O Senado norte-americano aprovou na noite desta segunda-feira (26) a nomeação da juíza conservadora Amy Coney Barrett para a Suprema Corte dos Estados Unidos.
Com isso, a maior instância da Justiça dos Estados Unidos terá seis magistrados conservadores e apenas três liberais, um desequilíbrio inédito na era moderna.
A escolha para substituir a liberal Ruth Bader Ginsburg foi aprovada por 52 votos (todos republicanos) a 48 (todos os senadores democratas mais o da republicana Susan Collins).
Segundo a mídia norte-americana, essa é a primeira vez que o partido de oposição ao governo rejeita de maneira unânime uma indicação para o Supremo.
Após a confirmação do nome, Barrett já fez o juramento para entrar no órgão. Dessa vez, no entanto, a cerimônia viu os convidados com máscara e respeitando o distanciamento social.
Há cerca de um mês, quando o presidente Donald Trump anunciou a indicação da conservadora católica, o evento foi considerado um "super disseminador" do novo coronavírus (Sars-CoV-2), com mais de 10 casos da doença - incluindo o presidente.
A votação por Barrett também mostrou a forte polarização que vivem os Estados Unidos: enquanto os republicanos aceleraram o processo de audições para que a escolha fosse confirmada antes das eleições de 3 de novembro, os democratas acusaram os opositores de quebrarem um acordo estabelecido ainda na época do ex-presidente Barack Obama e de fazer uma manobra para deixar o Supremo conservador.
Isso porque, em 2016, com a morte de um dos juízes da Corte, foi firmado um acordo entre os líderes das duas siglas para que o então mandatário não escolhesse o magistrado antes das eleições, já que estava deixando o cargo no fim daquele ano.
Alheio a isso, Trump afirmou durante a cerimônia de juramento de que esse "é um dia histórico" para o país e que "hoje, a juíza Barrett é a primeira mulher mãe de crianças em idade escolar a estar na Suprema Corte".
Já a magistrada destacou que fará seu trabalho "sem medo ou favorecimentos, de maneira independente de outros poderes políticos e de minhas próprias preferências".
Os conservadores esperam que Barrett atue em pautas polêmicas, como o frequente questionamento sobre o aborto - permitido nos Estados Unidos desde 1973.
A nova juíza já se demonstrou publicamente contra a ação, mas durante as audiências, tentou se esquivar das polêmicas e dizer que seguirá o que determina a legislação.