Música / Palco

Theatro São Pedro estreia Ba-ta-clan

Espetáculo também será transmitido pela internet

Foto: Divulgação
Opereta Ba-ta-clan

O Theatro São Pedro, instituição da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo, estreia no mês de outubro a opereta Ba-ta-clan, do compositor francês de origem alemã Jacques Offenbach (1819-1890).

Com récitas nos dias 8, 9, e 10 de outubro, o espetáculo tem direção musical e regência de André dos Santos, que comanda a Orquestra Jovem do Theatro São Pedro, direção cênica e dramaturgia de Rogério Tarifa, cenografia de Marcelo Larrea, iluminação de Marisa Bentivegna, figurino de Juliana Bertolini e visagismo de Tiça Camargo.

A montagem traz ainda um elenco formado pelas cantoras e cantores da Academia de Ópera do Theatro São Pedro. Giulia Moura e Janaina Lemos se revezam o papel de Fé-an-nich-ton. Os tenores Felipe Bertol e Francisco Garrido interpretam Ké-ki-ka-ko e Fé-ni-han, respectivamente. Isaque Oliveira é Ko-ko-ri-ko e Guilherme Gimenes o Chefe dos Conspiradores.

O espetáculo terá ainda a participação de um coro intitulado O Coro dos Conjurados.

Para a concepção do espetáculo, Rogério Tarifa partiu do conceito de ato-espetáculo musical. "Esse conceito cria uma encenação cujo principal objetivo é construir um campo poético de atuação que ultrapasse o espaço cênico e que envolva os espectadores. Quem assiste é convidado a refletir junto aos intérpretes", destaca o diretor.

Ba-Ta-Clan

Marcada por uma música ligeira, ritmos contagiantes de dança, diálogos falados, temas leves e divertidos, com textos irônicos, a opereta pode ser considerada uma precursora do musical dos dias de hoje. Jacques Offenbach com sua agilidade em refletir e satirizar os temas do dia-a-dia se tornou um mestre no gênero e compôs 98 títulos.

Em Ba-ta-clan, Offenbach trabalhou com aquele que foi seu principal parceiro criativo: Ludovic Halévy (1834-1908), que assina o libreto.

A opereta foi apresentada pela primeira vez em Paris em dezembro de 1855, no Teatro dos Bufos Parisienses, e conquistou imediatamente o público. Ba-ta-clan logo fez carreira internacional; como Tschin-Tschin, foi encenada no Caltheater, em Viena, em 1860, e chegou a Londres em 1865, com o nome de Ching Chow Hi.

Em 1864, em homenagem à opereta, foi inaugurado em Paris o Bataclan, que se tornou uma das principais casas de espetáculos da capital francesa.

O diretor musical da montagem, André dos Santos, destaca que a opereta tem características de grande virtuosismo vocal, além de onomatopeias divertidas e grande ironia ao gênero da ópera dramática e romântica da época. Sempre com uma crítica feroz aos acontecimentos políticos. "Esse é talvez o maior desafio para os jovens da Academia de Ópera como cantores-atores: um controle muito grande do corpo e da técnica vocal, da dicção e articulação, da imaginação e criatividade. O público pode esperar um espetáculo dinâmico, divertido, engraçado e engajado", destaca o diretor.

Definida pelos autores como chinoiserie musicale, Ba-ta-clan joga com estereótipos da China para falar da França de seu tempo. O "chinês" que se fala na opereta é uma mera sucessão de fonemas alusivos - e a língua italiana é igualmente alvo de zombaria. A opereta se passa num país imaginário no oriente, uma China distante, onde com o desenvolvimento do enredo todos se descobrem sendo franceses.

O diretor cênico conta que a adaptação para o Theatro São Pedro foi dividida em três quadros históricos: a China Imperial, a França de Napoleão III e, por último, nosso próprio país. "Nessa parte montaremos uma paisagem histórica que traga a sátira, a comicidade, o diálogo e uma crítica ao conturbado momento político que estamos atravessando. Ao final da opereta todos se descobrem sendo brasileiros", conta Rogério Tarifa.