Moda

Indústria da moda investe em peso em roupas e acessórios virtuais

Para arrasar com a moda no metaverso!

Foto: Divulgação
Dolce & Gabbana

Se você é usuário constante de redes sociais, muito provavelmente já ouviu falar sobre um tal “metaverso” pelo menos uma vez nos últimos dois anos.

A grande aposta da indústria de tecnologia fez até mesmo Mark Zuckerberg mudar o nome da organização Facebook Inc. para Meta. Agora, quando os aplicativos do Instagram, WhatsApp e Facebook são abertos, há um pequeno selo no fim da tela: “from Meta”.

Isso aconteceu porque as gigantes da tecnologia, já dominando as redes sociais, querem dar o próximo passo. O metaverso é um ambiente virtual imersivo que tenta replicar, de alguma maneira, a realidade.

Parece algo terrivelmente futurista, mas a ideia existe há um bom tempo. Foi retratado no livro de ficção científica Snow Crash, do autor Neal Stephenson, em 1992. Uma representação famosa é o filme Matrix, das irmãs Wachowski, lançado em 1999.

Nesse mundo virtual, as pessoas podem se relacionar umas com as outras, trabalhar, estudar e se divertir – mas somente através de bonecos personalizados 3D, os avatares. 

Pelo metaverso, alguém em São Paulo pode dançar na boate mais badalada de Paris sem sair de casa ou, até mesmo, assistir desfiles de moda promovidos por casas de luxo internacionais no aconchego do próprio sofá.

Metaverso na moda

Foi exatamente o que aconteceu depois das tradicionais Semanas de Moda de Londres, Milão e Nova York, no começo de 2022. A Metaverse Fashion Week (MFW), a primeira edição de um evento de moda totalmente virtual, aconteceu entre os dias 24 e 27 de março.

Por meio da Decentraland (plataforma de metaverso), os desfiles, exposições, performances e afterparties aconteceram no Fashion District, o distrito de moda desse mundo digital. Nele, lojas e pavilhões foram construídos para comportar todas as atrações.

Grandes marcas marcaram presença. Elie Saab exibiu sua coleção Primavera/Verão 2022 em uma espécie de museu. A Dolce & Gabbana, por sua vez, desfilou 20 looks – que posteriormente seriam leiloados como NFT.

As NFTs, inclusive, são peças chave nessa mistura. A sigla em inglês significa, em portugês, “tokens não fungíveis”. Ou seja, são bens materiais que só existem no mundo digital, protegidos por criptografia e certificados aos respectivos donos.

Marcas de roupas e acessórios não perderam tempo para entrar na onda. A Gucci, por exemplo, lançou tênis virtuais que poderiam ser comprados no aplicativo oficial por 12 dólares, em 2021. Antes disso, em 2019, a Louis Vuitton lançou uma coleção para ser vendida apenas para uso no jogo League of Legends.

O mesmo vale para os acessórios. O Jewels, marketplace de joias digitais, permite que as pessoas comprem brincos e colares femininos para serem utilizados nas redes sociais, plataformas de vídeo-chamadas, fotos digitais ou no metaverso. Já a joalheria britânica Asprey anunciou, em março deste ano, uma parceria com a Bugatti na produção de peças em NFT.

Esse boom de moda virtual se dá pela “gameficação” da vida. Um relatório do banco Morgan Stanley mostra que 1 em cada 4 jogadores do Roblox – um dos games mais jogados do mundo –, mudam seus avatares todo dia. Nesse universo em que todos podem ser o que quiserem, a imagem é parte fundamental da fantasia.

Mas a moda do metaverso não fica apenas nos jogos. Na Metaverse Fashion Week, a Tommy Hilfiger exibiu jaquetas, conjuntos de moletom e camisas virtuais. Os compradores poderiam optar por obter as peças apenas virtualmente ou receber as roupas reais em casa.

Metaverso da moda no Brasil

Obviamente, o Brasil não ficaria de fora. A Brazil Immersive Fashion Week, evento que integra moda e tecnologia, aconteceu em outubro de 2021. Dentre palestras e rodas de conversa, marcas brasileiras e de outros países da América Latina criaram seu próprio ambiente digital para os desfiles.

A carioca Farm criou o “FARM na nuvem”, um ambiente virtual em que o cliente pode passear por uma loja e comprar roupas (reais!) sem sair de casa. Além da praticidade e tecnologia, a marca se apega à sua conhecida política de proteção ambiental, alegando que a experiência é sua “primeira loja carbono neutro”.

Lucas Leão é o pioneiro nas roupas virtuais no Brasil. Vendida pela plataforma Shop2gether, o cliente compra uma peça 100% digital (por R$150) e envia uma foto em que deseja que o look seja aplicado. Em cinco dias, recebe a imagem com o produto.

O estilista também tem uma camiseta branca de algodão com tecnologia de realidade aumentada. Ao usar o filtro da marca no Instagram – liberado por um QR Code –, a roupa básica ganha cinco novas estampas digitais.

Como investir no metaverso?

Entrar no metaverso pode ser feito de várias maneiras, como:

Criptomoedas

As moedas digitais são obtidas por meio de exchanges – geralmente com taxas de saque e transferências.

Decentreland (MANA), Sandbox (SAND), Gala (GALA) e Enjin Coin (ENJ) são as mais usadas.

NFTs

Depois da compra de criptomoedas, os interessados na área podem investir nas NFTs.

Vale lembrar que essa é a solução de metaverso mais procurada pelos profissionais e amantes de moda, já que têm um apelo visual muito forte. Com isso, é preciso estilistas e designers 3D para desenhar as roupas e acessórios.

Dados do site DappRadar, especializado em NFTs mostram que, entre janeiro e setembro de 2021, o volume dos tokens chegou a mais de 13 bilhões de dólares.

Fundos de investimentos

Fundos de investimentos do metaverso têm uma carteira composta por ações de empresas do ramo de tecnologia, podendo ser encontrados no:

Trend Metaverso FIA BDR Nível (XP): composto por 30 ações globais que se relacionam com o tema; visa replicar o índice Bloomberg Metaverse Index

Vitreo Metaverso (Vitreo): investe em ativos de empresas que têm o metaverso como negócio principal

Terrenos virtuais

Comprar terras virtuais no metaverso e vendê-las posteriormente pode ser um ótimo negócio.

Em dezembro de 2021, por exemplo, um terreno digital de mais de 560 m² foi vendido por 2,4 milhões de dólares (em criptomoedas).