Saúde

HPV afeta 54,4% das mulheres
que iniciaram a vida sexual

A forma mais eficaz de prevenção contra o HPV é a vacina

A  taxa de infecção pelo HPV na região genital atinge 54,4% das mulheres sexualmente ativas e 41,6% dos homens no Brasil. Os números referem-se à modalidade de alto risco da doença. As informações são da pesquisa nacional sobre a doença, encomendada pelo Ministério da Saúde e conduzida através do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (Proadi-SUS).

Dados do Ministério da Saúde mostram que o Brasil pode ter cerca de 700 mil novos casos de HPV por ano. A estimativa é que o país tenha entre 9 e 10 milhões de pessoas infectadas.

HPV é um vírus chamado Papiloma vírus humano responsável pela infecção sexualmente transmitida mais comum em todo o mundo. Grande parte da população tem HPV, alguns com sintomas e outros nem sabem que tem! Só para você ter uma ideia estima-se que, considerando população em geral, uma em cada 4 mulheres tem HPV. Nos homens é o dobro: Um em cada 2 tem o vírus. Se avaliarmos a população sexualmente ativa esse número chega a mais de 80%.

A maioria das infecções é transitória sendo combatida espontaneamente pelo sistema imune que é o seu sistema de defesa. Nesses casos há regressão da infecção entre seis meses a dois anos após a exposição, principalmente entre as mulheres mais jovens. 

A ginecologista Denise Yanasse explica que o HPV é a infecção sexualmente transmissível mais comum no mundo. “O HPV é um vírus sexualmente transmissível. Ou seja, você pega ele através da relação sexual, e é o grande causador do câncer de colo de útero em mulheres. Ele também tem associação com outros tumores em homens e mulheres, bem como as verrugas genitais.”

Segundo a ginecologista, a forma mais eficaz de prevenção contra o HPV é a vacina, que também é capaz de evitar entre 70% e 90% dos cânceres de colo de útero. Dados do Ministério da Saúde mostram que em 2023, foram aplicadas mais de 6,1 milhões de doses da vacina contra o HPV.  Esse número marca o maior índice desde 2018, que registrou 5,1 milhões de doses. Em 2022, pouco mais de 4 milhões de doses foram aplicadas.

Para aumentar a adesão à vacinação e eliminar o câncer de colo de útero como problema de saúde pública, o Ministério da Saúde adotou uma nova estratégia de vacinação contra o HPV. A partir de agora, o esquema de vacinação contra o HPV será em dose única, substituindo o antigo modelo de duas aplicações. Segundo a pasta, com essa mudança a capacidade de imunização dos estoques disponíveis no país praticamente dobra. 

O público-alvo da vacina contra o HPV é formado por:

-- Meninas e meninos de 9 a 14 anos
-- Pessoas de 15 a 45 anos de idade imunocompetentes, vítimas de violência sexual e outras condições específicas.

O Ministério da Saúde recomenda que os estados e municípios realizem busca ativa para garantir que jovens brasileiros de até 19 anos tenham acesso à vacina contra o HPV. Nessas situações, todas as pessoas dentro dessa faixa etária que não tenham recebido uma ou duas doses do imunizante no período recomendado podem receber o esquema em dose única.

Sintomas

As primeiras manifestações da infecção pelo HPV geralmente aparecem entre aproximadamente 2 a 8 meses após a exposição ao vírus, embora possa levar até 20 anos para que algum sinal da infecção se manifeste. Essas manifestações tendem a ser mais comuns em gestantes e em pessoas com sistema imunológico comprometido.

O diagnóstico do HPV é atualmente feito por meio de exames clínicos e laboratoriais, dependendo do tipo de lesão, seja clínica ou subclínica.

A social mídia Gabriela Vilhena, 29 anos, moradora de São Paulo, relembra que foi diagnosticada com HPV em 2017, após o aparecimento de lesões.

“Quando as primeiras lesões apareceram eu não sabia muito sobre a doença. Então quando eu pesquisava sobre, aparecia câncer de colo de útero; e  para mim já era uma coisa muito definitiva, como uma sentença. Porque a gente não ouve falar o suficiente sobre HPV, sobre os cuidados que a gente precisa tomar, tudo isso eu fui aprender basicamente quando eu fui na ginecologista”, explica.

O HPV pode se manifestar como lesões benignas como verrugas pequenas e imperceptíveis, crista de galo, figueira, couve-flor ou condilomas; sendo os locais mais comuns de aparecimento a vulva, vagina, colo de útero, região perianal, ânus, pênis (geralmente na glande), bolsa escrotal e/ou região pubiana. 

O HPV tem relação com quase 100% dos casos de câncer de colo do útero; 85% dos casos de câncer de ânus; 35% de orofaringe; e 23% de boca. Que fique claro: a maioria das pessoas com HPV não terá Câncer! Dentre as pessoas que tem HPV e que evoluem com Câncer isso não acontece do dia para noite, essa evolução não é rápida, normalmente entre a infecção e o início da doença demora mais de 10 anos.

Existem várias maneiras de prevenção, a primeira e mais importante é vacinação. Existem diferentes tipos de vacina para o HPV que protegem contra 2 a 9 desses tipos sendo capaz de prevenir até 90% dos Cânceres de colo de útero. Essas vacinas são recomendadas para meninas a partir de 9 anos e meninos a partir dos 11 anos; idade com alta taxa de resposta em que meninos e meninas normalmente não tiveram atividade sexual e, portanto, não tiveram contato com o vírus. É recomendada também para pacientes com alguma imunodepressão como paciente oncológicos, transplantados ou que vivem com HIV/AIDS. A segunda forma de prevenção, é usar preservativo nas relações sexuais e a terceira é comportamental: evitar ter múltiplos parceiros.

Como saber se possui HPV? - Se você tem as doenças associadas ao HPV como verrugas ou os Cânceres que falei é muito provável que tenha HPV. Isso vale para as lesões pré-malignas identificadas no rastreamento do câncer de colo de útero. É possível também saber por meio de pesquisa de HPV no colo de útero usados em alguns casos como parte do rastreamento. 

Qual o tratamento do HPV? - O que temos são tratamentos para tratar as doenças que o HPV pode causar. Você pode tratar as verrugas quando essas surgirem e deve ficar atento aos Canceres relacionados ao HPV para descobrir e tratar o mais precoce possível. Se você notou alguma lesão suspeita, está nos grupos indicados para vacina e rastreamento ou tem alguma dúvida sobre isso não deixe de procurar o médico que pode ser um Clínico Geral, Infectologista, Ginecologista ou urologista.