Esportes

Diego Maradona morre aos 60 anos de parada cardiorrespiratória

Maradona era frequentemente comparado a Pelé

Um dos grandes da história do esporte e maior ídolo do futebol argentino, o astro sofreu uma parada cardiorrespiratória no fim da manhã, quando ambulâncias foram chamadas à sua casa, onde se recuperava de uma cirurgia no cérebro. O ex-jogador, porém, não resistiu, tendo sua morte confirmada pela imprensa argentina e pela TV pública do país no começo da tarde.

Maradona já havia preocupado os fãs no começo do mês, quando foi internado às pressas, com sintomas de anemia. Na época, foi descoberta uma pequena hemorragia no cérebro e ele foi submetido a uma cirurgia no cérebro para drenar um hematoma subdural.

Por decisão da família, permaneceu hospitalizado devido a uma "baixa anímica, anemia e desidratação" e um quadro de abstinência devido ao vício em álcool, conforme informes médicos. Ele teve, inclusive, que ficar sedado. O ídolo argentino recebeu alta no último dia 11 para continuar a recuperação em casa.

Maradona foi o grande nome da conquista albiceleste na Copa do Mundo de 1986. Na ocasião, ficou marcado por um gol de mão - que ele próprio apelidou de "Mano de Dios" (mão de Deus) - contra a Inglaterra e por outro, na mesma partida, que é considerado o mais bonito da história dos Mundiais, em que driblou quase todo o time inglês antes de balançar as redes.

Ele também brilhou vestindo, principalmente as camisas de Barcelona (Espanha), Napoli (Itália) - onde é venerado - e do Boca Juniors (Argentina), time do coração. Chegou a dirigir a seleção do país na Copa de 2010, sendo eliminado nas quartas de final pela Alemanha.


Fora de campo, no entanto, o ex-jogador acumulou problemas com drogas. Em 1991, Maradona foi suspenso por 15 meses por uso de cocaína. Três anos depois, na Copa do Mundo de 1994, o ídolo foi pego no doping por uso de efedrina, chegando inclusive a sair de campo, durante uma partida acompanhado por uma enfermeira. No início dos anos 2000, após ingerir um coquetel de remédios, o ex-atleta entrou em coma e esteve perto da morte.

O ex-jogador e atual senador Romário lamentou a morte do craque argentino em uma sequência de mensagens publicadas no Twitter.

Maradona era técnico do Gimnasia Y Esgrima, de La Plata (Argentina), mas estava afastado devido ao tratamento de saúde. Ele deixa dois filhos (Diego e Diego Fernando) e três filhas (Dalma, Gianinna, Jana).

Repercussão no mundo

As diferentes redes sociais foram tomadas por homenagens ao ídolo. O ex-atacante Careca - que Maradona revelou ser o melhor companheiro de ataque que já teve - recordou a parceria entre eles no Napoli, da Itália, e a amizade entre eles, chamando o argentino de "irmão".

Time onde Maradona mais brilhou no futebol europeu, o Napoli mudou a foto dos perfis nas redes sociais para um escudo na cor preta, sem o tradicional azul, em sinal de luto.

Em uma das postagens ao destinadas ao craque, o clube disse que "o mundo aguarda nossas palavras, mas não há palavras para descrever a dor que estamos passando. É o momento de lamentar".

A conta oficial do Napoli no Twitter vem replicando desde cedo todas as homenagens prestadas por clubes europeus - Liverpool, Bayern de Munique, Barcelona e Milan, entre outros - e também de times brasileiros.

O argentino é idolatrado em Nápoles de tal forma que o prefeito local, Luigi de Magistris, pretende mudar o nome do estádio municipal, chamado San Paolo, para Diego Armando Maradona. Vestindo a camisa do Napoli entre 1984 e 1990, o ex-jogador foi bicampeão italiano e venceu também a Copa e a Supercopa da Itália, além da Copa da Uefa.

"Diego fez nosso povo sonhar. Ele resgatou Nápoles com sua genialidade. Em 2017, tornou-se cidadão honorário. Diego, napolitano e argentino, você nos deu alegria e felicidade", escreveu Magistris, no Twitter.

Companheiros de Maradona na seleção argentina, como os ex-atacantes Gabriel Batistuta e Claudio Cannigia, também lamentaram o falecimento do ídolo pelas redes sociais. Em depoimento à agência de notícias Reuters, o ex-técnico César Luis Menotti disse estar "destruído" com a morte do craque. "Não tenho nenhuma explicação, muita dor. Não há opinião que sirva diante disso, não tenho cabeça", declarou Menotti.

O atacante Lionel Messi, comandado por Maradona quando o astro dirigiu a seleção argentina, na Copa de 2010, foi outro a se manifestar. No Instagram, o camisa 10 do Barcelona, da Espanha, escreveu que o ídolo "nos deixa, mas não se vai, porque Diego é eterno”.

