Artes Visuais

Tragédia de Brumadinho é tema de exposição artística em Munique, na Alemanha

As obras foram criadas para a exposição

Foto: Divulgação
Mostra Brumadinho

Em uma mistura de homenagem e manifesto, as artistas mineiras Isadora Canela, Lis Haddad, e Thaís Machado criam a exposição Over (The) Mine, que convida o público a refletir sobre as profundezas obscuras da mineração, e a partir daí, redesenhar os mapas de destruição para abrir espaços para outras realidades.

As artistas foram convidadas pelo município de Munique, na Alemanha, em parceria com a Akademie der Bildenden der Kunste, para o programa de residência Artist In Residence Munich. Desenvolvidas especificamente para Munique, as obras chegaram ao público no dia 25 de junho, na cidade onde acontece o julgamento de um dos desastres humanos e ambientais mais graves da história recente.

A exposição, que vai até o dia 28 de junho, inicia todos os dias às 12h28 (horário local de Munique) e, horário em que a barragem de Brumadinho se rompeu no dia 25 de janeiro de 2019. Ela fica aberta para a visitação até as 20h de cada dia.

Brumadinho

O rompimento da barragem no Córrego do Feijão, no município mineiro de Brumadinho, em 25 de janeiro de 2019, liberou cerca de 12,7 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério, de acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama). Foi o segundo desastre humanitário e ambiental significativo que ocorreu no Brasil em menos de cinco anos, e resultou na morte de 270 pessoas. Em um caso histórico, o escritório de advocacia global PGMBM representa as vítimas em ação contra a empresa alemã TÜV SÜD, que certificou a segurança da barragem antes do rompimento.

Com a palavra, as artistas:

“Em inglês, a palavra Mine pode ser traduzida tanto como espaço de extração mineral quanto como pronome possessivo. Como território explorado e também como uma materialização do self, "Mine" é o centro de uma estrutura capitalista e seus padrões.

Que a ideia egoísta do que é "meu" mude. Que o futuro de ontem possa superar as paisagens dolorosas.
Em 2019 na cidade de Brumadinho, Brasil, uma barragem de minério se rompeu, matando 272 pessoas e quilômetros de fauna e flora. A empresa que garantiu a segurança da barragem é sediada em Munique e nega judicialmente sua responsabilidade.

Além disso, grandes bancos alemães investem atualmente em mineradoras que estão diretamente envolvidas em conflitos ambientais e humanos no Brasil.

Neste contexto, a exposição é também um alerta e um apelo à ação, afinal, apesar das distâncias físicas e simbólicas, as decisões tomadas por países europeus atualizam a era colonialista afetando diretamente outros territórios. Mas não esperem encontrar lama, este é o vestígio de estruturas de poder desmoronadas. A exposição convida o público a ser aliado e semear novas paisagens possíveis.”