Quando o assunto é torcida organizada, a violência é a temática que primeiro vem à mente. No entanto, esses grupos possuem muito mais facetas e se relacionam com o social de maneira mais próxima do que muita gente pode imaginar. Nesta reportagem apresentamos Bamor e Imbatíveis, principais torcidas de Bahia e Vitória, respectivamente, e mostramos o seu engajamento social

torcida organizada
É só violência ou tem algo a mais?

por Heider Mota

A luz dos refletores do Barradão já haviam sido apagadas. Enquanto me encaminhava para o estacionamento, pensava em como tinha acabado de vivenciar uma experiência completamente diferente do que estava acostumado. Pela primeira vez, assisti a um jogo no meio de uma torcida organizada.

Algumas horas atrás, naquele mesmo dia, eu e a minha equipe vivíamos momentos de apreensão, afinal de contas, seria nosso primeiro contato mais direto com uma torcida organizada — Os Imbatíveis. Em meio aos nossos medos e dúvidas sobre como seríamos tratados, havia a curiosidade em conhecer um pouco de um "universo" que, mesmo próximo de nós, que costumamos frequentar estádios de futebol, sempre esteve tão longe.

Futebol sempre fez parte da minha vida. Meu nome é uma homenagem ao autor do primeiro gol do Vitória no Barradão. Poucas coisas conseguem despertar tantos sentimentos e reações em mim como uma partida de futebol. Comecei a frequentar estádios com apenas três anos de idade. Sempre gostei muito da vibração da arquibancada, da união das pessoas. São incontáveis as vezes em que notei estava cumprimentando ou abraçando um estranho na hora do gol.

Porém, algo me chamou atenção. Percebi que nunca fiquei perto das organizadas no estádio. Em boa parte das minhas idas ao Barradão, não costumo ficar próximo de onde as organizadas ficam.

No dia 23 de setembro de 2018, mudei essa história. Assisti pela primeira vez um jogo de futebol —Vitória x Botafogo — no meio da torcida Os Imbatíveis. Foi uma sensação única. Pude sentir a energia e a vibração, tanto nos momentos de euforia pelos gols marcados, como nos momentos de raiva pelos gols sofridos e má atuação do time.

A experiência que vivi no estádio me fez refletir. Lembro que minhas opiniões sobre torcidas organizadas sempre eram negativas, sempre voltadas para o lado da violência. Sei também que muito do que se fala sobre esses grupos são notícias sobre os casos de violência que protagonizam.

Pesquisa sobre culpabilidade das torcidas organizadasFonte: https://glo.bo/2PX6fDq

Mas isso atiçou a curiosidade: será que é realmente assim? Essas torcidas se resumem a uma reunião de truculentos que só sabem "meter a mão" nos outros? O que os torna diferentes do "torcedor comum" como eu? Além da festa que consigo ver no estádio ou das notícias sobre confrontos que saem nos jornais, há algo mais nas torcidas organizadas?

A melhor forma de buscar respostas para essas perguntas era falando diretamente com integrantes dos Imbatíveis e da Bamor, os dois maiores grupos de torcedores organizados de Bahia e Vitória.


O que define uma torcida organizada

torcidas bamor e imbativeisBamor e Imbatíveis são as principais organizadas do futebol baiano

Para me sentir mais seguro, pesquisei sobre as definições de torcida organizada. Com a minha vivência em estádios, já conseguia descrevê-las como um grupo de pessoas que se reúnem, formam uma espécie de associação e demonstram apoio incondicional a um determinado time de futebol através de faixas, cantos e bandeiras.

Geralmente são os torcedores mais fanáticos. Sua paixão pelo time é tão intensa que, independentemente da situação ou desempenho da equipe, eles vão ao estádio, gritam, protestam, fazem cobranças às diretorias, mas sem deixar de apoiar.

São visualmente caracterizados por suas vestimentas, que não são camisas dos clubes, mas sim roupas personalizadas. Elementos como as cores da equipe estão lá, mas ainda assim há uma identidade própria. Escudo, mascote, identidade visual. Eles não só se vestem, mas buscam se comportar de maneira parecida, criando uma unidade coletiva.

Torcidas Organizadas segundo o Estatuto do Torcedor

O conceito de torcida organizada é descrito na Lei nº 12.299, de 27 de julho de 2010, que alterou o Estatuto do Torcedor. O artigo 4º, que vigora sobre o artigo 2º da lei 10.671, de 15 de maio de 2003 (Estatuto do Torcedor), diz que "considera-se torcida organizada, para os efeitos desta Lei, a pessoa jurídica de direito privado ou existente de fato, que se organize para o fim de torcer e apoiar entidade de prática esportiva de qualquer natureza ou modalidade". A mesma lei informa que os grupos devem manter um controle cadastral de seus associados ou membros.