Atacante da Juventus, da Itália, o português Cristiano Ronaldo disse, pelo Instagram, que se despedia de um "amigo" e que o mundo dava adeus a um "gênio eterno" e a um "mágico inigualável", que não será esquecido. "Parte demasiado cedo, mas deixa um legado sem limites e um vazio que jamais será preenchido. Descansa em paz, craque", comentou o camisa 7.

Pelo Twitter, o francês Kylian Mbappé afirmou que a "lenda" Maradona permanecerá "para sempre" na história do futebol. "Obrigado pelo prazer que você deu a todo o mundo", escreveu o atacante do Paris Saint-Germain, da França. Ele concluiu a postagem lamentando o difícil ano de 2020, marcado por perdas e pela pandemia do novo coronavírus (covid-19).

Além de personalidades do futebol, clubes e entidades também se manifestaram nas redes sociais. Em seu perfil oficial no Twitter, a Fifa publicou uma mensagem do presidente Gianni Infantino: "É um dia inacreditavelmente triste. Nosso Diego nos deixou. Nossos corações - e os dos que o amavam por quem ele era e o que representava - pararam por um momento. Descanse em paz, querido Diego. Te amamos".

Fora do futebol, Maradona também promoveu reações. Atletas de outras modalidades demonstraram admiração pelo argentino, como o judoca francês Teddy Riner, o ex-velocista jamaicano Usain Bolt e o norte-americano ex-jogador de basquete Magic Johnson.

Pelo Instagram, o heptacampeão mundial de Fórmula 1 Lewis Hamilton publicou nos stories a mensagem "Descanse em paz Maradona". Já o cartunista Maurício de Souza recordou, em uma sequência de postagens no Twitter, o projeto que tinha feito de reproduzir a vida do craque em história em quadrinhos - e que teve teve participação do próprio ídolo - mas que acabou não avançando.

O presidente da Argentina, Alberto Fernández, se despediu do craque. “Diego era a Argentina em todo mundo. Nos encheu de alegria. Nunca vamos poder lhe retribuir por toda essa felicidade”, disse o líder do Executivo da Argentina. “Hoje é um dia muito ruim. Um dia muito triste para todos”, continuou o mandatário do país vizinho em entrevista ao canal TyC Sports.

“Todos tivemos muita sorte de termos a oportunidade de vê-lo jogando futebol, de desfrutar do afeto e do carinho dele”, seguiu.

Na sequência afirmou: “Duvido que voltaremos a ver outro jogador como Maradona em todos os sentidos. Não só pelas qualidades técnicas, mas também pela coragem, força e garra que sempre colocou em cada um dos jogos das equipes que defendeu. Foi um jogador excepcional aos argentinos, só nos deu alegrias”.

Pelo Twitter, ele afirmou: “Maradona levou a Argentina ao ponto mais alto do mundo. Nos fez imensamente felizes. Foi o maior de todos. Muito obrigado por ter existido, Diego. Vamos sentir a tua falta por toda a vida”.

Oração do Papa

Quem também se pronunciou sobre Maradona foi o Papa Francisco. Segundo o Vaticano, o pontífice se lembra do ídolo do futebol e compatriota argentino Diego Maradona com afeto e o mantém em suas orações. Além disso, a mídia oficial da Santa Sé o chamou de “poeta do futebol”.

Maradona viajou a Roma várias vezes para participar de jogos beneficentes chamados “partidas pela paz”, cujos lucros foram para uma instituição de caridade papal para educação em países em desenvolvimento e para as vítimas do terremoto de 2106 na Itália.

Certa ocasião, Maradona deu ao papa uma camisa assinada com uma dedicatória que dizia em espanhol: “Ao Papa Francisco, com todo o meu afeto e [votos de] muita paz no mundo”.

Jogo entre Inter e Boca é adiado

A confirmação da morte do craque Diego Maradona, ocorrida no início da tarde desta quarta-feira (25), fez com que a Confederação Sul-Americana de Futebol (Conmebol) atendesse o pedido feito pelo Boca Juniors e adiasse os confrontos entre o clube argentino e o Internacional válidos pelas oitavas de final da Libertadores da América. Além de ex-jogador do Boca Juniors, Maradona era torcedor declarado da equipe.

A partida de ida, prevista para a noite desta quarta, foi adiada para o dia 2 de dezembro, às 21h30, no Beira-Rio, em Porto Alegre. O jogo de volta vai ocorrer no dia 9 de dezembro, às 21h30, na Bombonera, em Buenos Aires. A Conmebol oficializou a mudança através de uma nota oficial divulgada no site da entidade.

As partidas das quartas de final entre os classificados dos duelos de Inter e Boca Juniors e Flamengo e Racing também serão adiadas. As novas datas ainda não foram divulgadas pela Conmebol.