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Audiovisual-teatral reúne textos de quatro escritoras latino-americanas

O tema são artistas mulheres que as inspiram

Foto: Divulgação
Nosotras

Mulheres que inspiram mulheres. Com esse mote nasceu a experiência audiovisual-teatral Nosotras, idealizada por Paula Cohen e Bruno Guida e dirigida por Gabriela Brites, que estreia online de 21 a 30 de dezembro, com transmissão gratuita pelo Youtube da Contorno Produções.

O trabalho é uma reunião dos textos de três dramaturgas A Garota Comum Abre um Livro de Marosa, se Molha e Perde a Virgindade do Cérebro, da uruguaia Luciana Lagisquet; Ramona, da argentina Mariela Asensio; e Dura na Queda, da paulistana Marina Filizola.

Em 2021, foi incluído o texto de A Travessia no Barco da Coragem, da mineira Cidinha da Silva. Essas histórias são interpretadas por Paula Cohen, Shilrley Cruz e Luisa Micheletti, que se dividem nas cenas.

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A experiência audiovisual-teatral é encenada em espécies de instalações criadas pelo cenógrafo André Cortez, a partir de várias referências das artes plásticas, como o trabalho da escultora cubana Ana Mandieta (1948-1985).

Outra referência trazida pela diretora Gabriela Brites é a Natureza, como uma alusão à Pachamama, uma deidade que representa a figura da “Mãe Terra”, cultuada por vários povos latino-americanos que tiveram herança da civilização inca – sobretudo na região dos Andes.

Além de falar sobre essas potentes figuras que inspiram as escritoras, a missão de Nosotras é estabelecer uma espécie de diálogo entre as artistas latino-americanas e a experiência feminina, pautada pela realidade sociopolítica e histórica do continente. “São textos que carregam em si um pensamento crítico sobre diversos assuntos, especialmente, sobre as estruturas perversas que nos condicionam e oprimem. Os textos encontram esse diálogo, mesmo sendo histórias bem diferentes”, explica Paula Cohen.

“A questão da língua [já que somos o único país do continente que fala português] nos afasta, mas temos muito mais em comum do que parece. As nossas colonizações – ou melhor, invasões – foram muito parecidas, sanguinárias, violentas, dizimando povos nativos e escravizando povos africanos. As mesmas bases perversas criam as estruturas destes países e seus abismos de desigualdades, suas violências. Ainda vivemos as ditaduras de maneira muito parecida, onde muita gente foi morta e desaparecida”, acrescenta a atriz.

O nome do projeto foi batizado de Nosotras como uma referência à primeira revista feminista do Brasil. O folhetim era escrito nos anos de 1970, por mulheres artistas latinas que estavam exiladas em Paris, na França, por conta da ditadura militar, e discutiam questões referentes às condições das mulheres.

E, embora assuma essa forma de experiência audiovisual-teatral, o projeto, que foi concebido inicialmente para o teatro presencial, pode ganhar novos formatos no futuro. “A minha vontade é que Nosotras vire uma espécie de mostra de novos textos de diferentes autoras de países latinos. Atualmente, o que mais me interessa é produzir histórias contadas por mulheres”, antecipa Paula.

Transmissão: https://www.youtube.com/c/ContornoProducoes