Jolivaldo Freitas

Cura Gay, Tahiti ou a Revolta dos 20 centavos

A garotada sentiu a bunda doer, decidiu levantar a cadeira, deixar o Facebook de lado e partir para o corpo a corpo. Os estudantes foram ver de perto e na raça como é fazer uma revolução, mesmo que por uma causa amena sendo o estopim de tudo.

O pessoal que está nas ruas de todo o país brigando por “apenas” vinte centavos conseguiu um feito maior: redimiu a geração nascida a partir de 1990. Uma geração que não tinha marca, símbolo, luta, reivindicações e característica própria. Uma galera que levava, até ontem, a pecha de alienada. Baladeira.

Pois a partir de agora toda esta geração dos 25 anos de idade abaixo tem o que contar quando fizer quarenta anos. Vai ter o que dizer para os filhos e para os netos. Dirão que para evitar o aumento nos preços dos transportes, partiram em multidões de milhares e aproveitaram para tentar colocar a casa em ordem.

Deram uma chacoalhada no Brasil. Não é só questão de protestar contra o aumento nos preço das passagens. O problema é mais embaixo: falta estrutura urbana, não existe vontade política para mudar a Saúde, a Educação, a composição física do país.

E no cadinho é o momento de falar do que estava preso no peito e que saía apenas das teclas dos computadores, dos twuiters, dos faces, instangrans e e-mails. O Brasil está uma droga, mesmo para quem recebe Bolsa Família, remédio de graça e bolsa de estudo. O país precisa é de emprego, saúde e educação. O país precisa de futuro.

Os garotos nas ruas estavam pacientes, com suas bundas nos bancos, assistindo tudo pela telas dos computadores. Mas exageraram na mistura e mexeram com a fera. As autoridades, os administradores, os políticos, tudo que é mau caráter e demônios agora estão expostos.

Os meninos saíram da passividade dos seus quartos e mostram as suas caras. E devem dar tapa na cara daqueles que propuseram uma lei para a cura gay, que onde foi aprovada ontem na Câmara. Vão encurralar os detentores dos podres poderes, como encurralaram a polícia. E foi ela quem incitou as massas.

Para esta geração redimida fica a mesma emoção que foi ver o Tahiti jogar na Copa das Confederações, levar goleada da Nigéria. Foi o fraco lutando contra o forte. Mas que mesmo apanhando saiu ganhando, está vencendo, pois nem mesmo o veneno dos escorpiões consegue matar uma atitude avassaladora. A alegria de participar de grandes ações.

Ainda mais contando com o apoio da torcida: o povo brasileiro.