Mulheres no Pagode Baiano
Uma backing vocal é importante para a harmonia da banda, uma dançarina é interessante para a performance visual do grupo, mas como baiano vê o limite e ultrapassa, o pagodão inventou a back dance. Depois das dançarinas de pagode ganharem os olhares do público, desde Gera Samba/É O Tchan com a loira e a morena do Tchan, até os dias atuais nos palcos das mais diversas bandas, as back dance surgiram para abrilhantar ainda mais os shows. Elas são as musas que fazem a segunda voz do cantor(a), participações em algumas músicas e também compõe o corpo de baile no palco. Pois é, alguém que canta, dança e interpreta ao mesmo tempo, tipo as divas mais bem preparadas, Beyoncé e Ludmilla.
As back dances são conhecidas por passar a maior parte do show com a bunda no paredão e o microfone na boca, fazendo uma sinfonia entre a segunda voz da música e a coreografia que faz homens e mulheres ficarem hipnotizados pela habilidade com o rabetão. É na própria favela, no bar do lado de casa ou na casa da vizinha, normalmente na infância, que a relação com o pagode, a dança, e as idas ao paredão começam para meninas que têm o sonho de ser dançarinas e/ou cantoras famosas.
De acordo com o levantamento de dados realizado pelo Projeto Pagode Por Elas (@pagodeporelas), em um universo de 623 respostas, no qual 242 se identificam como moradores de periferia e 47,5% consomem pagode quase sempre, se traduz o fato de que o contato com o ritmo em Salvador é quase inevitável . E, algumas vão além. A digital influencer e back dance da banda Fala Com o Trem, Cris Santos (@opai_cris), tem o sonho de ser dançarina desde pequena. Dançou maculelê, ginástica rítmica e valsa, mas só agora, aos 19 anos, alcançou o auge da sua expressão corporal, postando vídeos das performances que faz nos paredões da cidade. A back dance da banda A Dama, A Preta Gi (@_apretagi), também dançou valsa na adolescência, além de dança contemporânea. “Aí eu me esbarrei no pagode e hoje sou apaixonada pelo que eu faço, me sinto mais empoderada dançando”, compartilha Gi.
A arte de sensualizar através da dança é talvez tão antiga quanto a própria história da arte e da dança. Desde os ícones como Gretchen e Rita Cadilac até chegar às mais recentes musas como Mc Rebeca, nova estrela do funk carioca, muita coisa aconteceu. A sociedade está começando a compreender que dançar na noite, em bandas e boates, pode ser a escolha profissional de muitas mulheres e que elas merecem respeito como pessoas e artistas.
Apesar das mudanças, ainda existe um estereótipo em torno de mulheres dançarinas e frequentadoras de paredão, que está atrelado ao machismo e as formas que ele se mostra. Um exemplo do imaginário social construído ao longo dos anos sobre as mulheres que frequentam pagode é o conceito da piriguete, que seria segundo o pesquisador Clebemilton Nascimento, a mulher inserida no contexto do pagode e que participa ativamente dos shows dançando, mas que é reduzida socialmente por tal. Algumas músicas dos anos 2000, por exemplo, falam das piriguetes como “As piriguetes chegaram”, do grupo Pagodart.
"Desde quando as mulheres começaram ocupar algum espaço dentro do pagode, foi nesse lugar mais objetificado, do corpo e da dança sexualizada", comenta a jornalista e especialista em Estudos Culturais Histórias e Linguagens, Danutta Rodrigues, e complementa:
A verdade que a mulher foi colocada como objeto de prazer no pagode baiano e isso reflete muito a nossa sociedade
Uma das dificuldades mais citadas pelas dançarinas e back dances entrevistadas, foi a falta de valorização. A cantora Alessandra Freitas (@alessandraoficiial), anos depois de sair dos palcos como back dance da La Fúria, comentou: “Às vezes a gente não tinha o reconhecimento esperado, apesar de muito empenho da nossa parte”. Trancista, maquiadora e youtuber Cris Santos fala que nunca teve ninguém influente para fazê-la conhecida e que os quase 50 mil seguidores foram fruto da sua dedicação e amor pela dança. A digital influencer do pagode não mediu palavras para dizer que o valor que normalmente oferecem para pagar uma dançarina é uma “merreca”, o que acaba desvalorizando a profissão e as profissionais. Ela, por exemplo, exerce mais de uma profissão para poder pagar as contas.
