Estava eu andando, ontem, pela Avenida Sete de Setembro, numa tarde de sol e aproveitando a sombra que nos permitem as velhas marquises - que não sei, como não caem na cabeça dos transeuntes, tão maltratadas e sem manutenção e sem fiscalização -, dos velhos casarões que hoje servem mal e porcamente para sediar lojas que têm belas fachadas mas problemas de vazamento, fungos, mofo e rachaduras nas paredes de fundo e pingueiras no teto na parte de cima.
Gosto de andar pelo centro antigo, sem pressa, olhando a vida dos outros, o patrimônio histórico e principalmente o burburinho de gente que vai comprar roupinhas de bebê, camisola para a noite de núpcias ou para dar de presente. Roupas de cama e até mosquiteiros.
Tem quem vai em busca de tratamento médico mais barato no Edifício Fundação Politécnica, comprar um DVD pirata, bolsas de grifes falsificadas e até mesmo o novo CD de Roberto Carlos, que pelo menos no centro da cidade está tocando feito doido nos systems dos camelôs. Tem quem vá almoçar um bom PF – Prato Feito, por módicos R$ 5 como vi num restaurante perto do antigo prédio do Diário de Notícias, na Avenida Carlos Gomes.
O que me chamou mais atenção em minha caminhada, desta vez não foi a fartura e diversidade de frutas que se oferece em todo o caminho e muito menos as bugigangas eletro-eletrônicas. Foram os Policiais Militares obesos que passaram por min. Tanto fora de forma como de péssima educação.
O primeiro vi nas imediações do Forte de São Pedro meio balofo, andando sob o sol com a farda suada e aquela “marca de pizza” embaixo do sovaco, um rio de suor na vertical nas costas e outro horizontal abaixo das dobras da mama. O soldado fazia tanto esforço para andar que fiquei pensando se houvesse uma ocorrência quem iria proteger quem. Virei o rosto quando ele bufando deu uma escarrada na parede.
Esqueci o soldado e duzentos metros à frente me sai uma soldado primeira classe, com certeza vindo do Quartel dos Aflitos, que pesava para mais de cem quilos. Uma bunda tão gorda e tão larga que parecia sabe-se lá o quê. Barriga proeminente e cada perna que parecia tronco de jaqueira. A cartucheira com a pistola na cintura quase desaparecia.
Ela, no entanto, seguia célere, fumando e de repente jogou a baga no meio do povo e deu uma cusparada para o lado que não pegou em alguém por puro acaso. Pensei: será que se trata de um novo perfil dos PMs. O oficial tem de ser gordo ou será que engordam no rancho do quartel.
Lembrei que já tinha visto vários policiais muito acima do peso. Tem um muito simpático que fica na Ladeira da Barra. Tem mais um, este meio irascível que fica no Terreiro de Jesus. E se procurar vai ver que uma parte representativa dos efetivos da PM, de soldado a sargento, passando por tenente a major, é uma galera cheia de gordura, fora de forma, suando e bufando só em pensar em correr.
Quando menino eu morava perto do Quartel dos Dendezeiros e gostava de ficar no muro olhando os soldados fazendo exercícios puxados que é para estarem em forma quando na hora de enfrentar a malta, ou até mesmo para correr, pois soldado não é feito de aço e não precisa correr risco. Todo dia, pela manhã e início da noite grupos saíam fazendo ginástica e gritando cantos de guerra. Pelo que se pode deduzir, hoje, o único exercício que fazem é levantamento de garfo. A tropa está barriguda. Se correr atrás de bandido infarta.