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EUA tentam conseguir cessar-fogo de curta duração na Faixa de Gaza

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aumentou as críticas ao governo de Israel

Foto: FDI
Soldados da Força de Defesa de Israel, em operação na Faixa de Gaza

Ao jornal Al-Arabi Al-Jadid, do Catar, uma fonte egípcia disse que o diretor da CIA, William Burns, visitou secretamente o Cairo na sexta-feira e discutiu a possibilidade de obter uma breve trégua humanitária de dois a quatro dias, período durante o qual as negociações para o acordo devem prosseguir.

O diretor do Mossad, David Barnea, disse ao diretor da CIA que neste momento “o Hamas não está interessado no acordo e se esforça para incendiar a região durante o Ramadã, às custas dos residentes palestinos da Faixa de Gaza”.

O Hamas mantém as mesmas posições que impediram o prosseguimento das conversas: exige um cessar-fogo permanente, regresso dos deslocados ao norte da Faixa de Gaza e retirada completa das tropas israelenses de Gaza.

Em discurso que antecedeu o início do Ramadã, o líder do Hamas no exterior, Ismail Haniyeh, afirma que Israel é responsável pelo colapso das negociações porque “evitou dar garantias claras relativamente ao cessar-fogo, à retirada das suas forças ou às garantias para o regresso dos deslocados de Gaza”.

Todos esses itens não faziam parte das linhas gerais obtidas nas negociações ocorridas em Paris e em Doha.

A posição de Joe Biden

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, aumentou as críticas ao governo de Israel. Em entrevista ao canal norte-americano MSNBC, Biden disse acreditar que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu “prejudica mais do que ajuda Israel”. Ele também disse estar pronto para retornar ao país e até fazer um pronunciamento no Knesset, o parlamento israelense.

“Netanyahu deve prestar mais atenção às vidas inocentes perdidas como consequência das ações tomadas”, disse Biden em mais uma crítica às ações de Israel na Faixa de Gaza.

O presidente norte-americano disse que a operação em Rafah é considerada uma “linha vermelha”, ou seja, o limite. Cerca de 1,3 milhão de palestinos encontram-se em Rafah. Israel diz que a cidade, ao sul de Gaza e na fronteira com o Egito, é o último ponto de resistência do Hamas. E que a vitória sobre o grupo palestino só será completa quando a incursão terrestre chegar ao local. A comunidade internacional teme o que pode acontecer à população civil que se refugia em Rafah. Israel se compromete a realizar a operação apenas quando conseguir retirar os civis.

“Eu nunca vou abandonar Israel”, completou o presidente dos Estados Unidos, um apoiador histórico do Estado judeu, mas que antes da guerra evitava encontros com o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu – que, desde seu retorno ao cargo, em dezembro de 2022, não foi convidado a visitar a Casa Branca.

Após os ataques do Hamas em 7 de Outubro, Biden retomou o contato com Netanyahu e se tornou inclusive o primeiro presidente dos EUA a visitar Israel durante uma guerra.

Já num ambiente pré-eleitoral nos Estados Unidos, Biden tem procurado buscar mais equilíbrio na abordagem ao conflito entre Israel e Hamas, uma vez que as ações israelenses têm sofrido críticas da comunidade internacional em virtude do número de baixas entre a população da Faixa de Gaza.

A visão do governo Biden para a guerra atual é mais ampla, procurando encontrar uma solução não apenas para a situação na Faixa de Gaza, mas também um caminho para a retomada de negociações entre israelenses e palestinos.

A estratégia norte-americana busca estabelecer uma agenda que inclui os seguintes itens: a reconstrução de Gaza, a libertação dos reféns israelenses sequestrados pelo Hamas, o fortalecimento e a renovação da Autoridade Palestina (AP), a retomada do processo de criação de um estado palestino, o estabelecimento de relações diplomáticas entre Arábia Saudita e Israel, e a criação de um eixo capaz de conter as aspirações regionais do Irã.