Bahia / Economia

Expectativa do comércio baiano em 2022 é de redução nas vendas

Projeção para 2022 é negativa, com o cenário de inflação, desemprego e crédito caro

Foto: LEIAMAISba
O faturamento do comércio no estado deve atingir R$ 113,5 bilhões

Embora o ano de 2021 tenha sido de recuperação para o comércio varejista da Bahia, o mesmo não se pode dizer sobre a expectativa para 2022. Segundo projeção da Fecomércio-BA, o faturamento do comércio no estado deve atingir R$ 113,5 bilhões, queda de 1% na comparação com 2021.

“A pandemia trouxe muita instabilidade e imprevisibilidade. Portanto, projetar o desempenho de um ano futuro não é trivial e deve ser levado em consideração a tendência e não o número exato, pois haverá muitas mudanças no meio do caminho”, alerta o consultor econômico da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.

O economista destaca ainda que o cenário de 2022 será de um consumidor endividado, sofrendo com uma inflação elevada, acima de 6%, e com pouca oportunidade no mercado de trabalho. “Isso porque, ano que vem é ano eleitoral, trazendo riscos para a economia, sobretudo sobre a cotação do real. Além disso, com o Banco Central subindo a taxa de juros para próximo de 10% ao ano, haverá um freio importante nos investimentos, variável fundamental para a geração de empregos e renda”, lembra Dietze.

Tanto que os setores que devem sofrer mais ao longo do próximo ano são os que dependem de crédito como as lojas de eletrodomésticos e eletrônicos (-29%), móveis e decoração (-25%) e materiais de construção (-13%).

Para o segmento de veículos e motos, o consultor comenta que a expectativa será positiva em 13%, mas muito calcada na demanda reprimida, pois com o problema de insumos, a indústria automobilística atrasou, e muito, a entrega desde o início da pandemia.

As lojas de farmácias e perfumarias também devem seguir na tendência negativa, com queda de 3%. “Porém, é importante avaliar que o faturamento atual, pouco acima dos 11 bilhões de reais, é um patamar historicamente elevado, o que não gera grandes preocupações”, cita o economista da Federação.

Por outro lado, as lojas de vestuário, tecidos e calçados devem registrar aumento nas vendas de 33%, impulsionadas pela volta relativa da normalidade, com as pessoas indo ao trabalho presencial e participando de eventos.

Um fator que Dietze chama atenção e que deve ser avaliado ao longo de 2022 é a injeção de recursos do Auxílio Brasil. “Ainda não se sabe ao certo sobre a sua extensão. Porém, se chegar a um público maior que o antigo Bolsa Família, pode gerar um combustível a mais para o comércio no próximo ano, principalmente para os setores de supermercados e farmácias, essenciais de consumo”, diz o consultor econômico.

No entanto, é importante observar o quadro de famílias endividadas e que devem ser impactadas pelas contas de início de ano, como IPTU, IPVA e matrícula escolar, o que vai reduzir o poder de compra das famílias.

“Portanto, há muitos fatores, positivos e negativos, para o quadro econômico e de consumo para 2022. O que importa é que a economia está longe de comemorar uma recuperação sólida de longo prazo. O trajeto será desafiador, como tem sido nos últimos anos”, relata o economista da Fecomércio-BA, Guilherme Dietze.