Moda

Moda árabe é produzida no Brasil

São kaftans, túnicas, chemises e batas

Foto: Anba
Sarah Hiaty

Uma brasileira fez da moda árabe o seu empreendimento e da difusão desse estilo de vestir no Brasil o seu foco diário. O negócio de Sarah Hiaty, de 52 anos, descendente de libaneses e emiradenses, surgiu diante de uma necessidade pessoal, passou pela comercialização de peças de terceiros e se transformou em uma marca própria de roupas femininas árabes, a Sarah Hiaty Arabic Collection.

As roupas produzidas e comercializadas são típicas da cultura árabe, como kaftans, túnicas, chemises e batas. As peças chamam a atenção na internet pelo colorido e a criatividade e têm uma grande quantidade de adeptas no mercado brasileiro e no exterior. Através de uma página no Instagram, Sarah faz negócios com clientes árabes e não árabes de diferentes estados brasileiros e de outros países como Suíça, Egito, Itália e Canadá.

Nascida em Ribeirão Preto, interior de São Paulo, a brasileira não tinha a intenção de ser empreendedora e a ideia de marca veio pela necessidade. Apesar de ter nascido no Brasil, Sarah estava morando no Egito há cerca de três anos quando precisou voltar ao país natal. Com apenas duas malas de roupas, a ideia era ficar por poucos meses para cuidar da mãe que estava doente.

Mas em março do ano de 2020, com o fechamento das fronteiras em razão da pandemia da covid-19, a brasileira, assim como muitas pessoas no período, se viu sem trabalho, longe do cônjuge e sem nenhuma perspectiva de quando poderia voltar para o Egito.

Convertida ao islamismo, Sarah tinha nas malas apenas roupas do estilo árabe, como kaftans. No mesmo mês que voltou ao Brasil, ela foi chamada para fazer uma palestra sobre empoderamento da mulher no Islã. Foi nesse evento que o jeito de se vestir da brasileira começou a chamar a atenção de algumas mulheres.

Como estava sem uma fonte de renda, a brasileira aproveitou o interesse crescente por suas roupas para vendê-las e conseguir algum dinheiro para se manter junto com a filha vivendo no Brasil. Conforme as peças eram vendidas, Sarah se viu sem muitas roupas e não sabia onde comprar novas peças árabes, que ela já estava acostumada a usar. Em uma noite, preocupada com a condição financeira, a brasileira teve a ideia de criar uma marca de roupas árabes.

Além de produzir as próprias peças, Sarah ainda poderia aproveitar para vendê-las para pessoas que tivessem o mesmo gosto de moda. Em quatro meses, ela e a filha Maria Eduarda criaram a marca Sarah Hiaty Arabic Collection. “Minha filha é uma exímia desenhista. Formada em design gráfico, foi ela quem desenhou as peças que eu queria vender. A gente procurou um atelier que pudesse atender nossa demanda do zero. Eu não tinha nenhuma cliente, mas comecei com toda a coragem. Minha filha criou o Instagram da marca e é por lá que recebemos os pedidos de encomendas até hoje”, relembra Sarah.

O crescimento

Em junho de 2020, Sarah negociava as primeiras vendas. Hoje a marca conta com mais de seis mil seguidores na internet. Em quatro anos, a empresária recebeu encomendas de compradoras dos estados do Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte, São Paulo, Paraíba, Paraná e Amazonas. Com peças exclusivas e quase sem estoque, a brasileira consegue negociar o preço por mensagem na rede social.

O kaftan é o verdadeiro carro-chefe da empresa. Feito com materiais distintos como seda, seda pura, seda musseline, viscose de algodão puro e seda com poliéster, as clientes recebem um tutorial de como lavar as peças.

“As roupas da nossa marca têm muita qualidade e são feitas com materiais finos. Por isso, quando aparece uma interessada, a gente explica o porquê do valor, que pode parecer alto, e como ela deve lavar essa peça para conservá-la. Não somos uma marca industrializada que faz 40, 50 peças do mesmo modelo. Somos uma marca de mãe para filha”, explica Sarah.

O feedback das clientes tem sido a ferramenta principal usada pela empresária para crescer profissionalmente. “Já aprendi muito nesse tempo com a marca. O nosso aperfeiçoamento vem da busca por entender o que as clientes querem. Sabemos ouvir e lemos muitos depoimentos das compradoras.”

Além da filha, que é sócia no negócio, Sarah conta com três atendentes. Para quem estava começando a empreender agora, ela aconselha: “quando você vai partir rumo a um caminho desconhecido, o importante é estudar o máximo que puder sobre o assunto porque com certeza vai ter muitas pedras, cachoeiras e até deslizamentos pelo caminho.”