Brasil / Saúde

Infectologista é o primeiro a receber vacina da Oxford no País

Lotes do imunizante foram liberados para distribuição


Estevão Portela recebe a vacina da Oxford

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) iniciou na tarde deste sábado (23) a aplicação das primeiras doses da vacina Oxford/AstraZeneca, que chegaram ao Brasil ontem em um voo da Índia.

O infectologista do Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz), Estevão Portela, foi o primeiro profissional de saúde a ser vacinado pelo imunizante. Ao todo, 10 pessoas receberam a vacina, incluindo a médica pneumologista do Centro de Referência Professor Hélio Fraga, da Fiocruz, Margareth Dalcolmo.

A Fiocruz liberou as doses para serem entregues ao Ministério da Saúde e, em seguida, distribuídas pelo Brasil, após realizar um processo de análise de segurança. O governo prevê entregar todas as doses no domingo (24).

Os estados que mais receberão ampolas são: São Paulo (501.960), Minas Gerais (190.500), Rio de Janeiro (185.000), Amazonas (132.500), Bahia (119.500) e Rio Grande do Sul (116.000).

As vacinas foram fabricadas pelo Instituto Serum, na Índia, e eram aguardadas desde sábado passado (16), mas sofreram atraso no envio por questões internas da Índia.

Durante esta madrugada, as doses tiveram a temperatura avaliada e, na sequência, foram etiquetadas. Cada uma das caixas tem 50 frascos e 500 ampolas do imunizante.

O medicamento de Oxford/AstraZeneca apresentou eficácia média de 70,42%, segundo estudo preliminar publicado na revista científica The Lancet no início de dezembro e validado pela Anvisa. 

Ele utiliza um adenovírus que provoca resfriado em chimpanzés e é inofensivo para humanos, mas contendo a sequência genética responsável pela codificação da proteína "spike", usada pelo Sars-CoV-2 para atacar.

Essa sequência genética instrui as células humanas a produzirem a proteína, que será reconhecida como agente invasor pelo sistema imunológico, estimulando a geração de anticorpos. O método é um dos mais tradicionais na produção de vacinas.

A vacina de Oxford é o segundo imunizante aprovado para uso no território brasileiro depois da CoronaVac, desenvolvida pelo laboratório chinês Sinovac. 

Um ano de fechamento

Há exatamente um ano, no dia 23 de janeiro de 2020, a cidade de Wuhan, na China, acordava totalmente isolada do mundo na tentativa de conter a disseminação do novo coronavírus Sars-CoV-2, que veio a se tornar uma das maiores pandemia da história.

Na ocasião, as ruas ficaram desertas, as fronteiras tiveram a segurança reforçada e 11 milhões de habitantes foram impedidos de sair de suas residências durante mais de dois meses. O bloqueio, que logo foi implementado na província de Hubei, serviu de modelo para países de todo o planeta, já que o distanciamento social e o uso de máscara de proteções são as principais recomendações para evitar a Covid-19.

No início da manhã deste sábado (23), no entanto, o território chinês amanheceu diferente: com calçadas lotadas, parques movimentados e engarrafamento de automóveis.

Wuhan foi responsável pela maior parte das 4.635 mortes na China em decorrência do novo coronavírus, número que permaneceu praticamente estático por meses. Atualmente, a cidade está praticamente livre de novos surtos desde que o lockdown foi suspenso em 8 de abril.

Embora os habitantes de Wuhan tenham teoricamente voltado à vida normal, o resto do mundo ainda está lutando contra a Covid-19 e busca respostas sobre onde o vírus foi originado.

Nos últimos dias, autoridades independentes da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram à cidade e estão confinados em quarentena em um hotel antes de iniciarem reuniões para apurar as circunstâncias do surgimento da doença, que foi registrada pela primeira vez na capital da província de Hubei.

A agência da ONU, no entanto, afirma que ainda é cedo para confirmar se o vírus começou ou não na região. "Todas as hipóteses permanecem sobre a mesa", disse o diretor de emergência da OMS, Michael Ryan, em uma entrevista coletiva em Genebra.

"Definitivamente, é muito cedo para se chegar a uma conclusão sobre onde exatamente o vírus começou, dentro ou fora da China", finalizou.

Ontem, porém, o prefeito de Wuhan, Zhou Xianwang, anunciou sua renúncia ao cargo, após críticas sobre falta de transparência e lentidão na divulgação de informações sobre a Covid-19, que já provocou a morte de 2.113.938 de pessoas e 98.451.231 casos em todo o mundo desde o início da pandemia.