Torcidas Organizadas como as que conhecemos hoje surgiram em 1939, com a TUSP - Torcida Uniformizada do São Paulo, correspondente ao São Paulo Futebol Clube. Em seguida apareceu a TOV - Torcida Organizada do Vasco, que nasceu em 1944 e existe até hoje. Aos poucos, conforme o número de adeptos das torcidas crescia, foram criadas mais organizadas.

Com o passar dos anos, as relações entre clubes e organizadas se tornaram mais próximas, com direito a ajuda das diretorias através da doação de ingressos para que os grupos pudessem entrar nos estádios

Dentro dos grupos há uma estrutura organizacional que funciona em sistema de hierarquia. Quem comanda é o presidente, ao lado do vice-presidente e um tesoureiro, que controla as finanças. Geralmente esses cargos são remunerados, já que há renda própria das torcidas organizadas, que vem por meio da venda de produtos e da associação dos membros. Também são subdivididas em comandos ou distritos, normalmente definidos por bairros, para facilitar a organização de encontros e reuniões de torcedores.

Nos estádios de futebol, cada torcida organizada escolhe uma região para se acomodar. Assim, é possível perceber cada uma das torcidas, sem confundi-las. Elas levam inúmeros materiais como faixas, bandeiras, tambores e outros instrumentos musicais.

Ouça: a versão de 'Pelados em Santos' da torcida do Bahia. "Vamos subir Esquadrão"

Dentre as músicas entoadas pelas organizadas temos desde paródias de canções famosas, como "Pelados em Santos", dos Mamonas Assassinas, que é uma das mais parodiadas em todo o Brasil, cânticos de exaltação ao clube, à própria torcida, provocação e depreciação dos rivais.

 

As principais organizadas da dupla Ba-Vi

Bahia e Vitória possuem milhões de torcedores. De acordo com pesquisa realizada pelo Ibope Repucom e divulgada pela revista Época em 2018, o Bahia possui atualmente 3 milhões e 190 mil torcedores e simpatizantes. Já o Vitória tem 1 milhão e 860 mil adeptos.

Pela relevância que os dois grandes clubes do futebol baiano possuem, é claro que se formariam torcidas organizadas com o objetivo de apoiá-los incondicionalmente.

Dentre as torcidas organizadas que apoiam a dupla Ba-Vi, há o destaque para Bamor e Os Imbatíveis, e foi com elas que buscamos conhecer outras facetas dos grupos.

bamorBamor

por Igor Freitas

Ir para Fonte Nova é sempre um espetáculo. É chegar no Dique do Tororó, na Ladeira da Fonte das Pedras e até mesmo na estação do metrô no Campo da Pólvora, e só dá pra camisa do Tricolor de Aço. Alguns torcedores mais exaltados, já começam a xingar antes mesmo da bola rolar. Outros, mais confiantes, soltam o tradicional grito "Bora Baêa minha Porra!"

Ouça: O grito de guerra da nação tricolor

Dentro do estádio, logo chama atenção a Torcida Bamor. Ela foi criada em 12 de agosto de 1978, através da união de um grupo de estudantes do Colégio Marista de Salvador. Zé Augusto, o "Zé Pouvinho", Sérgio, Oscar e Miguel Brusell foram os responsáveis por dar início ao que hoje é um dos grupos de torcedores mais atuantes não somente no estado, mas na região Nordeste.

Em conversa com Luciano Venâncio, atual presidente da torcida, conheci uma parte da história do grupo. Ele explica que a Bamor surgiu para levar um apoio diferenciado ao Bahia dentro do estádio e fala sobre os principais ideais da organizada, que são: torcer para o Bahia e fazer amizades.

Assista: Presidente da Bamor conta como surgiu a torcida

A torcida, que tem sede localizada no bairro do Tororó, em Salvador, contava até outubro de 2018 com de 2 mil sócios cadastrados. O número superava 14 mil pessoas, mas devido a reformulações (obrigação de manter um cadastro atualizado dos associados ou membros) pedidas pelo Ministério Público através de um Termo de Ajustamento de Conduta, a quantidade diminuiu.

