Fogaréu no arquivo e lá se vai a minha autobiografia não autorizada. O calhamaço já beirava 700 páginas de elegias – visto assim sobre este ângulo, eu mais parecia a perfeita tradução de um portentoso conquistador de novos e velhos mundos: Magno ou Grande?

Haja vista que fui eu mesmo eu quem pôs fogo no quarto, deduzo que se trata de um golpe de marketing para valorizar uma nova versão ampliada.

Aliás, o fogo é o que me move neste mundo inflamável. Cleptopiromaníaco foi como me diagnosticaram, por ter roubado a tocha olímpica e emprestado para Nero acender sua fogueirinha em Roma.

Essas chamuscadas e outras assaduras não diminuem a importância das chamas que solto pelas ventas quando é noite de lua vermelha: quis o azar da sorte que a minha infelicidade de lobisomem fosse geneticamente cruzada com dragão.

A azia é o que move a minha indignação e minha verve de biógrafo. O alpinismo social me levará aos píncaros da glória e à boca do Etna – o vulcão que almejo provocar – assim como fiz em Pompéia na outra encadernação – quero ver o mar pegar fogo para comer cardumes de vermelhos do rabo aberto, fritos.

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O cineasta (roteirista e diretor) José Araripe Jr. (Arara) apresenta personagens em crônicas, contos e sinopses; sempre acompanhadas de uma ilustração de sua lavra e uma narração coloquial em viva voz.