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Itaú Cultural realiza Quartas com Paulo Freire

E estreia podcast com pessoas que conviveram com o intelectual

Na quarta-feira, dia 13 de outubro, acontece o segundo encontro virtual e semanal da série Quartas com Paulo Freire, com curadoria da educadora e pesquisadora Gleyce Kelly Heitor.

Desta vez, no formato de mesa de diálogo, participam Béa Meira, artista, arte-educadora e autora de livros didáticos, e Richard Riguetti, ator do espetáculo Paulo Freire, o andarilho da utopia.

O interlocutor é o rapper, geógrafo e arte-educador Renan Inquérito e guia a conversa sobre Freire, a cultura e as artes.

A reserva do ingresso é feita via Sympla https://www.sympla.com.br/quartas-com-paulo-freire---paulo-freire-a-cultura-e-as-artes__1351291.

Alguns dias depois, 18, sobem no site do Itaú Cultural www.itaucultural.org.br e dos seus diferentes aplicativos Spotify e Apple Podcasts, seis episódios do podcast Diálogos sobre Paulo Freire.

Os áudios contam com depoimentos de professores, biógrafos e pessoas que conviveram com o intelectual, jogando luz às suas diversas facetas com objetivo de ampliar a visão do público sobre sua vida e obra. 

Participam a educadora Madalena Freire e o doutor em direito internacional Marcos Guerra, no primeiro episódio. Moacir Gadotti, presidente de honra do Instituto Paulo Freire, e Ângela Antunes, diretora pedagógica do mesmo instituto, no segundo.

O terceiro é com a educadora Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo Freire. No quarto, fala o educador e cientista social Lutgardes Costa Freire, filho de Paulo e Elza Freire.

O seguinte é com a arte-educadora Ana Mae Barbosa, aluna dele, e a educadora Gleyce Kelly Heitor. Encerram os episódios, o educador e pesquisador Sérgio Haddad e o Walter Kohan, também educador, pesquisador e autor do livro Paulo Freire mais do que nunca: uma biografia filosófica.

Tanto o Quartas quanto o Diálogos integram a Ocupação Paulo Freire, em cartaz no Itaú Cultural até o dia 5 de dezembro.

Quartas com Paulo Freire - Paulo Freire, a cultura e as artes

Neste encontro, marcam presença a artista, arte-educadora e autora de livros didáticos, Béa Meira, e Richard Riguetti, ator do espetáculo Paulo Freire, o andarilho da utopia. 

A interlocução é de Renan Inquérito, rapper, geógrafo e arte-educador, doutor em Educação pelo CES – Universidade de Coimbra.

O bate-papo é sobre a presença do pensamento de Paulo Freire na formação de artistas e agentes culturais, chamando atenção para a centralidade da cultura, das artes e da estética no pensamento do autor. Quais usos e apropriações que as/os artistas fazem deste pensamento?

O interesse é dialogar sobre como Paulo Freire é ressignificado, contribuindo para novos métodos e modos de pensar e criar.

Esta série de nove encontros em formatos diversos trata da prática e da filosofia do educador, assim como das releituras de seu pensamento com trabalhos em áreas como saúde, cultura, feminismo, racismo, agroecologia, música e teatro. A finalidade é mapear as diferentes dimensões das leituras do pensamento freiriano.

Diálogos sobre Paulo Freire

No episódio de número 1, Paulo Freire e a experiência Angicos, a educadora Madalena Freire e o doutor em direito internacional Marcos Guerra relatam a experiência de alfabetização em Angicos (RN), em 1963.

O evento teve a participação de alunos universitários de áreas variadas, como odontologia, direito e jornalismo, que se organizavam para aplicação do método de Paulo Freire, em 40 horas.

“Sem dúvida que essa vivência foi um marco. Eu tinha 16 anos”, conta Madalena. “Foi nela que o meu batismo de optar pela educação se deu. Eu participava de uma equipe grande, era a mais jovem dentro da equipe que coordenava o trabalho de Angicos”, diz. Guerra lembra da mudança de atitudes das pessoas, que chegavam de cabeça baixa e já no terceiro dia, a postura modificava. Viu, por exemplo, um sapateiro perceber o valor do seu trabalho e uma dona de casa reconhecer a sua habilidade, seja individual e coletiva naquele microcosmo.

Moacir Gadotti, presidente de honra do Instituto Paulo Freire, relembra no episódio 2, Paulo Freire gestor, a trajetória do educador, pontuando não só a importância da experiência em Angicos (RN), mas de sua atuação fora do país na construção de seu pensamento. 

