio século de idade pois em sua concepção o cara com mais de 60 anos de idade vira paisagem nas festas ou fica transparente.
Mas acho que sua filosofia mudou pois o encontrei no shopping agarradinho com minha endocrinologista que é gata de tirar o fôlego. Ele nem me deu bola e depois me disse que era para evitar mau olhado, “pois inveja mata”.
O pior é que as mulheres além de terem que disputar território ainda sofrem com a ação do tempo e passaram a ser vítimas das substâncias químicas que estão à disposição dos idosos. Antigamente o casal envelhecia junto. O homem um pouco mais velho e a mulher um pouco mais moça, quando perdiam o gosto pelo sexo, perdiam no mesmo período. Se bem que conheci várias velhas safadas e ainda conheço muita, como por exemplo dona... olha, deixa ela em paz já que o dinheiro é dela e ela faz o que quiser com a grana e o corpo e olha que para sua idade o shape está ainda durinho.
Hoje o bicho pega para os lados das mulheres. Sei de vários casos de homens com 70 anos de idade que toma sua pílula azulzinha ou que ainda não brocharam, mantendo a vontade de chegar junto e as pobres esposas se escondem, entram no quarto nas pontas dos pés, fingem que estão dormindo e até roncan e soltam peidos. Fingem dor de dente, bursite, hérnia de disco, prisão de ventre, espinhela caída, gota, lordose, unha encravada e até constipiu, sem falar que tem umas que se fazem de maluca que é para não ter de enfrentar o ímpeto do velho.
Tanto que o termo brocha que era usado somente para homens já vem sendo usado para mulheres. João Nariz de Quibe me conta que arrumou uma namorada da terceira idade num destes bailes (ele frequenta baile, casas dançantes nas orla e boates que tem coroas, escolhe as mais durinhas e de preferência sem prótese dentária, pois outra prótese qualquer, até silicone, aceita numa boa e quando bate o desespero se finge de pastor e vai para templos evangélicos para caçar as irmãs – dá até o dízimo se for preciso fazer média) e no primeiro dia a idosa aguentou o tranco.
No segundo encontro ela já fez cara de jinje e parecia que estava comendo jiló, e na terceira vez se escondeu atrás do armário. Eu disse: assim não dá minha tia, e sumi aconselhando que ela tomasse tenência ou Viagra – desabafou João, que é viciado nas pílulas mágicas.
Outo dia ouvi uma senhora em pleno shopping, na Praça de Alimentação, chamar o marido de tarado e sem-vergonha, que tomasse jeito, que não tinha mais idade e via-se que o cara estava faiscando de vontade. O que ele falara para a senhora de cabelo pintado de azul faço até ideia.
Pior é que as mulheres ainda sofrem com a renovação feita pela natureza. Enquanto eles se deterioram, as meninas crescem, ficam taludas e – talvez até por deformação psicológica, vá saber – correm atrás dos mais velhos, e os velhos ficam achando que são garotões, mesmo com o reumatismo. Coisas da Era Viagra.