Jolivaldo Freitas

Apostas, Pelé branco das construções e Neymar

Se todo mês tivesse eleição na Bahia as obras sociais de Irmã Dulce e diversas outras instituições de caridade teriam uma vida mais fácil. Veja que os deputados da oposição na Assembleia Legislativa da Bahia entregaram para a OSID exatos R$ 50 mil.

Dinheiro mais fácil, relativo a uns dez anos de trabalho de um operário da construção civil, um balconista, uma recepcionista, uma professora de cidade interiorana e infinitamente mais do que ganha um catador de latinha ou vendedor de picolé.

O dinheiro foi perdido pelo presidente da assembléia, deputado Nilo Coelho do PDT, da base do governador e ganho pelo deputado Paulo Azi do DEM, a quem pertence o novo prefeito da capital . Nilo garantia, antes das eleições, que conforme seu instituto de pesquisa chamado de Babesp a eleição seria uma baba para Nelson Pelegrino, em contrapartida ao Ibope, que de tanto errar já não dava para levar a sério.

Mas o Ibope acertou aos 45 do segundo tempo, ACM Neto foi para as cabeças e o dinheiro para os combalidos cofres do Hospital de Irmã Dulce, que do céu deve estar agradecendo à Babesp.

Não foram só eles que apostaram. Pelo menos o deputado que perdeu pagou. Teve o caso lá do Alto do Coqueirinho do cara que apostou seu melhor galo contra a banca de revista de outro morador, garantindo que Pelegrino iria ganhar com mais de 20 por cento de frente, principalmente depois que Dilma e Lula passaram por aqui. Perdeu, não pagou.

O jornaleiro invadiu o quintal, pegou o galo, agora de sua propriedade, no braço, na tora e jogou na panela. Galo duro de cozinhar, mas que foi dividido com os amigos. O homem teve de fechar a banca às pressas pois está jurado de morte.

Esse negócio de apostar em eleições já deu muito pano pra manga. Contaram-me que muitos anos passados, quando da disputa entre o governador Lomanto Júnior contra Waldir Pires, um comerciante do ramo de exportação de cacau chamou um lojista de origem portuguesa para acabar com a discussão acalorada num restaurante do Comércio, com uma aposta. Diz-me a fonte que o português era feliz marido de uma morena imensa, vistosa, que costumava pular a cerca e ele ou não sabia ou fingia.

A aposta foi proposta pelo empresário da seguinte forma: se Waldir ganhasse o outro ficaria com seu carro rabo-de-peixe, veículo cobiçado. Se Lomanto Júnior fosse o vencedor ele ficaria com a morena. Lomanto ganhou e o exportador foi cobrar seus direitos. Por trás do caixa do restaurante o perdedor disse que tudo não havia passado de brincadeira, que não levasse a sério. O empresário até que levou na esportiva, mas quando ia saindo a morena gritou lá de dentro da cozinha:

- Ei, está errado! Ganhou tem de levar.

Claro que ela vira ali a chance de tirar a barriga do fogão, pois o ganhador era um homem de muitas posses. E já que era assim ele levou, para desconsolo do perdedor que chegou a ser consolado pelos amigos, alguns que já tinham posto chifre, que diziam ter a moça um caráter duvidoso, um comportamento repreensível, no que o portuga responde a chorar de dar dó:

- Mas era minha - completando: - Quem vai cozinhar agora!

E por falar em eleição, minha tia lembra que o velho ACM era conhecido como o Pelé Branco das construções, por causa das obras que mandava fazer quando prefeito. E quer saber se o ACM Neto será o Neymar. Tomara que sim. Perna de pau basta o time do Bahia.