Ouça: "Tá ligado, aqui só dá Bamor"

A Bamor adota como lema "ninguém nos vence em vibração", frase contida no hino oficial do Esporte Clube Bahia. Uma das marcas da torcida é a música "Tá ligado".

Veja como é a festa da Bamor no estádio

 

imbaOs Imbatíveis

por Maurício Marques

A vibração da torcida do Vitória começa bem antes de entrar no Barradão. A galera chega horas antes do começo dos jogos para ficar na resenha do lado de fora, seja no estacionamento ou nas barraquinhas que vendem de churrasco a pasteis.

É costume deixar para ir para as arquibancadas em cima da hora do começo das partidas. Com isso, filas enormes sempre se formam na entrada do Manoel Barradas.

Ouça: O agito dos Imbatíveis no Barradão

Passando das catracas já dá para ouvir Os Imbatíveis mandando ver na bateria ao som de "Vamo vamo Nêgo", coro que todo o estádio entoa junto com a organizada.

A TUI, sigla para Torcida Uniformizada Os Imbatíveis, foi fundada em 20 de outubro de 1997, por quatro torcedores: Fábio Menezes, Rubem Marques, Flávio Sá e Marcus André Lyrio.

Gabriel Oliveira, presidente dos Imbatíveis, conta que a ideia era revolucionar a torcida do Vitória, que era considerada, pelos adversários e os próprios torcedores do rubro-negro baiano, fria e pacata. Ele também fala que o amor pelo Vitória é o maior motivador da torcida.

Assista: Presidente dos Imbatíveis revela quais são os valores da organizada

A torcida conta, em outubro de 2018, com 2 mil sócios cadastrados. A sede administrativa é localizada no bairro do Imbui, em Salvador. O mascote é o personagem Capitão Caverna, dando o apelido de “Cavernada” aos integrantes.

Ouça: "A Tui arrêa"

Os Imbatíveis tem como lema "com o Vitória além da morte, acima de nós só Deus" e agitam a torcida do Vitória desde o momento em que entram no Barradão. Um dos coros mais marcantes é "a Tui arrêa".

Veja como é a festa dos Imbatíveis no estádio
 

O lado social de Bamor e Imbatíveis

por Eric-Yves Delgoffe, Heider Mota, Igor Freitas e Maurício Marques

Quem acompanha futebol sabe que as torcidas organizadas possuem muitas facetas. A mais marcante, e por consequência mais conhecida até por pessoas que não vivenciam o esporte, é aquela que está diretamente relacionada com a violência.

Em 2018, Bamor e Imbatíveis ficaram 180 dias sem poder entrar nos estádios de futebol em decorrência de punição aplicada após confrontos no dia 18 de fevereiro, antes do clássico entre Vitória e Bahia no Barradão.

Apenas em 2017 foram registrados no Brasil 104 casos de violência que envolviam torcidas, resultando em 11 mortes. Ainda outros sete episódios estão sob investigação de acordo com informações da Pesquisa de Mestrado da Universo, coordenada pelo professor e doutor em sociologia do esporte Maurício Murad, divulgadas pela versão brasileira do El País.

Porém, ser um torcedor organizado vai muito além disso. A sensação de acompanhar um jogo de futebol em meio ao espaço onde ficam as torcidas organizadas torna o espetáculo totalmente diferente. Seja pela energia das vibrações, pelos xingamentos praticamente coreografados ou pelo sentimento de união.

As organizadas possuem uma característica marcante: a diversidade. Homens, mulheres, idosos, crianças. Todos dividem o mesmo espaço e se unem pelo amor ao clube.

E além de proporcionar um ambiente diverso, as torcidas organizadas Bamor e Imbatíveis conseguem deixar claro que há um outro lado a respeito das torcidas organizadas que muitas pessoas não fazem ideia. Elas se destacam por um movimento fora do futebol: o engajamento social.

bamor projetos sociaisEu tenho BAMOR pelo social

A Bamor participa de projetos sociais oficialmente há 18 anos. A ideia de partir para o engajamento social surgiu após reuniões onde os líderes da torcida perceberam que era preciso trabalhar o lado social fora das arquibancadas.

Visitamos a sede da organizada e o presidente Luciano Venâncio nos contou que os primeiros passos foram dados através da aplicação de aulas de percussão com o Mestre Lázaro, mais conhecido como Lazinho. Essas aulas eram realizadas na sede da torcida Bamor e recebiam, além de integrantes da organizada, crianças carentes e pessoas interessadas em aprender música.

