“Cadê o doce desse rio cadê? Cadê a vida que corria nele, se foi com o absurdo do homem, se foi com toda a indiferença dele”, provoca Silvia Abelin, em refrão de música intitulada Rio Doce.
A narrativa musical que aborda a morte do rio causada pelo rompimento da barragem em Mariana em novembro de 2015, faz um convite à reflexão sobre como o ser humano se relaciona com a natureza. O single já está disponível em todas as plataformas digitais e ganhou um clipe nesta quinta-feira (10), que pode ser conferido no canal da cantora no YouTube.
De acordo com a compositora, a inspiração para a letra e a música surgiu logo após o desastre ambiental. Desde então, Rio Doce passou a fazer parte do seu repertório, embora não tivesse ainda sido gravada. Agora que está pronta, Silvia reconhece que o momento é favorável para a reflexão que a canção propõe.
“Rio Doce dialoga melhor nesse momento em que estamos. Em virtude da Pandemia, mais pessoas passaram a se conectar com o seu interior, com a natureza, procurando achar o melhor em si. E é isso que a música tenta passar, a mensagem de que podemos ser pessoas melhores”, acredita Silvia Abelin.
Ainda que rompimento da barragem tenha ocorrido há cinco anos, a reflexão que a música propõe é atemporal, já que o homem ainda precisa aprender a se relacionar melhor com a natureza, preservando assim os recursos naturais indispensáveis para a sobrevivência de todas as espécies.
A inspiração
O rompimento da barragem provocada por uma mineradora devastou a fauna e flora da região da cidade de Mariana, tendo afetado várias cidades de Minas Gerais e Espírito Santo até os dias de hoje.
A lama de rejeitos que invadiu o Rio Doce deixou os municípios que eram abastecidos por ele impossibilitados de utilizarem sua água. Várias espécies de peixes, invertebrados, anfíbios, répteis, foram mortas ou por falta de oxigênio no rio ou foram "praticamente cimentadas" pela lama de resíduos.
A narrativa musical de Rio Doce
O tema conta a história do passarinho, representando a natureza, e do homem que se coloca no papel de predador, que extrai, fere e maltrata o meio ambiente. Então a natureza se surpreende com o homem ao salvar esse passarinho que não sabia voar e por devolver a ele a confiança antes roubada. Uma esperança de que a melhor versão do ser humano prevaleça, como diz um trecho falado da canção, inspirado em uma frase de Zack Magiezi, que “as águas do Rio Doce levem a nossa ambição e que os nossos rios levem o sangue e o ódio e ensinem a humanidade a desaguar no amar”.
Tanto a produção do single como a do videoclipe foi à distância durante o isolamento social. A ficha técnica conta com participações de profissionais renomados, como o violonista Guinha Ramires e o percussionista Alexandre Damaria. De Los Angeles, o engenheiro de som Jonathan Maia trabalhou na sonoplastia da música. A gravação foi em Florianópolis, no Jorge Lacerda Studio. O videoclipe tem a direção artística da cineasta Cláudia Aguiyrre.
Veja o clipe - https://youtu.be/EKc3QIrCuPc
Sobre Silvia Abelin
A cantora gaúcha, radicada em Florianópolis, canta profissionalmente há pelo menos 15 anos. Lançou os discos e trabalhos autorais: Passos (2013) produzido em Londres/UK e Porto Alegre, Tanto Tudo (2016) produzido em Florianópolis, com arranjos de Guinha Ramires com quem firmou uma longa parceria musical e Voa Voa Sabia (2019) produzido em São Paulo e Florianópolis.
Silvia foi finalista do Prêmio da Música Catarinense 2016 e 2017, na categoria melhor cantora. No mesmo ano recebeu troféu de melhor trilha sonora original no festival de cinema Fita Crepe de Ouro da Unisul, que também foi selecionado para o Festival Audiovisual Mercosul 21ºFAM 2017.
Além de ser profissional da voz, compositora e produtora artística é apaixonada pelo ensino do canto. Tem em sua formação diversos cursos em pedagogia vocal, Escola de Belas Artes em Piano e musicoterapia (Candeias). É também bacharel em fisioterapia pelo IPA/IMEC e tem mestrado em neurosciências da reabilitação pela Brunel University London que direciona no âmbito da música e saúde.