Música

Ortinho lança 'Repensista' (com referências à poesia popular)

O EP vem com três faixas inéditas

Foto: Divulgação
A arte gráfica da capa foi assinada por Noelle Marão

Nasceu o EP Repensista, novo trabalho de Ortinho, artista inquieto das terras de Caruaru-PE, que surgiu na cena musical dos anos 90 de Recife, junto com nomes do movimento que ficou conhecido como “Manguebeat”.

É o início de uma obra que carrega as influências que Ortinho tem da música dos anos 60 e 70 , batizada por ele de “Nordeste Psicodélico”, gênero musical que uniu a cultura de raiz popular nordestina com a psicodelia dos instrumentos elétrico, tendo como expoentes artistas como Zé Ramalho, Cátia de França, Raimundo Fagner, Amelinha, Ednardo, Alceu Valença, Ave Sangria.

O EP vem com três faixas inéditas: “Grito de uma Arara”, parceria de Ortinho com Marco Polo, compositor e cantor da banda Ave Sangria; “De Repente Cássia Eller”, parceria com o guitarrista e multi-instrumentista Rovilson Pascoal; “Senhora do Amor”, de autoria de Ortinho.

As composições trazem as referências da poesia popular presente na literatura de cordel, através das métricas que Ortinho usa em sua obra.

Os aboios, maracatus, cabloquinhos, incelênças estão presentes, juntamente com as violas sertanejas, que se entrelaçam com as guitarras de Rovilson Pascoal, um baixo de de Ricardo Prado pontuando com a bateria de Guilherme Kastrup.

A arte gráfica da capa foi assinada por Noelle Marão, que mescla linguagem psicodélica com obras de artistas pernambucanos - como a reprodução de Mané Pãozeiro, de Mestre Galdino e o desenho de parte de uma obra do artista plástico Derlon. 

O lançamento do EP Repensista será nesta sexta-feira (10 de maio), nas plataformas digitais.

Confira as letras

De repente Cássia Eller
Letra: Ortinho
Música: Ortinho e Rovilson Pascoal

No momento que você me deixar
Meu sorriso vai ficar diferente
Ao contrário eu vou travar os meus dentes Numa guerra com os meus pensamentos

Vou botar meu juízo em qualquer canto
Contanto que fique proibido
Vou meter um sapo em meu ouvido
Para engordá-lo com todos os meus grilos

Pois não vai mais acreditar no amor
Não quero mais saber dessa agonia
Vou viver feito um doido na orgia Que nem lobo uivando de calor

Das pessoas só vou me aproximar
Pra satisfazer as minhas vontades
E no rio das mentiras e verdades
Vou jogar tudo pra dentro do mar

Não se engane comigo meu compadre
Não sou desses que habla para enganar
Foi perdendo que aprendi a ganhar E por isso nem tudo me comove
Quando dou um passo para frente Deixo todos os outros para trás
E vou abraçar me abraçando em qualquer braço
Pois os seus braços eu não abraço mais

Não te abraço nunca mais
Não te abraço nunca mais
Os meus braços com teus braços
Não se encontrarão jamais

Grito de uma Arara
Letra & Música: Ortinho e Marco Polo

Quando vi o teu sorriso
Iluminando a tua cara
Dentro deu tocou um sino E o grito de uma arara

Tanto era o meu destino
De te amar e te amara
Mesmo que o demo viesse
A duelar com a minha alma

Eu vi que o meu sossego
Era ter o teu apego
Pelo tudo pelo meio
Pelo tato e pelo cheiro

Pela vida pela morte
Por dezembro e por janeiro
Minha vida é toda tua
Com você eu sou inteiro

Teus cabelos me enlouquecem
Os teus olhos me internam
Tuas mãos desatam os nós
E em teus seios me liberto

Senhora do Amor
Letra & Música: Ortinho

Senhora do amor pode se achegar
Venha tomar café fique pra almoçar
Me leve pra dormir me nine p’reu sonhar A minha hora chegou é hora do amor é
hora de amar Senhora do amor

Eu já passei por muita coisa
Camará
Que o pensar causa até dor
Camará
Já mirei no estilingue e feri um beija-flor
Camará

Não choro pela saudade
Camará
Eu só choro é pelo terror
Camará
Tenho pena das crianças crescendo sem ter amor
Eu tenho pena é das crianças que eu vejo sem ver amor

Senhora do amor