Jolivaldo Freitas

Só tragédia para fazer autoridade trabalhar

A morte dos jovens gaúchos chamou a atenção dos prefeitos que assumiram seus cargos este mês para o perigo que representa a falta de fiscalização ou o chamado jeitinho brasileiro quando se trata de liberar alvarás de funcionamentos graciosos, aos amigos, aos parentes e aos coligados, o que se vê em excesso em diversas cidades do país, sendo que na Bahia não podia ser diferente.

Recebi emails de alguns conhecidos de municípios, principalmente aqueles que são mais procurados por turistas, dando conta de que a vida deles está em risco. Muitas casas de espetáculos e buates não possuem condições de funcionamento. São verdadeiros cacetes armados. São problemas na fiação,no sistema de refrigeração, nas cozinhas e como se não bastasse muitas casas usam para decoração material de alta combustão.

Me indicaram que no Litoral Norte, na Praia do Forte nem todos os estabelecimentos possuem extintores e vários que possuem estão fora do prazo de validade.
Num dos estabelecimentos a decoração é feita toda em sisal e madeira sem tratamento, o que no caso de incêndio será rapidamente consumido.

O mesmo acontece com um bar bastante freqüentado em Itapuã. A questão agora, infelizmente tomando como base a tragédia do Rio Grande do Sul, é cada prefeito, em cada município, principalmente em Porto Seguro, Ilhéus, Praia do Forte e Morro de São Paulo onde restaurantes não têm extintor “discotecas” improvisadas sequer cuidam de saber, antes de decorar, o material a ser utilizado.

Outra ação que pode servir para evitar uma tragédia é determinar, na liberação do alvará, qual a capacidade da casa em receber seus convidados. As buates de Salvador, por exemplo, só param de deixar entrar quando está entupida de gente. Um conhecido conversou comigo que certa vez foi falar com um segurança sobre a superlotação numa pequena casa noturna do Rio Veremelho e ouviu o sarcasmo do rapaz que disse que “era para ter calor humano”.

Quando o Cancún funcionava n o então esplendoroso Aeroclube, a apresentação de um espetáculo pirotécnico quase causa acidente. Pelo que foi informado uma faísca pegou na cortina e por sorte os próprios convidados apagaram o princípio de incêndio com baldes de gelo. Também é não ter noção do perigo acender fogo num ambiente fechado com material inflamável, inclusive álcool e alcoolistas.