Artes Visuais

De-lírios, de Deborah Netto, apresenta 32 pinturas com a técnica encáustica

No Centro Cultural Correios RJ

Foto: Marcelo Wance
De-lírios

A artista plástica carioca Deborah Netto apresenta a exposição 'De-lírios', no Centro Cultural Correios RJ, com curadoria de Edson Cardoso e Marcelo Duprat,  produção de Renata Costa, apresentando 32 pinturas que trazem elementos da natureza, tais como o ar, a água, as flores, folhagens e jardins, com uso da técnica encáustica, convidando o espectador a viajar por seu fantástico mundo de materialização das inspirações, tons e formas.

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Texto crítico de Renata Costa

“O artista expressa o que vai na sua alma”.
Deborah Netto

"De-lírios" traduz a expressão da arte de Deborah Netto, criando um trocadilho entre a primeira sílaba do nome da artista e a representação das flores por meio dos arabescos florais de suas obras.

Os ensaios da mente da artista permitem que "De-lírios" surjam através da suave mistura de cores que se entrelaçam e refletem de forma harmônica, a potencial capacidade de criação do inconsciente.

Fazendo uso da técnica encáustica a artista trilhou sua trajetória, fundindo cera aos pigmentos, criando “melanges” de cores que se integram a partir da ação do fogo. Como diferencial as pinturas trazem a inserção de sulcos na superfície e arabescos florais, os quais a artista começou a desenhar na infância, fazendo destes uma característica predominante em suas obras.

Pintura Encáustica vem da palavra “Encausticus” que significa pintura a fogo, misturando cera de abelha e resina damar, técnica remota desenvolvida pelos gregos desde o século V a.C, também utilizada pelos romanos e egípcios.

"De-lírios", ao que possa parecer, não tem qualquer relação com a alienação. Pelo contrário, aproxima-se da mais profunda forma de expressão meticulosa da artista, pelo contraste das cores fortes, que se misturam de forma suave criando tons de degradê mediante o processo alquímico do derretimento da cera e introdução dos pigmentos com o material ainda quente.

A artista faz alusão a elementos da natureza, tais como o ar, a água, as flores, folhagens e jardins, os quais convidam o espectador a mergulhar em seu fantástico mundo de materialização das inspirações, tons e formas.

Renata Costa, artista plástica, arquiteta e urbanista.

Deborah Netto é artista plástica nascida na cidade do Rio de Janeiro, bacharel em Pintura pela Escola de Belas Artes (EBA) da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Desde jovem, a artista foi estimulada a apreciar o mundo da arte no ambiente familiar, tendo já naquela época começado a desenhar arabescos e pintar em aquarela.

O trabalho da artista passou por diversas fases e   técnicas, como aquarela e pintura acrílica, tendo se aprimorado ao longo dos anos, até chegar na pintura encáustica. Esta técnica, apesar de ser pouco difundida, é uma das mais remotas do mundo, mesclando diversos materiais e suportes sem estar presa a uma narrativa predeterminada.

Além da pintura, Deborah Netto desenvolveu trabalhos em escultura e joalheria autoral, tendo participado de inúmeras exposições e catálogos nessa área.

A artista participou de várias exposições Nacionais e Internacionais, como em Portugal, Japão,  Suíça, Alemanha, EUA, Finlândia entre outros. Deborah Netto representou individualmente o Brasil na “Art Expo Malaysia”, tendo sido convidada pela Embaixada do Brasil em Kuala Lumpur. O trabalho da artista integra o acervo permanente do Itamaraty e de coleções  particulares em inúmeros países, tais como Espanha, França, Japão, Dubai, Portugal e Holanda.  

Em várias de suas obras, é possível observar linhas de arabescos que surgem das manchas de cor, padrões  florais e abstratos, cuja interpretação varia de acordo com o observador. O foco inicial é claro em ritmos  abstratos da cor que remete a uma natureza interior, dialogando com o imaginário do observador.  

Deborah Netto considera que “o artista expressa o que vai na sua alma”, revelando e transpondo por meio de  cores e formas os sentimentos que habitam dentro de si juntamente com o mundo intangível que nos cerca. Sua obra corrobora com a seguinte afirmação: "A alegria reside em pintar e explorar temas que sugerem um  contato estreito com a natureza das coisas e da alma, revelando-se através do resultado final de seu trabalho".