Bahia

Morre Renato Simões

Renato Simões foi superintendente de A TARDE no período de 1957 a 2012

Foto: A Tarde
Renato Simões
Renato Simões

Morreu hoje aos 96 anos, no Rio de Janeiro, devido a causas naturais, o jornalista Renato Simões, filho do fundador de A TARDE, Ernesto Simões Filho. Bacharel em direito, fez do jornalismo a sua grande paixão.

“Meu pai foi advogado de formação, mas desde cedo abandonou esse caminho para cuidar e se dedicar ao jornal. Ele se considerava antes de tudo um jornalista", diz Renato Simões Filho. Casado com Norma Rocha Simões, era também pai de Yolanda Simões Atherino, tinha quatro netos e dois bisnetos.

Renato Simões foi superintendente de A TARDE no período de 1957 a 2012, quando assumiu a presidência do Conselho de Administração do grupo de comunicação. Em seguida recebeu o título de presidente de honra.

A literatura foi outra área de dedicação de Renato Simões. Foi beirando os 80 anos, em 2004, que o dirigente de A TARDE estreou no universo ficcional com Crônicas d'aqui e d'além. O livro apresentava histórias que "acrescentando-se qualquer coisa de singular, a banalidade passa a ter uma presença", como ele mesmo definia na crônica Na antessala.

O livro trazia 23 crônicas repletas de personagens curiosos, como o que tem prazer em vagar por túmulos, além de uma minuciosa descrição da beleza de Paris.

Simões retomou o gênero crônica em Anônimos, que lançaria três anos depois de Crônicas d'aqui e d'além. Sobre a produção da obra, ele afirmava que "a inspiração não vem marcada: você tem uma ideia sobre um fato, pega um assunto qualquer ou um episódio que lhe chamou a atenção e desenvolve".

A liberdade de imprensa foi outra causa de ativismo do jornalista, que integrou a direção de instituições como a Sociedade Interamericana de Imprensa (SIP), Associação Nacional de Jornais (ANJ) e Associação Baiana de Imprensa (ABI).

A  atuação de A TARDE ao longo de 102 anos em prol da livre manifestação das ideias é motivo de orgulho para Renato Simões, que dedicou quase seis décadas de sua vida a dar continuidade à empresa fundada, em outubro de 1912, por seu pai, Ernesto Simões Filho.

Ao chegar à direção do jornal, aos 32 anos, após a morte de Simões Filho, em 1957, Renato Simões vinha de uma bem-sucedida carreira  na advogacia, mas sem a necessária experiência para tocar o sólido empreendimento deixado pelo pai.

Encarou o desafio e conseguiu em  pouco mais de 10 anos elevar o diário ao patamar de maior jornal em circulação no Norte e Nordeste.

Para atingir a  meta contou com a colaboração de auxiliares, alguns amigos próximos, entre os quais Jorge Calmon, que dedicou 67 anos de sua vida ao jornal, parte dos quais no comando da redação;  Joaquim Cruz Rios, secretário e depois diretor de redação; e os administradores Artur Couto, pai e filho.