Segundo a escritora do livro-reportagem “O gostoso é mais embaixo”, Danutta Rodrigues, parte da equação que dificulta a visibilidade positiva das mulheres no pagodão, é a marginalização em torno do ritmo advindo das periferias da cidade. Apesar dessa realidade, ela complementa o pensamento, “o papel da corporeidade feminina no pagode baiano perpassa a objetificação, mas tem também um espaço importante de protagonismo. As dançarinas conquistaram um espaço extremamente importante para dar visibilidade às bandas desde É O Tchan até as bandas atuais”.
Mas, finalmente, chegam os refrescos. A quebra de estigmas sobre as “piriguetes” é real, já que cada vez mais a imagem de pecado e perdição é desassociada das dançarinas e performers profissionais. A atual back dance da banda La Fúria, Elizabete Gonçalves (@negrajapaoficial), 24, mais conhecida como a Negra Japa, contou que hoje tem fãs de todos os sexos e idades, desde crianças que mandam vídeo dançando, até homens que conseguem admirar seu trabalho sem desrespeitá-la, o que não significa que é uma regra entre o público masculino.
Elizabete relatou que alguns homens passam dos limites, o que é esperado, porém ela entende que a forma de lidar com essas situações tem a ver com postura. “Eu sempre falo, se você não se respeitar, ninguém vai. Eu faço de tudo para não me expor muito, para o show não ficar vulgar, mas sensual e divertido. Recebo elogios de mães por causa do meu jeito”, explica a Japa. A visão da Preta Gi, back dance da banda A Dama, não é muito diferente sobre esse assunto. Quando questionada sobre o assédio dos homens, Gisele Nara - nome da da artista- disse que alguns homens respeitam, outros fogem, mas que independentemente deles, ela jamais mudaria quem ela é para agradar ninguém.
O levantamento de dados da pesquisa Mulheres no Pagode Baiano, citada acima, mostra que o público quer ver outras narrativas nas músicas do ritmo, já que 90% de 623 pessoas se incomodam com algumas letras de pagodes que falam sobre a mulher. A Dama, uma banda que mesmo comandada por uma mulher tem estourado entre os admiradores do pagode, e posicionamentos como o de Gi, por exemplo, se fazem necessários para que esta realidade comece a mudar, e também são indícios de que a cena está evoluindo no caminho da diversidade e respeito.
Ainda sobre postura, a Negra Japa passou uma visão de quem já aprendeu com alguns anos de vivência no pagodão: “O que você faz hoje, vai falar muito por você no futuro, ainda mais no meio da música, onde você é visto por todos. Mesmo que sua banda seja aquela de bairro, tem que ter a noção que os grandes (empresários, artistas, empresas, outras bandas de pagode ou até outro estilo), estão de olho”. Assim como o futebol e outras profissões, o meio musical pode iludir quem está imerso nele, sobretudo as mulheres, que podem acabar precisando fazer concessões maiores para ser visibilizada pelo seu trabalho, por isso se faz importante escutar a experiência das que vieram antes.
Não tem jeito, quem fez história no pagode baiano fica gravado na mente do povo. Não estar mais atuando na cena, mas ser lembrada e reverenciada por outras é a realidade de algumas mulheres como Leokret (@leokret), Jady Girl (@jadygirldiva), Katê (@kateoficial) e India Smith (@indiaoficial). Os motivos das transformações são os mais diversos, mas todas se orgulham da trajetória no ritmo.
“Agora eu moro em São Paulo e estou mudando o direcionamento da minha carreira porque os rumos que as letras do pagode baiano tomaram eu não colocaria nas minhas músicas ou cantaria nos meus shows. Mas fico feliz em saber que sou inspiração para novas cantoras, e espero que as meninas que estão chegando se preocupem com isso [as letras]”, comenta Katê. A cantora fala com muita emoção sobre composições como Pega Visão (2015) e A Minha Verdade (2015), que ela pôde gravar com Saulo e EdCity, respectivamente. Falando sobre seu lugar no pagode, disse que lá em 2012 não aceitava que dissessem a ela que mulher não podia cantar pagode, e foi criando seu legado principalmente porque acreditava no potencial e na verdade do ritmo que pulsa a Bahia.
Conheça outras personalidades, como Jady Girl e LeoKret, que foram figuras marcantes na história das mulheres no pagode:
Em um passeio no túnel do tempo do pagode baiano, apresentamos Jade Girl, ex integrante do Clube da Luluzinha, uma banda de Feira de Santana, composta por mulheres, que acabou em 2008. Em 40 minutos de entrevista por vídeo chamada, conseguimos conhecer um pouco da trajetória da mais desbocada das Luluzinhas. Ouvimos com atenção as histórias de 2006, quando o clube surgiu, também as que vieram depois, quando Jade foi expulsa do grupo e seguiu sozinha para Salvador, em busca do seu sonho: viver da arte. Depois de muitas risadas e perguntas, pudemos entender mais sobre a caminhada daquela menina braba, que aos 14 anos já cantava pagodão.
