Brasil / Economia

Atividade industrial se aproxima dos níveis de antes da pandemia

Depois de três meses de recuperação, o faturamento acumulou alta de 34,5%

Foto: Anamul Rezwan/Pexels/Creative Commons
As horas trabalhadas na produção aumentaram 4,5%

A atividade industrial continuou em trajetória de recuperação em julho. Com o novo aumento, os índices de faturamento, horas trabalhadas na produção e utilização da capacidade instalada (UCI) reverteram a maior parte da queda acumulada em março e abril, meses mais críticos da crise, e estão próximos do patamar pré-pandemia. Os dados são dos Indicadores Industriais, da Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O estudo revela que o faturamento real, na série dessazonalizada, aumentou 7,4% em julho, acumulando alta de 34,5% nos últimos três meses. O índice está 1,7% menor que o registrado em fevereiro de 2020, antes da pandemia do novo coronavírus e no acumulado de 2020 até julho apresenta queda de 5% na comparação com o mesmo período de 2019.

As horas trabalhadas na produção aumentaram 4,5%  em julho, na série dessazonalizada. O acumulado de 20,9% na alta das horas trabalhadas nos últimos três meses reverte a maior parte da queda de 23% observada em março e abril. O índice encontra-se 7% abaixo do registrado em fevereiro. No acumulado do ano a queda é de 9% em relação a igual período de 2019.

Movimento semelhante é observado na UCI, que aumentou 2,9 pontos percentuais em julho, chegando a 75,4%, considerando a série livre de efeitos sazonais. O percentual é 3,4 pontos percentuais inferior ao registrado no pré-pandemia, em fevereiro e, na média de 2020 até julho, a UCI é 3,6 pontos percentuais inferior ao mesmo período de 2019.

Já o emprego industrial segue sem reação. Em julho, o indicador ficou próximo da estabilidade, ao registrar queda de apenas 0,2%. A massa salarial e o rendimento médio, por sua vez, caíram na comparação com junho. Em relação a fevereiro, o emprego industrial acumula queda de 3,5% e a massa salarial, de 6,8%.

O rendimento real pago aos trabalhadores da indústria caiu 2,4% em julho, considerando a série dessazonalizada. O resultado reverte parcialmente o crescimento do mês anterior, fruto do fim de parte dos acordos de suspensão e/ou redução de jornada de trabalho e salário. No acumulado do ano de 2020 até julho, o rendimento médio real é 3,6% inferior em relação ao mesmo período de 2019.

A produção industrial teve alta em 12 dos 15 locais analisados pela Pesquisa Industrial Mensal Regional, na passagem de junho para julho. O resultado, divulgado hoje (9) pelo IBGE, reflete a ampliação do movimento de retorno à produção de unidades produtivas, após paralisações por conta dos efeitos causados pela pandemia de Covid-19. A produção industrial nacional cresceu 8% em julho, pelo terceiro mês consecutivo.

As altas mais intensas foram no Ceará (34,5%) e no Espírito Santo (28,3%), mas São Paulo (8,6%), maior parque industrial do país, segue aparecendo como principal influência. A alta paulista pode ser explicada pelo bom desempenho dos setores de alimentos e de veículos automotores. “São setores influentes na indústria paulista. Também o de máquinas e equipamentos apresentou crescimento importante”, explica o gerente da pesquisa, Bernardo Almeida.

Este é o terceiro mês de taxa positiva consecutiva de São Paulo, com ganho acumulado de 32%, “Mas ainda não recuperou o patamar pré-pandemia, estando 6% abaixo do patamar de fevereiro", ressalta Almeida.

Já o resultado positivo no Ceará, nono local em influência no mês, se dá, segundo o analista, muito por conta das altas nas taxas do setor de couro, de artigos de viagens, de calçados e de vestuário. “É a terceira taxa consecutiva positiva para o estado, com 92,5% acumulado, mas ainda abaixo 1% do patamar pré-pandemia”, completa. Já o Espírito Santo soma avanço de 28,6% em dois meses seguidos de crescimento na produção.

Os outros locais com alta acima da média da indústria nacional (8%) em julho foram o Nordeste (17,5%), o Amazonas (14,6%), a Bahia (11,1%), Santa Catarina (10,1%), Pernambuco (9,5%) e Minas Gerais (9,2%). Já o Rio de Janeiro (7,6%), o Rio Grande do Sul (7,0%) e o Pará (2,1%) completam os locais com altas no mês.

Por outro lado, três estados apresentaram recuo. Paraná (-0,3%) e Goiás (-0,3%) tiveram variações negativas, mas o Mato Grosso (-4,2%) teve recuo mais intenso em julho, após dois meses de alta, que acumularam 8,2%.

Comparada a julho de 2019, a produção industrial brasileira teve queda em 8 dos 15 locais pesquisados. Espírito Santo (-13,4%) e Paraná (-9,1%) assinalaram os recuos mais intensos. Pará (-7,5%), Rio Grande do Sul (-7,5%), Bahia (-5,7%), Santa Catarina (-4,9%), Mato Grosso (-4,4%) e São Paulo (-3,3%) completaram o conjunto de locais com queda na produção.

Por outro lado, Pernambuco (17,0%) apontou o avanço mais acentuado. Amazonas (6,0%), Goiás (4,0%), Ceará (2,7%), Minas Gerais (1,5%), Rio de Janeiro (1,0%) e Nordeste (0,9%) mostraram as demais taxas positivas.