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ONU: Pandemia do coronavírus aumenta os riscos à paz no mundo

Além de agravar conflitos, a pandemia evidenciou desigualdades de todos os tipos

Foto: ONU/Kim Haughton
Cerimônia do sino, em 2019

As Nações Unidas realizaram, esta quinta-feira, a tradicional cerimônia do Sino da Paz, nos jardins da sede em Nova Iorque. O evento ocorreu quatro dias antes da data, que é marcada em 21 de setembro. 

O secretário-geral da ONU afirmou que “a pandemia de Covid-19 está aumentando os riscos para a paz em todos os lugares”. 

António Guterres lembrou seu apelo por um cessar-fogo global dizendo que irá repetir o pedido durante o Debate Geral da Assembleia Geral, na próxima semana.  

Além de agravar conflitos, a pandemia evidenciou desigualdades de todos os tipos, colocando comunidades e países uns contra os outros. 

Guterres afirmou que “o impacto econômico e social está afetando desproporcionalmente os mais vulneráveis, ameaçando a coesão social e minando ainda mais a confiança nas instituições governamentais.” 

A cerimônia do sino, que acontece no jardim japonês, é um momento anual de calma antes da semana de alto nível. O sino é um símbolo de unidade, construído com moedas e medalhas doadas por todo o mundo. 

No evento, o secretário-geral lembrou a arte japonesa do kintsugi, que junta pedaços de cerâmica quebrados com laca dourada. Segundo ele, “o resultado é uma peça que não é boa como nova, mas melhor do que nova.” 

Para Guterres, este princípio pode ser aplicado a um mundo dividido. 

Ele pediu que a comunidade internacional enfrente as fragilidades e desigualdades que ameaçam a paz e aproveite oportunidades diplomáticas para silenciar as armas. 

O violoncelista e mensageiro da paz Yo-Yo Ma participou e recebeu o agradecimento de Guterres por fazer shows online durante a pandemia, dizendo que “a música é a linguagem da paz, com apelo universal e diversidade infinita.” 

Antes de tocar o sino, o chefe da ONU e os outros participantes fizeram um minuto de silêncio por todas as vítimas de guerras e conflitos. 

Há 75 anos, as Nações Unidas foram fundadas com o objetivo de prevenir a guerra e promover a paz. Guterres diz que, desde então, a ONU aprofundou seu conhecimento de como cumprir essa missão. 

Segundo ele, “a paz nunca é dada, é uma aspiração tão forte quanto a convicção e tão duradoura quanto a esperança.” 

Pode levar décadas, até séculos, para construir sociedades pacíficas e estáveis. Mas, segundo ele, tudo “pode ser destruído em um instante com políticas e abordagens imprudentes e divisíveis.” 

Para Guterres, os direitos humanos, o respeito ao Estado de direito, o acesso à justiça e oportunidades para todos são os alicerces de sociedades pacíficas. É por isso que a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável é, antes de tudo, uma agenda para a paz. 

As Nações Unidas marcam na próxima segunda-feira, 21 de setembro, o Dia Internacional da Paz. O foco da data deste ano é "Moldar a Paz Juntos". 

Para marcar seu 75º aniversário, as Nações Unidas estão reunindo pessoas para uma conversa global sobre como moldar o nosso futuro e construir a paz em tempos difíceis. 

Em mensagem vídeo sobre o dia, Guterres disse que, nestes dias de distanciamento físico, não há como ficar próximos uns dos outros, mas a humanidade deve permanecer junta pela paz.