Artes Visuais

Exposição Mãe Preta é aberta em Campinas, SP

A iniciativa, que segue até 18 de abril, é parte da programação do XII Festival Hercule Florence

Foto: Patricia Gouvêa
Artes Visuais
Montagem Mãe Preta Funarte SP

A exposição Mãe Preta, da dupla de artistas Isabel Löfgren e Patricia Gouvêa, foia aberta na sexta-feira (19), no Instituto Pavão Cultural, às 17h. A mostra, que segue até 18 de abril, é parte da programação do XII Festival Hercule Florence e faz uma reflexão por meio do questionamento do olhar habitual sobre imagens da maternidade negra em arquivos históricos, suas reverberações no Brasil contemporâneo e nas lutas das mulheres negras contra o racismo e a violência.

Segundo as artistas, o ponto de partida da exposição são representações de relações maternas no vasto acervo de imagens da escravidão feitas por artistas viajantes e fotógrafos, além de jornais de época.

Por meio de intervenções nessas imagens com objetos óticos, como lupas e vidros, são destacadas a duplicidade e complexidade das relações das amas-de-leite com as crianças brancas aos seus cuidados e com seus próprios filhos. Dois trabalhos em vídeo completam o trabalho, realizados em parceria com mães negras do Rio de Janeiro e com lideranças femininas do Quilombo Santa Rosa dos Pretos, no Maranhão.

Nesta nova montagem em Campinas, onde a relação da cidade com a memorialização da escravidão sofreu diversos apagamentos históricos teremos a inestimável parceria do Grupo Cultural Fazenda Roseira trazendo conhecimentos passados de geração em geração e, durante a exposição, o grupo estará presente por meio de um ciclo de atividades e de um acervo de plantas rituais, cura e alimento cultivadas no próprio local. Essas plantas terão visibilidade por meio de imagens feitas em cianotipia, uma das primeiras técnicas fotográficas desenvolvidas no século XIX.

"A cegueira da sociedade branca brasileira em relação à questão racial é por definição criminosa, pois advém de um legado escravagista que ela custa em admitir e reparar. Acreditamos que a arte tem uma importante contribuição na luta antifascista, pois tem o poder de criar novas imagens e novos vocabulários que operam no inconsciente dos espectadores", afirma Patricia.

Mãe Preta teve sua primeira montagem em 2016 no Instituto de Pesquisa e Memória Pretos Novos no Rio de Janeiro, por meio do Edital Fomenta Cidade Olímpica; pelo Palácio das Artes em Belo Horizonte em 2017 como uma das selecionadas no edital da Fundação Clóvis Salgado e, com o Prêmio Circulação Conexão Artes Visuais da Funarte, foi apresentada no Complexo Funarte em São Paulo em 2018 e no Chão SLZ em São Luís do Maranhão entre 2018/2019.

 

Exposição Mãe Preta - Instituto Pavão Cultural

Abertura: 19/02, às 17h

Visitação: De 19/02 a 18/04/2021 (de quarta à sábado), das 14 às 20h

Agendamento: (19) 99633-4104

Inauguração do Mural das Heroínas Negras dia 19/02 às 11h

Local: Casa de Cultura Fazenda Roseira

 

Sobre o Festival

Criado em 2007, o Festival Hercule Florence tem como matriz a invenção isolada da fotografia no Brasil, feita em Campinas, em 1833, por Hercule Florence, considerado o pai da fotografia. Esse fato desencadeou na cidade atitudes fotográficas no percurso dos séculos. Dessa cultura fotográfica, nasceram os grupos de fotografia e o festival, a partir da criação da Semana Hercule Florence. Mais de 120 mil pessoas e 80 fotógrafos brasileiros e estrangeiros já participaram do evento ao longo dos anos.

Sobre a Fazenda Roseira

A Casa de Cultura Fazenda Roseira é uma conquista do movimento negro e do movimento popular, sendo uma referência agregadora da cultura afro-brasileira dentro da cidade de Campinas.