Jade se autoafirma “princesinha do sertão”, diz que desde nova sempre foi “cabra macho” e que não comia reg de ninguém. A sinceridade de suas palavras foi muito importante para entender o contexto de onde ela veio, e também o caminho que a levou a abandonar os palcos e os paredões. Hoje Jade é cristã, mas não tem vergonha alguma da sua história, ao contrário disso, ela compartilha suas memórias com muita empolgação e detalhes.
O destino e as deusas dos ritmos afro diaspóricos conectaram tudo até Jade Girl. Encontramos o CD da banda Clube da Luluzinha no YouTube, mas não havia informações para contato com o grupo. Em outro momento, conversando com um amigo sobre o tema da reportagem, a dificuldade de encontrar fontes e fazer uma cronologia da história das mulheres no ritmo, ele, com euforia, cantou um trecho da música que marcou sua adolescência: Quer namorar comigo, música protagonizada por Jade, enquanto vocalista da banda Ú Pam, em 2008. Parecia ser a chave que faltava para o passado das mulheres no pagodão. Com o nome de Jade em mãos e depois de uma longa stalkeada no Instagram, encontramos a ex vocalista da Ú Pam, que por coincidência, também comandou a banda mais antiga de mulheres cantando pagode das nossas pesquisas, o Clube da Luluzinha.
A conversa com Jade trouxe uma visão mais profunda sobre a história desse ritmo que acabou nos escolhendo para reportá-lo. A partir de suas falas, é possível perceber que não foi fácil seguir carreira para uma menina do interior, que aos 14 anos já precisava lidar com ambientes noturnos, empresário e a responsabilidade de ser vocalista de uma banda. Ela relatou que apesar de ser muito brava, era ingênua, por isso demorou de perceber o que chama de intenções duvidosas, a exemplo do empresário do Clube da Luluzinha que, segundo Jade, exigiu que ela saísse da banda após ter recusado as investidas dele.
“Eu era a mais nova, as outras meninas tinham cada uma seu boy grudado, eu era a alma livre, aquela menina encantadora que tudo ria e brincava de viver. Então eles tinham essa fixação por mim, eu não era casada e eles achavam que eu estava vulnerável à eles. Eles se aproximavam da pretinha sensual, traziam para perto para dizer você está aqui até quando eu quiser, e se você não quiser comigo, você não está mais. E eu dava só tchau, minha vida é minha e eu não preciso ficar com você para seguir meu sonho”. - Jade Girl
As dificuldades nunca foram suficientes para fazer a mulher que leva a favela no peito desistir de seguir. Depois da saída do Clube da Luluzinha, Jade veio morar em Salvador, de favor na casa de algumas pessoas, inclusive do cantor EdCity, vocalista da banda Fantasmão na época. Algumas portas se abriram para ela, que foi linha de frente no groove arrastado [uma das primeiras vertentes do pagode]. A partir disso, Jade participou de algumas bandas como a de Kannário, Fantasmão, Ú Pam e A Bronkka, mas se orgulha, em especial, da sua primeira experiência: “O Clube da Luluzinha me deu uma firmeza para eu sair cantando e também ser conhecida na cidade”.
Agora com 27 anos e uma bagagem de muitas vivências na conta, os mais de dez anos de pagode trouxeram algumas certezas. Uma delas é saber que não quer mais viver o que vivia no passado. Ela afirma que, querendo ou não, no meio do pagode e da noite existe droga, prostituição e outras coisas que não dialogam mais com o que almeja para sua vida. Imagina também, que se surgisse novamente na cena, seria diferente, teria mais visibilidade e investimento, além de se colocar no local de uma artista mais madura e que sabe da sua importância para o desenvolvimento do possível projeto.
Você [o empresário] tá me botando não, você precisa de mim. O projeto tá andando porque algo diferente tá acontecendo e eu sou esse algo diferente”. - Jade Girl
Porém, a ex Luluzinha fala com muita tranquilidade sobre isso, pois diz acreditar no plano de Deus para ela. Com muita emoção, Jade Oliveira, como se identifica artisticamente hoje, por seu nome e sobrenome, finalizou a entrevista contando que está para lançar um CD de axé gospel. Foi importante para a reportagem escutar a trajetória dessa guerreira da quebrada, que ocupa um importante lugar na história do pagodão, uma das primeiras a meter as caras.
