Brasil / Economia

Países árabes aumentam a compra de frangos brasileiros em 2020

No total, o Brasil teve leve alta de 0,4% nas exportações de carne de frango

Foto: Pexels/Creative Commons
A Ásia tomou o lugar do bloco árabe nas compras do produto brasileiro

Três países árabes apresentaram aumento nas exportações de carne de frango brasileira ao longo de 2020, frente ao volume comprado em 2019. Um dos destaques foi o Egito, com 58,7 mil toneladas, valor 15% superior ao do ano anterior.

Também o Iêmen e a Jordânia importaram mais. Respectivamente, 112,4 mil toneladas, aumento de 6,1%, e 56,8 mil toneladas, alta de 18,9%. Os dados foram divulgados nesta sexta-feira (15) pela Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).

No total, o Brasil teve leve alta de 0,4% nas exportações de carne de frango em 2020, comparado ao ano anterior. O total embarcado foi de 4,2 milhões de toneladas. Já a receita das exportações do ano ficou em US$ 6,123 bilhões, com queda de 12,5% em relação aos 12 meses de 2019.

O balanço da instituição mostra que as vendas de carne de frango para mercados da Ásia, da África e da Europa mantiveram a alta nas vendas brasileiras em 2020. O continente africano recebeu 555,7 mil toneladas ao longo do ano, resultado 5,1% maior em relação a 2019.

Para os países do Oriente Médio, no entanto, as exportações sofreram baixa de 5,7% em relação ao mesmo período de 2019. O volume embarcado foi de 1,3 milhão de toneladas nos 12 meses de 2020.

Apesar da queda na região como um todo, a ABPA comemora a melhora em destinos específicos. “Os bons resultados na maior parte das regiões importadoras de carne de frango mostram a forte capilaridade das exportações brasileiras e reforçam as boas expectativas para os embarques em 2021, com a recuperação dos níveis de importações, em especial, para os principais destinos do Oriente Médio, que registraram melhora nos níveis das importações no último bimestre de 2020”, analisa Ricardo Santin, presidente da ABPA, em nota.

A Ásia tomou o lugar do bloco árabe nas compras do produto brasileiro. A região asiática se firmou como principal destino das exportações de carne de frango do Brasil, somando 1,6 milhão de toneladas nos 12 meses do ano passado, resultado 5,8% superior ao de 2019. O destaque ficou com a China, que levou 673,2 mil toneladas, aumento de 15% frente ao que o país comprou no ano anterior.

Segundo a ABPA, ocorreram 67 novas habilitações de plantas exportadoras de carne de frango em 2020. Entre essas novas habilitações, está a do Egito.

Somente em dezembro de 2020, as vendas de carne de frango do Brasil chegaram a 380,8 mil toneladas, volume 2,8% menor em relação ao mesmo período de 2019. A receita caiu no último mês do ano passado com US$ 579,6 milhões, número 8,9% menor em relação ao saldo do último mês de 2019.

O bloco de países árabes perdeu a primeira posição entre os importadores de frango brasileiro. Agora, a Ásia está em primeiro lugar. A queda foi puxada pela estratégia de produção local da Arábia Saudita, segundo a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), e também pela queda no turismo em Dubai, nos Emirados Árabes, e do turismo religioso, como a peregrinação a Meca, como efeitos da pandemia de coronavírus.

Segundo Luís Rua, diretor de Mercados da ABPA, os árabes seguem sendo o maior importador de frango inteiro do Brasil. “Mas nesse ano, no acumulado do ano, a Ásia já superou como região, tendo aí em torno de 40% das exportações brasileiras de carne de frango brasileiro, e se a gente considerar todos os produtos, frango inteiro e cortes, algo em torno de 33% vai para o bloco de países árabes.”

A diminuição da fatia de mercado, de acordo com Rua, tem a ver com a diminuição nas compras da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, principais países do mercado árabe para o frango brasileiro.

“Teve um efeito muito em função da redução do turismo, seja o turismo em Dubai, seja o turismo religioso na Arábia Saudita, mas o que a gente vê nos últimos três meses é que, com a diminuição dos casos de covid-19 na região, o consumo já voltou e nossas exportações voltaram ao patamar que sempre estiveram, na casa das 40, 45 mil toneladas na Arábia Saudita e algo entre 25 e 30 mil toneladas nos Emirados Árabes, o que é uma boa notícia e dá uma boa perspectiva para 2021 nesses dois mercados”, informou. Os valores são mensais.