Durante a visita à sede da Bamor, presenciamos um ensaio da bateria. Foram mais de duas horas seguidas de batuques para aperfeiçoar as batidas que são feitas no estádio durante os jogos.

Através das Artes Marciais, a Bamor também se engaja no social. O objetivo da torcida é incentivar a prática esportiva e contribuir para o lazer dos seus integrantes e da comunidade. Atualmente são disponibilizadas aulas de Jiu-Jitsu, Judô e Muay Thai na sede social, localizada no bairro do Tororó. Luciano Venâncio, presidente da Bamor, revelou que o karatê é a próxima arte marcial que deve ser ensinada.

Assista: Música, esporte e ajuda aos necessitados: Luciano Venâncio explica os projetos sociais da Bamor

Outra ação que tem muita importância dentro da torcida Bamor é a busca pela conscientização de seus integrantes. Palestras sobre temas como conscientização contra a violência e adequações ao Estatuto do Torcedor são realizadas em conjunto com o BEPE - Batalhão Especializado em Policiamento de Eventos.

A torcida também se engaja em reuniões com a Polícia Militar para a organização do esquema de segurança em grandes jogos, como os clássicos contra o Vitória. Em fevereiro de 2018 foi realizada uma reunião com o gerenciamento da Arena Fonte Nova sobre a acessibilidade e a melhoria da visibilidade dos portadores de necessidades especiais.

tambores da bamorUm dos principais atos sociais da Bamor é o ensino da música através de aulas de percussão

Sair da arquibancada, sair do comodismo. Ficar uma instituição desse porte, 40 anos de existência, não fazer algo pelo social, pelo próximo, acho que a gente fica apagado
-- Luciano Venâncio, presidente da Bamor

Assista: O que faz a Bamor ir além do futebol e praticar ações sociais? O presidente Luciano Venâncio explica

É tradição da torcida organizada Bamor fazer a entrega de sopão e café para pessoas em condição de rua no centro de Salvador. Desde 2013 são feitas ações quinzenais com esse intuito.

Datas comemorativas são outros incentivos para que a torcida realize ações sociais. No Dia das Crianças, 12 de outubro, é sempre feita uma grande festa na sede da torcida, que mobiliza toda a comunidade local.

Além disso, a Bamor costuma visitar creches não governamentais, instituições de caridade e asilos, levando presentes, alimentos e roupas arrecadadas pelos membros para ajudar quem mais precisa.

Confira fotos das ações sociais da Bamor

 

tui projetos sociaisO Vitória nos une, a cidadania nos fortalece

A torcida Os Imbatíveis se engaja em projetos sociais através do Grupo de Ação Social (GAS) e das ações realizadas por cada um dos seus comandos, que são divisões territoriais criadas dentro da própria torcida com o objetivo de facilitar a organização e a integração dos membros que moram em localidades próximas.

O Grupo de Ação Social dos Imbatíveis foi criado em 2010 por Mariana Silva, à época líder do comando feminino da torcida. A ideia era ter um grupo fixo focado na realização de ações sociais para facilitar a organização, a arrecadação e a participação.

Tendo como principal público-alvo crianças, idosos e pessoas em situação de risco e/ou vulnerabilidade, Os Imbatíveis firmaram um compromisso com a cidadania, desempenhando um papel social importante na comunidade onde estão inseridos.

Conversamos com Gabriel Oliveira, presidente dos Imbatíveis, no Barradão antes da partida entre Vitória e Botafogo, em setembro de 2018. Ele nos revelou que o Grupo de Ação Social é um dos trabalhos feitos pela torcida que mais lhe dá orgulho.

Assista: O presidente Gabriel Oliveira explica o que motiva a torcida Os Imbatíveis a se engajar socialmente

Uma das grandes razões da torcida Os Imbatíveis realizar ações sociais é o fato de ter como membros pessoas de inúmeras classes sociais, mostrando que não há distinção ou separação dentro do ambiente da torcida, independentemente de onde a pessoa more, de quanto dinheiro ela tenha. A vivência como família é um agente mobilizador para agir em prol de outros sujeitos, com a possibilidade de agregar valor à vida de quem precisa.

As principais ações sociais praticadas pelos Os Imbatíveis envolvem o incentivo à doação de sangue através de publicações nas redes sociais e doações coletivas feitas por membros da torcida a cada quatro meses, entrega de sopão para pessoas em condição de rua em diversos bairros de Salvador, atividades em escolas para proporcionar momentos de lazer às crianças e visita a asilos e instituições como o Lar Vida para realizar a doação de alimentos, roupas e outros materiais arrecadados. A torcida também participa de reuniões junto à Polícia Militar para a organização do esquema de segurança em jogos de maior porte.

