Helô Sampaio

Uma receita de bobó de frango para comer antes da canjica no São João

E saiba porque eu não passo a festa junina em Salvador


Canjica
Foto: Veto Nogueira | Pexels/Creative Commons

Eh! Seo bichinho! Pois não é que São João já está batendo nas portas, não esperando comemorar direito nem as festas do Santantoinho?

Só se fala em Sanjoão, canjica, milho verde e fogueira. E eu espero que este ano tenha realmente muita canjica pra gente comer. Adoro canjica. E, lá em Ibicaraí, eu ainda vou, na maior cara de pau, nas casas dos amigos pra saborear a canjica. Se não tiver, paciência,fico no lero-lero, disfarçando o objetivo da visita, e logo caio fora. Mas, se tiver uma canjiquinha... ‘nois leva o papo’ até mais tarde, na segunda rodada, he-he.

Ainda bem que esta é uma festa que não se acaba, principalmente no interior. Ainda aparecem algumas fogueiras, os fogos sempre iluminam a noite do santinho, e a comida abunda na mesa (não gosto deste termo, vamos dizer que a comida é farta e ‘não farta’ de jeito nenhum). E não é só canjica, não: a mesa fica farta de pratos cheios para a gente devorar.

É por isso que eu não passo a festa aqui na capital. Lá em Ibicaraí, em toda casa há  fartura da comida junina: bolo, canjica, milho verde, e um bocado de salgadinhos além dos licores de variados sabores. Eu mesma já encomendei vários a um amigo que foi em Cachoeira, pois o licor de lá é uma delícia. É bom demais da conta, fifo. Compro logo um bocado – jenipapo, amarula, cupuaçu, gengibre - pois fica para depois a gente tomar um aperitivo antes do almoço nas sextas-feiras e sábados, que ninguém é de ferro, né, lindinho? Tintim! Ah! e tem uns nomes maravilhosos: Maria Bonita, Pau nas Coxas, Amansa Corno... Amo essa criatividade.

E me dá saudade de dona Canô, quando habitava esta esfera. Todo ano eu passava na casa dela, ficava batendo papo, tomando licor e ‘filando a boia’. Canozinha era uma maravilha de pessoa. A prova são os filhos maravilhosos com que ela premiou nossa terrinha, né Mabelzinha, Rofrigo e Irene, que são amores na minha vida? Não tive contato com Caetano e Bethânia, mas eu os amo muito também. (Quando eu descer para o São João em Ibicaraí, vou dar uma passadinha em Santo Amaro para o abraço carinhoso em que estiver lá, pois amo a família todinha. Mas me aguarde, viu, Mabelzinha e Irene, he-he).

Chegando em Itabuna, vou com a maninha Ana pra Ibicaraí, onde já chgamos provando o licor de Rose e Aguiar, o de Mariluzia (minha querida amiga de infância, que chamamos Bau), o Dete  e Dega  (esse eu provo com Otaviano e Patrícia) e, claro o do irmãozinho Lula, que com Terezinha, providenciam os melhores licores da cidade. Ah! Ainda tem o de Cachacinha e Maria Gama, que moram no Alto da Bela Vista, donde se tem uma vista maravilhosa da cidade. É só juntar a vista e o licor que a festa está completa. Para mim, já é tradição ir para o sítio de Cachacinha e ficar lá, tomando licor e pensando na vida. Tem coisa melhor não, fifo.

Mas agora, Patrícia, mulher de Otaviano, vai preparar para mim este bobó de frango que é uma delicia dos deuses. Aventais a postos, vamos para a cozinha preparar o bobó.

Bobó de frango de Patricia de Ibicaraí

Ingredientes

-- 3 kg de peito de frango cortado em cubos
-- 5 cebolas médias picadas
-- 6 tomates – sem peles e sem sementes – cortados em cubos
-- 2 pimentões – sem peles –picados em cubos
-- Uma xícara (de café) de azeite de dendê
-- Meio quilo de aipim cozido
-- Um vidro de leite de coco
-- Uma xícara de leite de vaca
-- Coentro, pimenta de cheiro, sal e pimenta do reino a gosto.

Modo de preparar

1 - Esquentar o azeite e refogar a cebola, o tomate, o pimentão e a pimenta de cheiro.

2 - Colocar o frango e refogar até ficar cozido e obter bastante caldo. Temperar com pimenta do reino.

3 - Bater no liquidificador a mandioca com o leite de coco e o leite da vaca até obter um creme grosso.

4 - Adicionar o creme aos poucos no refogado, mexendo sempre para misturar bem. Deixar ferver e passar a mexer de vez em quando. Colocar o sal – a gosto – e o dendê.

5 - Desligar o fogo e adicionar o coentro picado, misturando tudo.

Saborear com os amiguinhos destacando que o povo de Ibicaraí sabe mexer bem com as panelas, he-he. E só faz coisa boa, pode crer. Otaviano e Patricia, quando eu chegar aí, quero provar, viu, lindinhos? Beijão, queridinhos, e bom apetite.