Jolivaldo Freitas

Um guru filho da p...

O mundo está perdido. Se bem que ouço esta frase de desalento desde menino, tanto da minha avó como dos vizinhos e hoje dos amigos. Ou seja: o mundo sempre esteve perdido e nunca vai se achar, encontrar e melhora. Já esteve para ir pro bebeléu por vários vaticínios, começando pelos Maias, passando pelos Incas, seguindo com Nostradamus e assim tem sido. Quem lembra do reverendo Moon e do maluco Jim Jones?

Todos anunciavam o fim dos tempos, muitos acreditaram se mataram ou entregaram o que tinham de bens e nada do mundo escafeder-se. A passagem do cometa Kohoutek foi sinal de Deus, diziam os novos profetas, para o fim dos tempos. Pelo jeito o mundo não vai se acabar, e os malucos serão cada vez mais numerosos e ainda terão seguidores.

Vejamos alguns doidos varridos e que ainda têm crédito dos seus séquitos. Agora mesmo um guru indiano Asaramji Bapu ao avaliar a questão do estupro da moça, que atacada por seis indianos num ônibus não resistiu e morreu, disse com toda sua “sabedoria” que “Essa tragédia não teria acontecido se ela tivesse evocado o nome de Deus e caído aos pés de seus agressores”. E ainda se deu ao desplante de enunciar: “Um erro nunca é cometido apenas por um lado”. Isso é um guru, um líder espiritual? Na verdade é um filho da p... Logo em seguida ocorreu outro estupro.

O mundo está perdido, como diria seu avô, meu caro leitor, quando vemos o povo argentino totalmente anestesiado com relação às injustiças, perseguições, desmandos e irregularidades da presente Cristina Kirchner. A mulher teve aumento de patrimônio, desde quando seu marido Nestor era presidente, não se sabe quantos mil por cento. Se a imprensa livre – quer dizer com a espada na cabeça – questiona sua fortuna, a massa ignara quer empastelar os veículos e até sai às ruas para defender a sua líder.

Enquanto isso até trigo, que é o maior produto de exportação do país vai rareando. Lembrei-me do filho de Lula, o Lulinha, que do nada ficou rico num dos maiores milagres da multiplicação dos valores nunca antes visto neste país. Lula disse que o filho ficara milionário por ser o “Ronaldo dos negócios. Um fenômeno”.

Por falar em exportar, o mundo está mesmo perdido, como diria sua avó, minha querida leitora quando vemos o Vitória importando um jogador que tem como currículo o fato de ser primo de Messi, aquele melhor do mundo que joga no Barcelona. E o Vitória não trouxe Messi, trouxe um parente distante, mas Messi segurou estes dias a camisa do time, a pedido de um torcedor na Espanha. O Vitória está pronto para o Campeonato Brasileiro de Futebol. Tem o primo de Messi e uma foto deste com seu padrão.

Lembrei-me de certa vez na Associação Atlética da Bahia, época em que os times da casa disputavam um campeonato ferrenho – bom lembrar também que o Bahia Esporte Clube nasceu lá - quando o conhecido radialista Osvaldo Júnior, conhecido como Cebolão apareceu com um jogador que em sua opinião iria salvar a imagem do seu time que estava indo mal no campeonato do clube.

Com toda pompa garantiu que o jogador era primo em segundo grau de Félix, goleiro tricampeão mundial e morto recentemente, que veio morar na Bahia e trabalhar no Centro Industrial de Aratu. Tudo certo para sua estreia, cerveja comprada, churrasco no sal e o cara entra aclamado com roupa de goleiro novinha, comprada com vaquinha dos jogadores.

Primeira bola vem de longe, ele finge que coloca a mão para defender e deixa a bola passar. Gol! Lá para as tantas o atacante dá de canela, a bola vem pingando, ele escorrega na grama careca e novo gol.

No último gol que levou dos 6 a 0 que o time de cebolão teve de engolir, o zagueiro atrasou a bola para que ele chutasse em direção ao ataque. Deu de bico, furou e a bola entrou bem devagar, quase em câmera lenta. Um torcedor não aguentou e gritou: “Isso não é um goleiro. É um filho da p...” No que um jogador vira-se para Cebolão e desabafa. “O mundo está perdido”.