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Operário morre soterrado na Via Expressa

A rotina de uma vida interrompida. Niosvaldo Santos Silva, 46, saiu de casa ontem pela manhã para mais um dia de trabalho no canteiro de obras da Via Expressa Baía de Todos os Santos, na Rótula do Abacaxi, em frente ao Atacadão. Mas o servente não pôde voltar ao lar. Por volta das 15h30, enquanto Branco, como era conhecido entre os colegas, fazia a limpeza de um canal, um deslizamento de terra atingiu o operário. Ele morreu no local.

Antes que a perícia chegasse, o corpo de Niosvaldo foi removido para um galpão da OAS Engenharia, empresa responsável pela obra. O irmão da vítima, Nivaldo Carvalho Silva, acreditando que havia acontecido apenas um acidente de trabalho, entrou em desespero quando viu que um membro de sua família havia morrido, e precisou ser amparado por outros trabalhadores da construção. A obra foi suspensa ontem após o acidente.

Para Adalberto Galvão, presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção Pesada (Sintepav), a morte foi provocada pela falta de segurança no trabalho. “É mais uma nota triste nos acidentes de trabalho na área da construção civil. Esse fato revela a visão cartesiana que as empresas têm no sentido de tocar a obra enxergando somente o concreto, sem se preocupar com a vida humana”, declarou.

Somente no canteiro de obras da Rótula do Abacaxi, mais de 700 operários estão em atividade. De acordo com Galvão, a segurança no trabalho é uma questão que deve vir em primeiro plano. “Diante do ocorrido, já acionamos o Ministério Público do Trabalho para que intervenha e suspenda a continuidade da construção até que as causas dessa fatalidade sejam conhecidas.

A empresa vai responder civil e criminalmente”, disse o presidente do Sintepav.
Entre os trabalhadores, os sentimentos se misturavam. “Os empresários só querem ver a produção e esquecem a questão da segurança, negligenciam...”, revolta-se um operário que preferiu não ser identificado. “São coisas da nossa vida, né? Lamentável o que aconteceu. Dói ver uma situação como essa”, solidariza-se outro operário.

A Companhia de Desenvolvimento Urbano do Estado (Conder), responsável pela obra, criou uma comissão para apurar as causas do acidente do funcionário da OAS.