Ângela Antunes, diretora pedagógica do mesmo instituto, comenta a atuação de Freire na Secretaria da Educação de São Paulo e ressalta o impacto das propostas dele em seu trabalho e na educação pública da cidade.

“A luta de Paulo Freire era por uma escola democrática e por uma gestão democrática. A escola ideal? Ele respondeu que era a escola cidadã, de companheirismo, de comunidade”, fala Gadotti. De acordo com Ângela, Freire destaca a importância de o educador registrar sua prática, problematizar e ressignificar, o que contribui para essa prática seja melhorada. “A nossa Educação, historicamente, apesar de ser Ministério da Educação e Cultura, a cultura nunca dialogou com a educação, nunca pisou dentro da sala de aula, porque mete medo, mexe com preconceitos”, explica. “A educação tecnocrática, instituída pela ditadura vem até hoje. A ditadura não saiu da escola. A cultura é desde sempre uma relação conflituosa dentro das escolas, sobretudo uma noção de cultura popular, de trazer o povo dentro do lugar de ensino.”

Em O Legado de Paulo Freire, terceiro episódio, a educadora Ana Maria Araújo Freire, viúva de Paulo, relembra a história de vida dele, destacando o início dos estudos no Colégio Oswaldo Cruz, onde seu pai era o diretor, a passagem pelo Sesi, a experiência em Angicos (RN), o exílio e o retorno ao Brasil, além de Freire na gestão da Secretaria da Educação de São Paulo.

No quarto capítulo do podcast, Paulo Freire pelo mundo, Lutgardes Costa Freire, educador, cientista social e filho de Paulo e Elza Freire, relembra a trajetória da família durante o exílio.

Ele comenta a importância de Elza na construção do método de alfabetização e do pensamento do educador, e também o processo de retorno ao Brasil em junho de 1980.

“A minha mãe teve uma parte decisiva na vida do meu pai”, conta. Segundo Lutgardes, quando Paulo Freire percebeu que estava sendo machista por não usar o artigo feminino em seus textos, em uma época em que os homens não podiam viver sem mulher, no Recife nos anos 1950, ele mudou. “A minha mãe era a primeira leitora dos livros do meu pai. Ela foi a primeira leitora da Pedagogia do oprimido, que traz essa mudança de postura machista para uma postura mais respeitosa para com as mulheres”, observa. “A pedagogia do Oprimido é a que mais mostra quem é Paulo Freire. Muito dialético e ao mesmo tempo muito autêntico.”

Paulo Freire interdisciplinar é o tema abordado no episódio 5 pela arte-educadora Ana Mae Barbosa, sua aluna, e pela educadora Gleyce Kelly Heitor.

Ana Mae relembra sua trajetória e como o conheceu. Gleyce aborda a criação do grupo de estudos e leitura da obra de Paulo Freire, que observa o contexto histórico do educador e da interlocução com artistas durante suas experiências.

Ambas relembram a Semana de Arte e Ensino na Universidade de São Paulo (USP) em 1980, que discutia, entre outras coisas, a arte-educação como disciplina escolar. Ana Mae foi uma das organizadoras do evento e conta como foi a participação de Paulo Freire.

Por fim, no último capítulo da série, Paulo Freire: dois perfis, o educador e pesquisador Sérgio Haddad, autor do livro O educador, um perfil de Paulo Freire, conta sobre o seu primeiro contato com o pensamento do educador e comenta aspectos importantes da trajetória de vida de Paulo. Walter Kohan, educador, pesquisador e autor do livro Paulo Freire mais do que nunca: uma biografia filosófica, comenta a vida e a obra de Freire.

“Tomei contato com Paulo Freire no ensino médio, quando um programa de alfabetização de uma favela apresentou Freire e seu método, recorda Haddad. “O Paulo tem uma frase que marcou muito, que diz: ninguém educa a ninguém, ninguém educa a si próprio, todo o processo educativo é coletivo. Respeitar a dinâmica do outro, essa aproximação entre teoria e prática que marcam muito o Paulo.” Kohan destaca: “sei que Paulo Freire é muito amado e muito odiado, não tem gerado um diálogo talvez como ele queria, ajuda a pensar a educação brasileira contemporânea. A forma que ele entende a realidade, é muito raro encontrar na filosofia acadêmica.”

Anote 

Quartas com Paulo Freire - Paulo Freire, a cultura e as artes

Com Béa Meira, e Richard Riguetti

Interlocução de Renan Inquérito

Data :  13 de outubro

Reserva de ingressos em: https://www.sympla.com.br/quartas-com-paulo-freire---paulo-freire-a-cultura-e-as-artes__1351291

 

Podcast Diálogos sobre Paulo Freire

Data : 18 de outubro

Disponível em: www.itaucultural.org.br

 

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