Jolivaldo Freitas

Guerra das Malvinas

Esses argentinos, como diria Asterix ao ver os romanos levando ferro em pleno coração da Gália, são uns loucos. A presidente Cristina Kirchner é desmiolada, despirocada e sem noção. Não é que mais de 30 anos depois da famigerada Guerra das Malvinas, em que os argentinos apanharam mais que mulher de bêbado antes da Lei Maria Penha e saíram com o rabo entre as pernas, agora vem a presidente encostar o governo inglês na parede, querendo recomeçar as negociações para a retomada das ilhas.

O pior é que o também sem noção ex-presidente Lula e o mais sem noção ainda ministro das relações exteriores do Brasil Celso Amorin apóiam a súplica argentina e entende que o território tem de ser devolvido. Dilma fica quieta em Inema que não é besta. Então que o Brasil também comece e devolver o Acre à Bolívia, que trocou por um cavalo chucro e devolva também o naco dos paraguaios que se apropriou depois da Guerra do Paraguai.

A presidente argentina está pensando que lidar com os ingleses é a mesma coisa que censurar jornalistas, sufocar jornais, controlar os meios de comunicação à força, impedir o argentino de comprar dólares, de viajar, de comprar queijo, roupa, de importar ou emitir uma opinião que seja contra o governo.

Acha que é a mesma coisa que mandar sindicalistas ligados aos governo – verdadeiros pelegos na essência – e funcionários públicos que vivem sob suas tetas, espancarem os adversários, como uma prática da Máfia.

Com os ingleses a coisa é bem mais embaixo, do Equador, é claro. Parece que já vimos este filme. Lembre das cenas: década de 1980. Um século de dominação britânica no arquipélago. A ditadura militar Argentina sem nem passar um telegrama invadiu as Malvinas em busca de retomar o território. Os argentinos se achando a rainha da cocada preta apoiaram em massa, levados pela propaganda oficial.

Na verdade estavam sendo massa de manobra dos militares comandados pelo general Galtieri, que tinham colocado o país à beira do despenhadeiro: devia ao FMI, faltava comida e emprego. O governo queria criar uma distração. Nos primeiros dias conseguiu, mas nas semanas seguintes o que se viu foi uma Argentina humilhada aos olhos do mundo.

Na Argentina, como no Brasil, a história sempre se repete como farsa como diria o filósofo Karl Marx. A situação do país é preocupante. A classe média já foi às ruas se queixar. A imprensa que não se vendeu não se deixa amordaçar e vem denunciando os casos de corrupção, desmandos e um clientelismo que está afundando cada vez mais a economia.

No momento em que Cristina pressiona a Inglaterra está querendo mudar o foco. Mexendo com uma ferida aberta ela sabe que vai conseguir colocar, por algum tempo, um manto cobrindo sua equivocada política econômica e social.
Mas é bom lembrar e ler nos livros de história ou nos arquivos dos jornais que ela tanto odeia que os argentinos foram escorraçados como cães vadios das Malvinas e que a derrota, onde parecia que era uma guerra de brinquedo para os súditos da Rainha e o Armageddon para os portenhos, terminou por desmoralizar los hermanos e depois à cadeia os generais que assim como ela, mostraram que não tinham a menor noção do perigo.

Os argentinos estão pensando que uma nova Guerra das Malvinas é como disputar uma Copa Libertadores das Américas, como jogos de ida e volta, com um juiz no meio para marcar falta por trás. Ontem a Inglaterra já mandou dizer que não tem conversa certa.

O povo das Malvinas, em plebiscito feito anos passados decidiu que querem – e gostam – de ser súditos de Elizabeth. Acham melhor que estar sob as garras de Christina. Talvez porque a rainha tenha mais charme. E a Inglaterra seja terra dos Beatles, ou dos Rolling Stones. As pedras vão rolar. Deus salve os argentinos desta viúva malévola.