Feriados e datas comemorativas são momentos onde Os Imbatíveis aproveitam para se engajar socialmente. É tradição da torcida realizar um café da manhã no Dia das Mães para as mães dos integrantes do grupo.

torcida imbativeisA torcida Os Imbatíveis no Barradão

Estar mostrando as pessoas que a partir da nossa vivência, que é de torcida organizada de futebol, a gente pode estar se mobilizando em prol de outros sujeitos
-- Beth Dantas, representante do Grupo de Ação Social dos Imbatíveis

Assista: Beth Dantas explica qual é o público-alvo das ações sociais praticadas pelos Imbatíveis

Outra ação muito impactante é a que acontece no Dia Internacional da Mulher, quando a torcida promove uma manhã da beleza com direito a Café da Manhã e tratamento estético para mulheres em situação de rua. A escolha desse público específico acontece porque em dias de jogos é quando acontecem mais casos de agressões e estupros a mulheres que moram na rua, de acordo com Beth Dantas, representante do Grupo de Ação Social (GAS) da Torcida Os Imbatíveis.

A participação em projetos sociais é uma maneira que a torcida Os Imbatíveis encontra para falar sobre o Esporte Clube Vitória e levar as cores da equipe para pessoas que geralmente não teriam acesso ao futebol. A proximidade causada pelas ações é a oportunidade para "plantar sementes" e formar novos torcedores para o clube e possíveis novos membros para a torcida organizada.

Confira fotos das ações sociais dos Imbatíveis

E aí, como é que fica essa história?

por Eric-Yves Delgoffe

Bamor e Imbatíveis são provas de que torcidas organizadas podem ir muito além da imagem que é passada a respeito delas. Os próprios grupos entendem que há a violência, não fazem questão de negar ou dizer que é mentira. No entanto, generalizar e afirmar que apenas existe esse lado negativo das torcidas não dá a dimensão correta a respeito do que elas são e realizam.

Assista: O 'duelo' entre os mascotes de Bamor e Os Imbatíveis. Para muitas pessoas, torcida organizada é sinônimo de briga

A paixão pelo esporte e compartilhar com tantos outros torcedores um mesmo sentimento pode fazer as pessoas mudarem muito suas perspectivas sobre a vida ao seu redor.

A respeito do projetos sociais, há um trabalho responsável sendo feito. As ações promovidas pela Bamor e pelos Imbatíveis ajudam pessoas, mobilizam torcedores a agir fora dos estádios, ajudam na formação do sentimento de torcida em outros sujeitos e contribuem para conscientização sobre o próprio comportamento dos integrantes.

A grande maioria dos integrantes das torcidas faz parte de uma parcela mais pobre da população, logo é fácil entender como a atitude de trabalhar com ações sociais é tão clara. Muitos que estão ali torcendo e se envolvendo compreendem a situação difícil de pessoas que estão precisando de auxílio e inserção social. E muitas vezes o futebol em si consegue ser um degrau extremamente positivo na vida de alguém que precise.

E, ao acompanhar o trabalho feito por essas torcidas, pudemos perceber como seus membros realmente entendem a importância de seu trabalho e de como isso impacta na vida das pessoas envolvidas. Desde simples doações reunidas até aulas para ensinar percussão, cada ação tem um resultado extremamente positivo em cada indivíduo que se dispõe a participar ajudando, e em cada pessoa que é ajudada a partir desses eventos.

Enxergar o lado da violência é importante, pois é preciso combatê-la com o objetivo de tornar os estádios e as torcidas cada vez mais pacíficos. Mas é tão fundamental quanto conhecer o lado social das torcidas organizadas. Só assim será possível falar sobre elas com responsabilidade.

Para aqueles que desejam realmente estender as torcidas organizadas e o trabalho que elas se dispõem a fazer, além observar os dois lados da moeda, é preciso acompanhar o trabalho duro que é desenvolvido. Seja pelas publicações em suas redes sociais ou até mesmo de mais perto, Bamor e Imbatíveis mostram que ajudar as pessoas mais necessitadas não é uma forma de enganar ou esconder os atos de violência que acontecem, mas um compromisso que, como grupos diversos e relevantes, é possível ser ativo no engajamento social.

Bamor no InstagramInstagram da torcida Bamor: @torcidabamor

Os Imbatíveis no InstagramInstagram da torcida Os Imbatíveis: @osimbativeis_oficial