Bahia

Marcha do Silêncio lembra as vítimas da ditadura militar

A caminhada vai reunir parentes, amigos e companheiros de 32 desaparecidos baianos

Data para celebrar a memória de quem lutou para restabelecer a democracia

Os 60 anos do golpe militar de 1964 estão sendo marcados com várias atividades na Bahia, culminando com a Marcha do Silêncio, no dia 1º de abril, com saída às 17h, da Praça da Piedade, passando por toda Avenida Joana Angélica e chegando no monumento aos mortos e desaparecidos da Ditadura Militar, no Campo da Pólvora.

A caminhada vai reunir parentes, amigos e companheiros dos 32 desaparecidos baianos durante a ditadura militar que durou de 1964 a 1985, e integrantes da sociedade organizada que lutam contra o esquecimento destes crimes e exigem a cada ano respostas sobre o paradeiro destas pessoas.

Portando cartazes com fotos de mortos e desaparecidos, flores, tochas e cruzes, os integrantes vão caminhar em silêncio ao som de um surdo, distribuindo às pessoas que assistirão o cortejo, panfletos explicando os motivos da manifestação e pedindo respostas ao governo.

Programação Marcha do Silêncio 

-- 15h - Concentração na Praça da Piedade

-- 16h30 - Abertura da marcha com manifestações de representantes de entidades organizadoras e promotoras da marcha 

-- 17h - Saída do cortejo pela Avenida Joana Angélica com manifestantes em silêncio portando faixa lembrando os 60 anos do Golpe Militar,  tochas, cartazes de protesto contra a Ditadura Militar exigindo respostas sobre as vítimas do movimento e com fotos de 38 militantes de esquerda torturados, mortos e desaparecidos na Bahia e em outros estados, flores e cruzes ao som dos toques de um surdo.

18h - Chegada ao monumento aos mortos e desaparecidos da Ditadura Militar no Campo da Pólvora, onde serão depositadas flores e fincadas as cruzes, com início de discursos de Joviniano Neto (Tortura Nunca Mais) e Raimundo Fontes (Abraspet) e dos presentes contra estes crimes que após várias décadas persistem sem identificação e condenação dos culpados, pela localização e identificação dos restos mortais das vítimas, além de cobrar a reinstalação imediata da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos da lei 9140/95.

Atrações: Banda Neojibá, cantores Pantera e Farofa

Desde 2019

A marcha em Salvador teve sua primeira edição em 2019, foi suspensa pela pandemia em 2020 e 2021, sendo retomada em 2022 e 2023, e completando sua quarta edição em 2024.

De acordo com o professor e sociólogo Joviniano Neto, a Marcha do Silêncio é inspirada por evento semelhante iniciado no Uruguai, que junto com Brasil, Argentina e Chile, viveram a repressão e a violência de uma ditadura militar, traduzida em prisões arbitrárias, tortura, assassinatos e desaparecimento dos corpos das vítimas da repressão a opositores da extrema direita.

A marcha uruguaia é realizada há 29 anos, a cada 20 de maio, sob a liderança da Associação de Mães e Familiares de Uruguaios Detidos e Desaparecidos, entre muitas organizações, movimentos e personalidades que a apoiam.

Segundo Diva Santana, ex-presidente do Grupo Tortura Nunca Mais na Bahia, e ativista de conselhos e de movimentos pela busca de informações sobre o paradeiro dos desaparecidos políticos do regime militar em todo o país, irmã e cunhada dos desaparecidos Dinaelza Santana e Wandick Coqueiro, estão previstos vários eventos e manifestações ao longo de 2024, mostrando que mesmo após seis décadas da deflagração do golpe militar, a reação dos familiares, vítimas e da sociedade civil pelas buscas aos desaparecidos e pela condenação dos culpados continua forte. "Não serão esquecidos", garante Diva.

Na Bahia, a marcha é organizada pelo Grupo Tortura Nunca Mais, Abraspet, Aepet, Sindipetro Bahia, Apub, ADJC, Astap.

No dia 23 acontece em Salvador o "Dia Nacional de Mobilização", organizado pelas frentes Brasil sem Medo e Brasil Popular, que reunem os partidos de esquerda, centrais sindicais, entidades estudantis e outras organizações do movimento social.

Com o eixo "Em defesa da democracia, sem anistia, punição aos golpistas – Em memória dos 60 anos do Golpe", a concentração ocorrerá às 15 horas, no Largo do Pelourinho, onde será realizado o ato político-cultural.

A capital baiana e São Paulo vão sediar os principais atos que terão caráter nacional.