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Navio de cruzeiro chega a Salvador com 56 casos de Covid-19 a bordo

Técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão no navio

O navio Costa Diadema

O navio Costa Diadema, da Costa Cruzeiros, está atracado em Salvador com 56 pessoas infectadas pela covid-19. Segundo informações de passageiros, eles estão sendo impedidos de descer do cruzeiro, que faria o percurso Santos-Salvador-Ilhéus-Santos. A secretaria municipal de Saúde confirmou a informação. Os técnicos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) estão dentro do navio. De acordo com a agência, uma investigação epidemiológica está em andamento

Estevão Seccatto, professor da FIA e colunista do Broadcast, sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado. está no navio e foi testado para covid. O resultado deu negativo, mas levou sete horas para ser entregue. "Se eu estivesse contaminado, poderia ter transmitido a doença muita gente nesse período", disse ele.

Todos os dias, 10% dos passageiros são testados para a doença. Os contaminados são isolados em cabines separadas, nos andares inferiores do navio.

De acordo com Seccatto, mesmo com a confirmação de contaminação, os protocolos de segurança não vêm sendo seguidos. Há fotos e vídeos de passageiros sem máscaras servindo-se no bufê, em festas e na piscina. Também há funcionários fazendo uso inadequado da proteção, com o nariz totalmente de fora.

A academia e o spa foram fechados. Como resultado, a piscina e outros espaços ficaram totalmente lotados, diz Seccatto. "Estamos totalmente sem informação e sem saber para onde irá o navio", afirmou. "Esperamos para ver como a Costa tratará os passageiros."

Estão embarcados, no momento, 3.836 viajantes, sendo 1.320 tripulantes. O navio iniciou a viagem no Porto de Santos e teria como próximo destino o Porto de Ilhéus, na Bahia.

Outro navio, o MSC Splendida, atracou no Porto de Santos nessa quarta-feira (29) após relatar novos testes positivos de covid-19. Foram identificados 51 tripulantes e 27 passageiros com a doença. Foram identificados ainda 54 contactantes, ou seja, pessoas que tiveram contato com quem testou positivo para a doença. 

O caso começou a ser analisado pela Anvisa no dia 28 em fiscalização conjunta com a Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina, após ser observado o aumento de casos entre tripulantes. O relatório investigativo de surto da agência indica que a empresa foi notificada para fazer a testagem em 100% da tripulação. 

Segundo a Anvisa, todas as 132 pessoas infectadas e contactantes estão sendo desembarcadas, conforme prevê resolução da agência e também o plano de operacionalização elaborado pelo município de Santos e pelo estado de São Paulo. Eles serão transportados em veículos específicos. Após o desembarque, os viajantes serão monitorados por um Centro de Informações Estratégicas em Saúde (Ciev).

No momento, não estão autorizados novos desembarques e embarques. Os navios devem permanecer atracados em Santos até que seja finalizada a análise dos dados epidemiológicos pelas autoridades de saúde. 

O CDC-Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos alertaram os americanos para evitar cruzeiros, independentemente da vacinação. Segundo o CDC, o vírus pode se espalhar rapidamente nos espaços confinados de um navio e a probabilidade de infecção é alta.

O alerta de viagens para navios de cruzeiro foi elevado do nível três para quatro - o mais alto da agência.

O CDC está monitorando atualmente mais de 90 navios de cruzeiro para Covid-19.

A agência disse que houve um aumento de casos em navios de cruzeiro desde a identificação da variante Ômicron. Mesmo os passageiros totalmente vacinados que receberam uma dose de reforço podem espalhar o vírus a bordo.

O CDC também recomendou que os passageiros dos navios de cruzeiro sejam testados entre um e três dias antes da viagem e três a cinco dias depois, independentemente do estado de vacinação.

A indústria de cruzeiros foi um dos setores mais afetados pelas paralisações relacionadas à Covid em 2020.

A maior empresa do setor, a gigante americana Carnival, relatou perdas de US$ 10 bilhões (R$ 56 bilhões) em 2020, depois que as receitas caíram 73% durante a pandemia.