“Eu vim de lá, fui de lá um dia e hoje eu vivo da música de novo, algo que nunca imaginei, Deus me agraciou com um empresário e o gospel me chamou”. - Jade Oliveira
Apesar do caminho que tem aproximado Jade de Deus, as vielas do pagodão não abandonam a moça. Para fazer dinheiro e pagar as contas, a eterna Jade Girl tem feito shows com o cantor EdCity, como bailarina. Ela afirma não ter voltado para o pagode, mas que está fazendo trabalhos.
“A- vocês vão ter que me aturar”, “E - eu sou quase uma mulher”, “I - vocês vão ter que engolir”. É no ritmo da música Melô do BeaBá (2011) que soletramos cada letra da história desta que é uma figura marcante no pagode baiano: Léo Kret do Brasil, ou como ela prefere, “Rainha da Fechação”, “A melhor”, “Espalhafatosa e sensual”. Num tom descontraído, a cantora nos concede a entrevista com leveza e espontaneidade, e conta sua trajetória entre risadas e muitos pitacos polêmicos sobre momentos que marcaram sua carreira.
De personalidade forte, Léo Kret, mulher transexual de 36 anos, crescida no gueto de Salvador, conta que tudo começou como bailarina na banda Saiddy Bamba , em meados de 2002 e, com tom meio rígido, revela polêmicas que vivenciou durante sua trajetória na banda. Foi por meio de grupos de dança e concursos de comunidades que Léo se afeiçoou à dança e logo foi notada pela banda e logo chamou atenção com seu jeitinho espontâneo, performances cheias de energia e ousadia. A cantora foi introduzida na banda Saiddy Bamba (1999), para performar apenas uma música, que era polêmica na época, e junto ao reconhecimento ela conta que teve de lidar com diversos tipos de preconceito.
“Uma mulher trans, numa banda de pagode que só tem homens, querendo ou não, eu comecei a me destacar, e quanto mais o público me amava, mais a banda me odiava”. - Léo Kret do Brasil
Com seu império em ascensão, do jeitinho espalhafatosa e sensual, por quase sete anos a imagem do grupo Saiddy Bamba foi sendo subtraída para se tornar a imagem da aclamada rainha Léo Kret da fechação. “Estrela quando tem que brilhar é babado”, pirraça a cantora com muita descontração na entrevista. Entre risadas e palavras sinceras, Léo Kret revela que este foi o ápice que a levou ser convidada para sair da banda, que integrou por quase oito anos. [...] Masssss, o império dela chegou! Tornou-se grande estrela na mídia local, sendo tocada em paredões e boates, até programas de rádio e TV da capital. Foi uma das precursoras que ajudou a construir a história e imagem das mulheres e LGBT’s na cena artística do pagode baiano, trazendo consigo discursos carregados de empoderamento e aceitação, principalmente nas comunidades mais carentes de Salcity [gíria local para se referir a Salvador].
“Eu vim como figurante, subi no palco pra poder servir como o bobo da corte, para fazer o povo dar risada. As letras eram pejorativas com a nossa classe (LGBT+), e eu usei disso pra poder mostrar meu talento. Quando eu subia no palco, eu mostrava que realmente entendia de movimentos, de balé e dança, e o povo viu que eu era uma dançarina profissional. Nisso, eu já comecei a pegar o microfone e falar meus textos. Depois, comecei a criar músicas para cantar com o próprio Alex (vocalista da banda), fazendo a segunda voz”. - Léo Kret do Brasil
Depois de conquistar o público com na cena musical, em 2008, aos 24 anos, Léo Kret ingressou no mundo político e foi eleita vereadora de Salvador - com a quarta maior votação da cidade -. Considerada a primeira parlamentar municipal transexual da capital, Léo integrou três comissões permanentes da Câmara Municipal de Salvador e exerceu seu mandato na Câmara de Vereadores até 2012. No ano seguinte, voltou com tudo para os palcos. Chegou a cantar funk sob a alcunha de MC Léo Kret, fez participação no clipe Arrasou Viado de Jojo Todynho, liderou o grupo de funk Léo Kret & As Novinhas, gravou o clipe da sua primeira música Aula do Quadradinho, e recentemente, “brocou” em sua participação no clipe Bola Rebola de Anitta, recheado de representatividade e com muito tempero da Bahia. Também realizou parcerias com outros artistas LGBTQ+ de Salvador, como no clipe Favelada da drag queen Nininha Problemática, tocado nas boates e nos paredões pela cidade.