Entre janeiro e novembro de 2020, a Arábia Saudita comprou 418,8 mil toneladas de frango do Brasil, volume 2% menor que o do mesmo período do ano passado, e se estabelece em segundo lugar pelo segundo ano consecutivo no ranking de países compradores, atrás da China, que se consolidou na primeira posição com 615,7 mil toneladas importadas, alta de 20% no mesmo comparativo.

O presidente da ABPA, Ricardo Santin, informou que a Arábia Saudita vem comprando menos do Brasil desde 2019 por uma decisão interna de incentivo à produção local.

“O Brasil está disposto e tem condições de voltar a abastecer a Arábia como maior importador. A decisão é deles. O Brasil não força a venda e nem faz dumping com ninguém. Vendemos aquilo que querem comprar. A Arábia era sempre nosso maior importador e resolveu, por política própria, ter uma sustentabilidade de produção local e nós respeitamos as decisões do Reino. Mas estamos prontos e ficaremos muito felizes em ver a Arábia voltar a ser o maior importador”, declarou.

Santin enfatizou que o Brasil segue sendo o maior produtor de frango halal do mundo. “O Brasil continua vocacionado para ser o grande parceiro do Oriente Médio e não é de agora, sempre foi e já vendemos milhões de toneladas para lá nos últimos 40 anos. Vamos continuar sendo parceiros independentemente da posição, se é o maior mercado ou não, sempre será importante para o Brasil como um todo”, disse.

Os Emirados Árabes aparecem em quarta posição no ranking de maiores importadores de frango brasileiro, com 272,2 mil toneladas embarcadas de janeiro a novembro, queda de 14% em relação ao mesmo período de 2019. O Iêmen aparece na décima posição, com 99,8 mil toneladas importadas, alta de 5% no mesmo comparativo.

Panorama

O Brasil exportou entre janeiro e novembro 3,849 milhões de toneladas de carne de frango ao mundo, se mantendo nos mesmos níveis de 2019, com leve alta de 0,7% no comparativo com o mesmo período do ano passado. Em receita, foram US$ 5,54 bilhões, queda de 13%, devido à alta do dólar. A ABPA projeta que as exportações anuais se mantenham ou cresçam até 0,5% até o fim de dezembro, no comparativo com o ano de 2019.

“Esperávamos crescimento de 3% e vamos ficar entre 0% e 0,5% nas exportações de frango. Com a pandemia, estamos bem, conseguimos manter a produção e a exportação, apesar de todas as dificuldades da pandemia”, disse Santin. O presidente informou ainda que houve um aumento no consumo de carne de frango internamente e listou a perda da capacidade econômica e o aumento nos preços da carne bovina como principais fatores.

Somente no mês de novembro, o País exportou 350,7 mil toneladas, alta de 5,6% em volume, e US$ 476,8 milhões, queda de 11,3% em receita em comparação a novembro de 2019.

Ovos

Os Emirados aparecem na liderança entre os compradores de ovos do Brasil, com 44% do mercado de exportação. Eles importaram, entre janeiro e novembro, 2.124 toneladas de ovos brasileiros, uma queda de 47% em relação ao mesmo período do ano passado.

Segundo a ABPA, o setor foi resiliente e conseguiu manter a produção e a exportação no período de pandemia. A associação estima crescimento de cerca de 5% na produção (em bilhões de unidades) e de 50% no volume de exportação de ovos para 2021.

A ABPA falou também sobre a abertura de novos mercados. Entre eles, está o Marrocos, que abriu mercado para o material genético avícola, e o Egito, que abriu mercado para derivados de carne de aves.

Luis Rua afirmou que este é um passo importante na relação comercial com o Egito. O “Quando conseguimos abertura para termoprocessados de aves no Egito, efetivamente isso mostra a confiança do Egito nas nossas exportações, e o Brasil introduz esse produto de altíssimo valor agregado. O Egito já é um dos 15 principais mercados de carne in natura, e essa é uma possibilidade que se abre pra também para exportarmos produtos processados de carne de aves”, disse.

Sobre o Marrocos, o diretor afirma que essa é uma parceria que se consolida entre os países. “No caso do material genético de aves para o Marrocos, estamos fornecendo genética para o desenvolvimento daquela avicultura, e com isso a gente espera também acessar mais esse mercado do ponto de vista da carne de frango in natura. Hoje a gente exporta muito pouco volume para lá e seria um mercado interessante pra avançarmos”, declarou Rua.