“Eu fui subindo as escadinhas, e quando eu vi, já era protagonista, já estava comandando o palco. Aprendi a não ligar muito pras críticas, porque tem anos que eu já não me abalo mais com nada”. - Léo Kret do Brasil
Nas muitas risadas e momentos de descontração da entrevista, em dado momento Léo enrijece e fala sobre a luta da mulher para ocupar seu espaço na cena do pagode dominada pela voz masculina.
“A mulher trans, a mulher cis, as drags vão tomar conta de tudo e o povo vai ser obrigado a escutar. A gente está invadindo e ocupando nosso espaço”. - Léo Kret do Brasil
Entre as dificuldades de acesso para adentrar os espaços do mercado musical, principalmente para as minorias, a cantora reforça que ainda é uma cena muito difícil. Então, por isso, ela prefere continuar com a música como um hobbie.
“Porque quando eu posso gravar, eu gravo, quando eu posso fazer um clipe, eu faço, e eu não tenho aquela obrigação”. E complementa: “Tem muitas mulheres com talento, mas falta apoio de alguém pra abraçar e falar: vamos lá que você vai brocar!”. - Léo Kret do Brasil
Sempre na correria, Léo Krét conta que vai lançar em breve um próximo trabalho para resgatar a velha parceria com o cantor Alex Maxx, ex-Saiddy Bamba.
Essa história é das antigas…
Quem é de verdade [do pagodão] sabe que a La Fúria foi provavelmente a primeira banda a introduzir as back dances no seu show. Índia Smith, em 2012 e Alessandra Freitas, em 2014, já faziam os paredões pipocarem com suas performances e participações nas músicas da banda que dominava os hits das festinhas. A dupla, que não trabalha mais com pagode, tornou-se referência para muitas que chegaram depois.
Alessandra voltou aos palcos recentemente como a nova voz da sofrência e se refere às bandas que oportunizaram seu desenvolvimento, na época do pagode, com muito carinho. “Na La Fúria e na Hashtag fiz amizades que carrego até hoje, ganhei muita experiência, porque comecei ainda nova nesse meio. Eu sempre me dediquei muito, venho de uma família de lutadores de boxe que estimulou a disciplina em mim, mas hoje eu vivo uma realidade diferente”, comenta a cantora que agora comanda uma banda de arrocha. “Acabei me afastando um pouco dos palcos e do pagodão quando engravidei dos meus filhos, mas não consegui ficar longe [da música] porque é o que eu amo mesmo. Agora tenho o meu destaque de cantora nesse novo projeto e da época em que cantava em banda de pagode, levo a experiência e o carisma que conquistei”, finaliza.
Daiala Silva, a inesquecível India Smith para quem é das antigas no pagode, começou sua carreira por um acaso do destino, já que nunca foi muito ligada ao ritmo e hoje passou a investir na carreira de digital influencer. Ela contou que quando tinha 16 anos, Bruno Magnata [cantor da La Fúria] e Jorge Sacramento [dono da produtora que agencia a banda] insistiram muito para ela entrar na banda. “Quando comecei a ser back dance eu já era dançarina e cantava na igreja, fomos ensaiando e fazendo show até acostumar com a dinâmica de cantar e dançar. Eu acredito que as etapas da nossa vida geram conhecimentos únicos e todas as bandas que passei me trouxeram um pouquinho disso”, conta India.
Hoje, com quase 300 mil seguidores no Instagram, a ex dançarina não tem pretensão de voltar aos palcos, trabalha com a própria imagem enquanto figura pública e faz publicidade para marcas como Omo, 99pop e Skol. A quase 5 anos fora dos palcos, India opina sobre as mudanças da cena, “temos grandes nomes no pagode antigo, como Carla Perez e Scheila Carvalho, que deram nome totalmente às bandas. Eu não considero vulgar, a dança é uma arte, porém hoje é muito mais explícito do que antes, as dançarinas se expõem mais”. Ela finaliza a entrevista dizendo que é uma profissão como qualquer outra e que o respeito e a valorização precisa ser primeiramente das próprias dançarinas e back dances.
A atual back dance da La Fúria, Negra Japa, reafirma a importância da profissão e compartilha com bastante orgulho que hoje sustenta a família através do seu trabalho.
“Ser back dance mudou minha vida por completo. Nunca imaginei ser isso porque eu sonhava em ser dançarina do Faustão, mas hoje não consigo fazer um show bem se não tiver o meu microfone e um bom espaço para dançar”.